Bolsonaro fala em 'ataque frontal' de Maia e critica 'elite política' que vai a evento sem máscara

Publicado em 16/03/2020 12:43 e atualizado em 16/03/2020 14:24
"A elite política pode ir a evento com 1,3 mil pessoas (sem máscaras) e eu não posso chegar perto do povo?"

O presidente Jair Bolsonaro reagiu às críticas feitas pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), após o chefe do Planalto ter participado das manifestações pró-governo no domingo, 15. Bolsonaro foi ao ato, apesar da orientação do Ministério da Saúde para evitar aglomerações de pessoas e da orientação de médicos e auxiliares.

O presidente da Câmara classificou a atitude como um "atentado à saúde pública". Em resposta, Bolsonaro declarou ter sofrido um "ataque frontal" de Rodrigo Maia. E ainda lembrou que o parlamentar, assim como o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), participou de evento no Parque do Ibirapuera com 1,3 mil pessoas.

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"Maia me chamou de irresponsável, fez um ataque frontal. Nunca tratei ele dessa maneira. É um jogo. Desgastar, desgastar, desgastar. Tem gente que está em campanha até hoje para 2022, dando pancada em mim o tempo todo", declarou Bolsonaro em entrevista à Rádio Bandeirantes.

"O (ministro da Saúde, Luiz Henrique) Mandetta esteve em São Paulo com o governador Doria e depois que terminou a entrevista o Doria começa a descer o cacete no governo. A elite política se reuniu em 1,3 mil pessoas na oca do Parque Ibirapuera e eu não posso chegar perto das pessoas na rua."

O presidente da República relatou ainda ter conversado com Rodrigo Maia e dado a receita para o presidente da Câmara reduzir as críticas que recebe. De acordo com Bolsonaro, o parlamentar precisaria começar a trabalhar por pautas que interessam ao conjunto do povo brasileiro. No domingo, Maia foi um dos alvos dos manifestantes.

Anvisa

A Associação dos Servidores da Anvisa (Univisa) afirma ter recebido com "consternação" a notícia de que o diretor-presidente substituto da Anvisa, Antônio Barra, participou no Domingo de manifestações ao lado do presidente Jair Bolsonaro, em Brasília. Em nota divulgada nesta segunda-feira, a Univisa afirma que os dois "descumpriram deliberadamente no dia de ontem as recomendações de segurança estabelecidas pelo Ministério da Saúde para a prevenção da disseminação do novo coronavírus (covid-19)".

Na nota, a associação lembra de todas as recomendações feitas pela própria Anvisa e pelo Ministério da Saúde para mitigar os efeitos da pandemia no Brasil. Segundo os servidores, diante das ações e recomendações, "os colaboradores da Anvisa foram surpreendidos pela mídia, que noticiou a presença do Diretor-Presidente Substituto em evento com aglomeração popular, contrariando algumas das recomendações emitidas pelo Ministério da Saúde".

A Univisa destaca que as autoridades sanitárias são "tomadas como exemplo pela população, e como tal, devem manter uma conduta irrepreensível neste momento de mobilização contra a pandemia". "A inobservância das recomendações de segurança sanitária por parte do Sr. diretor-presidente Substituto durante interação com manifestantes em Brasília no dia de ontem estão em descompasso com os esforços empreendidos pelos trabalhadores da Anvisa", diz a nota. "Por isso, a Univisa vem a público manifestar o descontentamento dos servidores diante dessa situação", completa.

Recomendações

A associação reforça que a população deve se manter alerta e seguir criteriosamente as recomendações feitas pelos agentes de saúde pública, tais como evitar aglomerações e contatos mais próximos com outras pessoas. E para os que já manifestaram sintomas como febre, indisposição e tosse seca, lembra que a recomendação é para cumprir isolamento para evitar a disseminação do vírus. "Reiteramos o compromisso irrestrito dos servidores de carreira da Anvisa no combate à disseminação do novo coronavírus e na defesa do SUS", encerra a nota.

Por meio de sua assessoria, no domingo, a Anvisa informou que o diretor-presidente do órgão recebeu o convite do presidente Bolsonaro para ir ao Palácio do Alvorada e aceitou. Em seguida, ele acompanhou o presidente em ato pró-governo realizado na Esplanada dos Ministérios. Na companhia de Barra, Bolsonaro se aproximou dos manifestantes, fez selfies com o rosto colado ao de populares e tocou nas mãos das pessoas. As atitudes contrariam as orientações dadas pelo Ministério da Saúde à população para controlar a epidemia do coronavírus.

Bolsonaro diz que Maia, Alcolumbre e Doria fazem guerra pelo Poder

O presidente Jair Bolsonaro voltou a dizer nesta segunda-feira (16) que não fez convocação para as manifestações pró-governo ocorridas no domingo. Em entrevista à Rádio Bandeirantes, Bolsonaro disse que seu pronunciamento em rede nacional foi para repensar as manifestações. "Não houve protesto nenhum, eles estavam em grande parte fazendo um movimento pelo Brasil", defendeu.

Apesar de orientar que a população não fosse às ruas em sua fala na televisão, Bolsonaro acompanhou de carro a manifestação ontem no centro de Brasília. Ele chegou a cumprimentar vários apoiadores na frente do Palácio do Planalto, contraindo as orientações médicas de isolamento e as indicações do Ministério da Saúde sobre a pandemia de coronavírus. "Cumprimentei pessoas para mostrar quem está com o povo", disse.

Bolsonaro opinou, contudo, que apesar de preocupante há um "superdimensionamento" e "histeria" em relação à situação do coronavírus. Ele afirmou ainda que não pode cumprir o isolamento "Não posso esperar mais cinco dias para resolver questões importantes", comentou.

Repercussão

O presidente foi criticado por autoridades pela atitude de quebrar o isolamento e ir às ruas, que foi chamada de "atentado à saúde pública" por Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara Já o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), classificou o comportamento como "inconsequente".

Bolsonaro rebateu os comentários questionando o exemplo dado por Alcolumbre, Maia e João Doria (PSDB), governador de São Paulo, ao participar de um evento com 1.300 pessoas. O canal de notícias CNN Brasil realizou no último dia 9, na Oca do Ibirapuera, em São Paulo, a festa de lançamento da emissora com a presença de diversas autoridades, incluindo as citadas por Bolsonaro e também representantes do governo, como o vice-presidente, Hamilton Mourão, e a secretária especial de Cultura, Regina Duarte.

Também estiveram presentes o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, e o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC). Bolsonaro estava no exterior cumprindo agenda nos Estados Unidos. No dia, havia 25 casos confirmados de contaminação pelo novo coronavírus no País - hoje o número passa de 200.

Para Bolsonaro, está em jogo uma disputa política por parte de Maia, Alcolumbre e Doria. "A elite política pode ir a evento com 1,3 mil pessoas e não posso chegar perto do povo?", questionou. O presidente reiterou que não fez um movimento contra o Legislativo ou o Judiciário. "Estamos em uma briga pelo poder, e serei fiel e quase escravo à vontade popular", declarou.

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Fonte:
Estadão Conteúdo

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1 comentário

  • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

    O presidente Bolsonaro tem razão.

    6