Dólar recua mais de 5% em janeiro, mas impacto nos preços agrícolas é limitado

Publicado em 31/01/2019 17:20

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O dólar recuou de forma considerável nesta quinta-feira (31) e chamou a atenção dos mercados para seu efeito, principalmente, entre as commodities. Nas bolsas internacionais, mesmo com a baixa da moeda norte-americana, os futuros da soja, do milho e do trigo negociados na Bolsa de Chicago fecharam também em queda, enquanto em Nova York, liderados pelos futuros do café - que avançaram mais de 3% -, os preços do arábica e do açúcar também subiram, enquanto o algodão e o petróleo também recuaram. 

Somente nesta quinta, a queda foi de 1,77% e a divisa encerrou o dia valendo R$ 3,659, registrando seu patamar mais baixo desde o último dia 26 de outubro. Com essa queda, o dólar termina o primeiro mês do governo de Jair Bolsonaro com uma baixa de 5,6%, como noticia o UOL.

"Se o Brasil der certo, o dólar tem que cair", diz o consultor em agronegócio Ênio Fernandes, da Terra Agronegócios. O executivo explica que este primeiro mês do novo governo foi marcado por uma série de expectativas e que com a abertura do Congresso Nacional nesta sexta-feira, 1º de fevereiro, devem começar ou não a se confirmar. 

Ainda segundo Fernandes, "há muito otimismo em relação às mudanças no Brasil, as declarações do Paulo Guedes são muito pró mercado, e nunca houve tantos ministros falando tão pró mercado como agora. Há um fluxo financeiro enorme esperando para chegar ao Brasil". E como reafirmou o consultor, uma efetiva e profunda reforma da Previdência sendo aprovada é capaz de mudar o Brasil. 

Por ora, tudo ainda no campo das expectativas. 

No cenário internacional, a decisão do Federal Reseve de manter a taxa de juros nos EUA nesta quarta-feira (30) também ajudou a pressionar a moeda americana "A sinalização do Fed deixou parte do mercado bem animada", afirmou Alessandro Faganello, operador de câmbio da Advanced Corretora, à agência de notícias Reuters. 

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Soja

Mesmo neste quadro, o impacto do câmbio sobre os preços de algumas commodities ainda é limitado. A soja é um dos principais exemplos. A queda desta quinta-feira pouco influenciou na movimentação das cotações na Bolsa de Chicago - que terminaram o dia no vermelho, perdendo mais de 4 pontos entre os principais vencimentos - e nos portos do Brasil, as baixas não foram generalizadas. 

Enquanto o terminal de Rio Grande perdeu 1,72% no spot e 1,57% para fevereiro, com preços de, respectivamente, R$ 74,50 e R$ 75,00 por saca, em Paranaguá o disponível recuou somente 0,65% no disponível, para R$ 76,00, e subiu 0,39% no março, para R$ 77,00 por saca. 

"O dólar tem toda essa movimentação, mas os preços da soja não saem do intervalo de US$ 9,00 a US$ 9,50 na Bolsa de Chicago desde agosto", explica Ênio Fernandes. "O dólar foi a US$ 4,20, os preços se mantiveram nesse intervalo, pode ir a R$ 3,50 e eles também vão se manter", completa, explicando que a guerra comercial entre China e os EUA e mais um cenário macroeconômico mundial mais complexo do que se tem enxergado ainda limitam as cotações. 

" No Brasil, a moeda doméstica entra em um “mergulho” de valorização frente ao Dólar Americano, uma vez que as expectativas são positivas com a volta dos trabalhos no Congresso brasileiro, após o longo recesso de fim de ano", explicam os analistas de mercado da ARC Mercosul. "Já não é segredo para nin- guém que o principal gatilho para uma tentativa de reascensão econômica no país seria a aprovação de uma ampla Reforma da Previdência e o con- trole dos gastos públicos. Hoje o mercado do câmbio aposta nesta direção", completam. 

Gráfico Dólar

Gráfico: ARC Mercosul

Café

Em Nova York, a situação é diferente. O impacto do dólar se mostrou muito mais intenso e, somente nesta quinta-feira, os futuros do arábica registraram um rally e subiram mais de 3%, ou 350 pontos, nas posições mais negociadas, testando máximas de 106,20 cents de dólar por libra-peso. 

Como explicou o diretor de trading Rodrigo Costa, em entrevista ao Notícias Agrícolas nesta quinta-feira, o mercado poderia dar continuidade a esse movimento altista, acompanhando, justamente, as oscilações do mercado cambial. E o dólar poderia, portanto, ser o principal agente de mudança nas cotações no mercado internacional. 

"O mercado refletiu a firmeza do real e a fraqueza do dólar americano. Ontem, ocorreu uma reunião do Fed, nos Estados Unidos, onde o tom foi direcionado para uma política monetária ainda expansionista", diz Costa. 

Os produtores brasileiros seguem limitando seus negócios, ainda acompanhando essa tentativa de recuperação dos preços na Bolsa de Nova York, uma vez que os atuais patamares observados no mercado local ainda não atraem os cafeicultores para novas vendas. 

Veja mais detalhes do fechamento do mercado do café nesta quinta-feira, por Jhonatas Simião, e na sequência, a entrevista de Rodrigo Costa na íntegra:

>> Café: Dólar cai quase 2%, Bolsa de Nova York tem rally e sobe mais de 350 pts

>> Mercado do café em NY pode continuar trajetória altista acompanhando oscilações do dólar

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Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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