Juros nos EUA: Fed reduz taxa dentro do esperado, e deixa porta aberta para novos cortes

Publicado em 31/07/2019 15:16

LOGO REUTERS

Por Ann Saphir e Jason Lange

WASHINGTON (Reuters) - O Federal Reserve cortou a taxa de juros nesta quarta-feira pela primeira vez desde 2008, citando preocupações sobre a economia global e inflação fraca nos Estados Unidos, e sinalizou disposição para reduzir os custos de empréstimo ainda mais caso seja necessário.

Os mercados financeiros esperavam amplamente o corte de 0,25 ponto percentual, que reduziu a taxa referencial do banco central norte-americano a uma faixa de 2 a 2,25%.

Em um comunicado ao fim de sua reunião de dois dias, o Fed disse que decidiu cortar os juros "em face das implicações de desdobramentos globais para a perspectiva econômica, bem como pressões inflacionárias fracas."

Veja também: Nova taxa de juros colocará Brasil no patamar de pais "civilizado", diz Antonio da Luz

Wall St recua após Powell deprimir expectativa de cortes adicionais de juros

NOVA YORK (Reuters) - Os índices Dow Jones e S&P 500 sofreram nesta quarta-feira a maior queda diária desde o último dia 31 de maio, depois que declarações do chairman do Federal Reserve, Jerome Powell, terem diminuído expectativas de cortes adicionais de juros, após o Fed ter confirmado estimativas e reduzido a taxa básica nesta sessão pela primeira vez em uma década.

O índice Dow Jones caiu 1,23%, a 26.864 pontos, enquanto o S&P 500 perdeu 1,09%, a 2.980 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq recuou 1,19%, a 8.175 pontos.

Os três principais índices de ações dos EUA encerraram a sessão em baixa depois de Powell dizer que o corte de juros desta quarta-feira não foi o começo de um longo ciclo de redução de taxa.

"Meu sentimento é que o que começou a tempestade de fogo foi um comentário de Powell o qual sugeriu que (o Fed) já fez o que tinha de fazer", disse Jim Paulsen, estrategista-chefe de investimentos do The Leuthold Group.

Apesar da liquidação das ações nesta sessão, todos os três índices engataram a segunda alta mensal consecutiva, num mês em que o S&P 500 e o Nasdaq bateram novas máximas históricas.

Investidores esperavam que o Fed cortasse o juro em 25 pontos-base como forma de proteção contra sinais de desaceleração econômica em meio à prolongada guerra comercial EUA-China.

A última rodada de negociações comerciais terminou em Xangai, com os negociadores norte-americanos e chineses concluindo as conversas sem acordo. Ambos os lados consideraram as conversas "construtivas".

As ações da Apple fecharam em alta de 2%, depois que um aumento em negócios com serviços e dispositivos vestíveis mais do que compensaram queda nas vendas do iPhone.

Trump diz que Powell "nos decepcionou" com decisão sobre taxa de juros

WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou que o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, "nos decepcionou" com o corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juros do país nesta quarta-feira, afirmando que o mercado desejava um sinal de que um "ciclo prolongado e agressivo de cortes de juros" estivesse em andamento.

"O que o mercado queria ouvir de Jay Powell e do Federal Reserve era que esse seria o começo de um ciclo prolongado e agressivo de cortes de juros, o que acompanharia China, União Europeia e outros países ao redor do mundo", tuitou Trump algumas horas após o banco central norte-americano divulgar seu mais recente comunicado de política monetária.

"Como de costume, Powell nos decepcionou, mas pelo menos ele está acabando com o aperto quantitativo, que não deveria nem ter começado", acrescentou.

O Federal Reserve cortou as taxas de juros nesta quarta para sustentar a economia contra os riscos, incluindo fraqueza global, mas o chairman do banco central disse não ver a medida como o início de uma longa série de cortes nos juros.

  1. Fed reduz taxa de juros e sinaliza que pode não precisar fazer mais corte

  1. Tela mostra anúncio do Federal Reserve sobre os juros na bolsa de Nova York.

  1. Tela mostra anúncio do Federal Reserve sobre os juros na bolsa de Nova York. 31/07/2019. REUTERS/Brendan McDermid

  1. Por Ann Saphir e Jason Lange

  2. WASHINGTON (Reuters) - O Federal Reserve (Fed) cortou a taxa básica de juros nesta quarta-feira, mas o chairman do banco central norte-americano afirmou que o movimento pode não ser o início de uma campanha prolongada para proteger a economia contra riscos que incluem uma fraqueza da economia global.

  3. Jerome Powell citou sinais de uma desaceleração econômica mundial, destacando tensões comerciais dos Estados Unidos e um desejo de alavancar uma inflação demasiadamente baixa, ao explicar a decisão do banco central de reduzir os custos de empréstimos pela primeira vez desde 2008 e avançar nos planos de parar de reduzir sua massiva carteira de títulos.

  4. "Deixe-me ser claro: este não é o início de uma longa série de cortes de juros", disse Powell em entrevista coletiva após a divulgação do comunicado da decisão de política monetária do Fed. Mas, ao mesmo tempo, Powell afirmou que "não disse que é apenas um corte de juros".

  5. Os mercados financeiros esperavam amplamente o corte de 0,25 ponto percentual, que reduziu a taxa de referência do banco central norte-americano a uma faixa de 2% a 2,25%. Mas muitos operadores aguardavam esclarecimentos a respeito de futuros cortes.

  6. O presidente dos EUA, Donald Trump --que tem repetidamente atacado a política monetária do Fed sob o comando de Powell e exigiu que o banco central realizasse grandes cortes de juros-- afirmou no Twitter que o chairman do Fed "nos decepcionou" por não indicar que um afrouxamento agressivo está a caminho.

  7. Os mercados acionários norte-americanos recuaram durante a coletiva de Powell. O índice S&P 500 fechou o dia em queda de 1,1%. O rendimento dos Treasuries de dois anos --"proxy" das expectativas para os juros de curto prazo nos EUA-- avançou para 1,87%. O índice do dólar saltou a uma máxima em mais de dois anos.

  8. Ken Polcari, diretor-geral da Butcher Joseph Asset Management, disse que a mensagem de Powell "não foi a que o mercado estava esperando ouvir", ainda que a maioria dos operadores esperasse um corte na taxa. "Ele não está fechando a porta, mas também não está dizendo que há um outro corte vindo em setembro, então vamos parar e esperar", afirmou Polcari.

  9. COMUNICADO

  10. Em comunicado ao fim de sua reunião de dois dias, o Fed disse que decidiu cortar os juros "em face das implicações de desdobramentos globais para a perspectiva econômica, bem como pressões inflacionárias fracas."

  11. O Fed disse que continuará a monitorar como as informações que forem chegando afetarão a economia, acrescentando que "agirá conforme apropriado para sustentar" a expansão econômica recorde nos EUA.

  12. A decisão não foi unânime, com os presidentes do Fed de Boston, Eric Rosengren, e de Kansas City, Esther George, defendendo a manutenção da taxa de juros.

  13. Ambos levantaram dúvidas sobre um corte de juros diante da atual expansão, de uma taxa de desemprego que está perto da mínima de 50 anos e de gastos robustos das famílias.

  14. Nas últimas semanas, Powell e outras autoridades do Fed optaram por ficar no meio-termo, sinalizando riscos como a contínua incerteza no front comercial global, inflação baixa e um enfraquecimento da economia global, mas repetindo a visão de que os EUA estão fundamentalmente em um bom lugar.

  15. O Fed disse em seu comunicado que continua a ver o mercado de trabalho como "forte" e acrescentou que os gastos da família "ganharam ritmo." Mas a autoridade notou que o gasto empresarial estava morno.

  16. O Fed disse que o corte de juros deve ajudar a inflação a voltar à meta de 2%, mas que incertezas sobre esta perspectiva permanecem. A expansão sustentada da atividade econômica e um forte mercado de trabalho também são os desfechos mais prováveis, disse o Fed.

  17. Destacando sua decisão de afrouxar a política monetária de forma geral, o Fed também disse que irá parar de enxugar sua carteira de títulos a partir de 1º de agosto, dois meses antes do previsto.

Dólar sobe no Brasil com Fed e impulsiona giro de negócios ao pico desde 2015

SÃO PAULO (Reuters) - Numa quarta-feira de forte volatilidade, o dólar saltou e superou a marca de 3,80 reais, na esteira do expressivo ajuste nos mercados externos após o Federal Reserve indicar que poderá ser conservador em eventuais novas quedas de juros.

"As mudanças no comunicado do Fed vieram mistas, mas levemente 'hawkish' na margem", disseram profissionais do Goldman Sachs. No atual contexto, o termo "hawkish" indica menos disposição do banco central em cortar os juros.

"O Fed pegou o mercado 'de calças curtas'", disse Roberto Motta, responsável pela mesa institucional de futuros da Genial Investimentos.

Investidores correram para corrigir posições, e o resultado foi um dia de disparada no volume de negócios.

O somatório de contratos negociados nos vencimentos de dólar futuro da B3 já superava 761 mil, o que torna esta sessão a mais agitada desde 27 de novembro de 2015, quando 833.037 contratos trocaram de mãos. O giro desta quarta era quase 2,5 vezes o da véspera (310.730 contratos).

O dólar futuro de maior liquidez tinha alta de 0,63%, para 3,8245 reais. Já o dólar à vista fechou com valorização de 0,70%, para 3,8173 reais na venda. É o maior nível para um fechamento desde o último dia 5 (3,8200 reais).

Na máxima, alcançada após o Fed, a cotação spot bateu 3,8244 reais (+0,88%), uma visível reversão ante a queda de 1,11% (para 3,749 reais) da mínima do dia, atingida antes da decisão de juros dos EUA.

O volume de negócios foi turbinado ainda pela definição da Ptax de fim de mês, evento que tradicionalmente adiciona volatilidade ao mercado.

Mas sem dúvida o principal "driver" do mercado foi a sinalização menos "dovish" do Fed. O chairman do BC dos EUA, Jerome Powell, chegou a dizer que o corte de juros desta quarta se tratava apenas de um "ajuste" de meio de ciclo econômico, indicando que poderia ser um movimento isolado. Posteriormente, Powell ponderou que não disse que a redução representaria um ciclo de "apenas" um corte de juros.

No exterior, um índice do dólar bateu o maior patamar desde 2017.

Para Motta, da Genial Investimentos, o mercado de câmbio brasileiro passa neste momento por mudanças estruturais, com saídas persistentes de dólares. Mas no médio prazo poderá ter alívio conforme ingressarem ao país fluxos para investimento direto decorrentes da maior confiança na economia local, na esteira da agenda de reformas.

"No médio prazo, acho possível pensarmos num dólar abaixo de 3,70 reais", afirmou.

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Fonte:
Reuters

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário