Petrobras espera obter até US$ 20 bi com a venda de 8 refinarias

Publicado em 28/04/2019 06:27

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras espera obter até 20 bilhões de dólares com a venda de oito ativos de refino em um processo que deve durar um ano e meio para ser concluído, disse uma fonte da empresa à Reuters.

Na noite de sexta-feira, a Petrobras informou que seu Conselho de Administração aprovou novas diretrizes para a gestão do portfólio de ativos da companhia, considerando a venda de oito refinarias, mas sem estimar um valor.

O ajuste no plano de gestão também inclui a venda de rede de postos da Petrobras no Uruguai, além de participação adicional na BR Distribuidora.

“São ativos consolidados, de padrão, e que valem por baixo 15 bilhões. Achamos que valem até 20 bilhões de dólares”, afirmou a fonte, ao comentar sobre as refinarias, situadas em Pernambuco, Paraná (duas unidades), Bahia, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Amazonas e Ceará.

Além de serem ativos importantes para o plano de desinvestimento da empresa, algo fundamental para a companhia reduzir seu elevado endividamento, a venda das refinarias é chave para a Petrobras deixar de ser monopolista no setor.

Com mais operadores de refino, poderia haver maior concorrência no estabelecimento de preços e a Petrobras se livraria de polêmicas relacionadas aos preços dos combustíveis, como a que envolveu recentemente o presidente Jair Bolsonaro.

Segundo a fonte da companhia, que pediu para não ser identificada, a venda equivale a cerca de 50 por cento do atual parque de refino da companhia.

A ideia da empresa é vender os ativos para diferentes grupos de forma a estimular a competição no mercado interno de refino e, consequentemente, na formação de preço final para os derivados de petróleo.

“A ideia é vender pulverizado atendendo a uma recomendação do Cade (órgão antitruste) para gerar mais competitividade no mercado interno”, disse.

Juntas, as refinarias que devem ser negociadas somam capacidade total de 1,1 milhão de barris de petróleo por dia, disse a Petrobras na véspera.

São elas: Abreu e Lima (Rnest), Unidade de Industrialização do Xisto (Six), Refinaria Landulpho Alves (Rlam), Refinaria Gabriel Passos (Regap), Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), Refinaria Isaac Sabbá (Reman) e Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (Lubnor).

Questionada sobre quem estaria interessado, a fonte afirmou que não seriam apenas os chineses os potenciais compradores, mas também distribuidoras, tradings e petroleiras que já são parceiras da Petrobras no pré-sal.

Além de reduzir a dívida, a Petrobras também busca com seu plano de desinvestimento se concentrar no que considera ser o seu principal negócio: a exploração e produção de petróleo e gás.

Em um plano anterior para a área de refino, lançado ano passado, ainda sob outra gestão, a empresa previa a venda de 60 por cento da participação em ativos de refino e logística no Nordeste e Sul do país.[nE6N1R800N]

Pelo plano atual, a empresa continuaria com ativos no Sudeste, principal polo consumidor.

O atual presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, vem defendendo a venda de refinarias inteiras, como parte de um plano de desinvestimentos mais ousado.

A fonte não comentou sobre os valores que podem ser obtidos com a venda de fatia adicional na BR, maior distribuidora de combustíveis do país, na qual a Petrobras detém 71,25 por cento.

Uma outra fonte afirmou à Reuters na sexta-feira que o plano da empresa é reduzir participação na BR para até 40 por cento.

A Petrobras informou nesta semana que, considerando as transações de desinvestimentos assinadas e uma operação concluída, o valor total de alienação de ativos em 2019 já é de 11,3 bilhões de dólares.

Procurada pela Reuters, a Petrobras informou que "estimativas de valor são informações estratégicas em qualquer processo de negociação, dependem da avaliação do vendedor e do apetite do comprador".

"Conforme a Sistemática para Desinvestimentos, valores só são divulgados após a conclusão da operação", afirmou a assessoria de imprensa da estatal.

Governo prepara fim do monopólio da Petrobras no gás para reduzir preço pela metade (na FOLHA)

O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) será o centro do processo de derrubada do preço do gás anunciado pelos ministros Paulo Guedes (Economia) e Bento Albuquerque (Minas e Energia).

Diante de resistências internas da Petrobras, caberá ao órgão de defesa da concorrência abrir negociação com a estatal para a venda de ativosou a liberação de acesso à infraestrutura de transporte do combustível.

A ação do Cade é parte de um movimento organizado em conjunto por diversos setores do governo para tentar quebrar o monopólio da Petrobras e trazer competição ao setor, com o objetivo de promover no país um "choque de energia barata", nas palavras de Guedes.

Estudos iniciais indicam que a redução do preço poderia adicionar à taxa de crescimento do país quase um ponto percentual ao ano e gerar mais de 12 milhões de novos empregos nos próximos dez anos.

Um dos mentores da proposta, o economista Carlos Langoni, diretor do Centro de Economia Mundial da Fundação Getulio Vargas, estima que, ao incentivar a competição, é possível reduzir pela metade o preço do gás natural vendido no país, com impactos positivos na atividade industrial e na conta de luz.

"O que temos no mercado de gás no Brasil é um caso absurdamente clássico de sobreposição de monopólios", afirma Langoni.

"A Petrobras praticamente controla a totalidade da oferta e continua controlando a infraestrutura logística, principalmente os gasodutos. Do lado da distribuição, há monopólios também nos estados."

A ideia é que, em até dois meses, o Cade e a Petrobras apresentem um plano para a venda de ativos no segmento. Em troca, a empresa se livra de processos que apuram práticas anticompetitivas e discriminação na venda de gás.

As conversas iniciais já ocorreram e, a partir de agora, as duas partes devem evoluir para reuniões formais.

Em parceria com a ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis), a área técnica do Cade fará estudos para definir propostas de estímulo à concorrência.

O pacote em gestação inclui ainda outros três pilares: revisão do modelo tributário do setor, incentivo ao uso do gás para geração de energia e novo marco jurídico para a distribuição, para apoiar a figura dos consumidores livres de gás (que podem negociar o produto sem a distribuidora).

O incentivo à competição pela oferta, porém, é visto como essencial para que os planos avancem.

Hoje, empresas privadas são donas de 25% do gás extraído no país —boa parte em campos em parceria com a Petrobras. Sem acesso a dutos, as sócias da estatal preferem lhe vender sua parcela sem competirem pelo mercado.

A Petrobras é dona também das unidades que tratam o gás antes que ele seja injetado na rede e dos terminais de importação do produto por navios. E ocupa a maior parte da capacidade dos grandes gasodutos que transportam o combustível pelo país.

"A gente entende que o aumento da concorrência é que vai trazer um preço mais competitivo", diz o secretário de Petróleo e Gás do MME (Ministério de Minas e Energia), Marcio Félix, ressaltando que há forte alinhamento do governo em torno das propostas.

De acordo com dados do MME, a indústria brasileira paga pelo gás ao menos US$ 13 pelo metro cúbico --mais de quatro vezes o gasto de concorrentes nos Estados Unidos, onde o produto custa pouco mais de US$ 3. Na comparação com a Europa, a indústria brasileira pagou 50% mais caro em 2018.

A promessa de melhores condições para competir com o mercado já seduziu as principais entidades empresariais brasileiras. Em entrevistas sobre o tema, Guedes tem repetido que gás barato e abundante tem potencial para "reindustrializar" o país.

"Esse movimento liderado pelos ministros Paulo Guedes [Economia] e Bento Albuquerque [Minas e Energia] é a agenda positiva que precisamos", diz Paulo Pedrosa, presidente da Abrace.

"A indústria perdeu espaço na economia brasileira, e o Brasil perdeu espaço na economia global. Há convicção no mundo da indústria de que a queda no preço da energia, com maior oferta de gás, pode contribuir para reverter isso e atrair novos investimentos."

A CNI (Confederação Nacional da Indústria) diz que os setores mais beneficiados seriam química, fertilizantes, vidro, cerâmica e metalurgia. "Mas, de modo geral, indústrias que usam gás na cogeração e o próprio setor elétrico seriam impactados", afirma Roberto Wagner, especialista em energia da CNI.

"Caindo o preço, a indústria toda vai reagir", concorda o presidente da Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química), Fernando Figueiredo. O setor reclama que os altos custos minaram a competitividade dos fabricantes nacionais, que perdem terreno para importados.

Figueiredo diz que o gás do pré-sal é rico em etano e, com preços competitivos, pode abrir oportunidade para a construção de dois polos petroquímicos do porte do de Camaçari (BA), que tem capacidade de produzir 12 milhões de toneladas por ano de produtos químicos.

A proposta do governo, porém, enfrenta resistências na própria Petrobras e entre distribuidoras estaduais de gás canalizado, responsáveis por conectar indústrias e residências à rede.

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Fonte:
Reuters/Folha

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2 comentários

  • Isaias Instrumentação Sumaré - SP

    Mais fatos: aqui esta o link para você mesmo confirmar os preços médios de venda praticado pela Petrobrás: http://www.petrobras.com.br/pt/produtos-e-servicos/precos-de-venda-as-distribuidoras/gasolina-e-diesel/

    Veja que são preços alinhados com a maior economia mundial que todos pegam como exemplo; EUA.

    O que tem entre o preço da Petrobras e o bico das bombas dos postos é muito imposto, lucro das revendedoras, frete e lucro dos postos. Quer baixar preço para consumidor...retire a carga abusiva de impostos!!!...

    Como o setor de refino é o elo dentro do sistema Petrobrás que tem menor vaor agregado....quando privatizar.....o preço com toda certeza subirá....semelhante como foi com qualquer privatização!!!

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  • Isaias Instrumentação Sumaré - SP

    Privatização é atestado de incompetência administrativa. Vamos aos fatos: O custo de construção de uma unidade de refino gira ao redor de U$ 40.000,00 por barril processado dia. Valores esses médios ao redor do globo. India com menor preço, seguido de China e valores vão elevando conforme preço de mão de obra e segurança das construções. Com incremento conforme a quantidade e complexidade de unidades na refinaria. Portanto qualquer refinaria media padrão com processamento de 200.000 barris por dia sairia por 8 bilhões de dolar. Por ahi qualquer um já percebe a bagatela e destruição esse desgoverno esta conduzindo. Percebam que as refinarias estão produzindo, portanto o valor presente liquido é a maior.

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    • Mário José Milani e Silva Cacoal - RS

      O custo informado é de uma refinaria nova, qual o custo de manutencao de uma velha?

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