"Nós não vamos negociar nada! Chega de patifaria", diz Bolsonaro, em frente ao QG do Exército

Publicado em 19/04/2020 16:12 e atualizado em 20/04/2020 10:01

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro afirmou neste domingo, a uma multidão aglomerada em frente ao QG do Exército em Brasília, que acabou a "época da patifaria" e do que costuma chamar de "velha política".

Vestidas de verde e amarelo, portando bandeiras do Brasil e faixas -- uma delas dizia "Fora Maia", em referência ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), contra quem Bolsonaro abriu fogo direto na última semana --, as pessoas aplaudiam o presidente no Setor Militar Urbano da capital do país enquanto ele, da carroceria de uma caminhonete, chegou a interromper sua fala am alguns momentos para tossir.

"Nós não queremos negociar nada. Nós queremos é ação pelo Brasil. O que tinha de velho ficou para trás, nós temos um novo Brasil pela frente", disse à multidão, que também trazia faixas em defesa de uma intervenção militar.

"Todos, sem exceção no Brasil, têm que ser patriotas e acreditar e fazer a sua parte para que nós possamos colocar o Brasil no lugar de destaque que ele merece", continuou, aplaudido a cada frase pelos manifestantes, que vez ou outra gritavam frases contra o Congresso, o Supremo Tribunal Federa (STF), e também a favor do AI-5, o ato institucional editado durante a ditadura e que marcou o endurecimento do regime.

Nos ataques abertos contra Maia durante a semana, Bolsonaro chegou a afirmar que o presidente da Câmara não age como patriota e sugeriu que sua atuação tenha como objetivo tirá-lo da Presidência da República.

"Acabou a época da patifaria", disse Bolsonaro neste domingo. "Todos no Brasil têm que entender que estão submissos à vontade do povo brasileiro. Tenho certeza que todos nós juramos um dia dar a vida pela pátria. Vamos fazer o que for possível para mudar o destino do Brasil."

O presidente seguiu o discurso, muito aplaudido, e diz que fará "o possível" para mudar o destino do país, garantindo que a população pode contar com ele para fazer "tudo aquilo que for necessário" para manter a democracia e a "nossa liberdade".

"Chega da velha política", disse Bolsonaro.

Bolsonaro: "esses políticos tem de entender que estão submissos à vontade do povo" (Estadão Conteúdo)

  1. Ao discursar de improviso para uma multidão em Brasília, na tarde deste domingo, que se concentrava, em frente ao Quartel General do Exército, no Plano Piloto da Capital Federal, o Presidente Bolsonaro disse que "o que tinha de velho ficou para trás".

  2. --"Temos um novo Brasil pela frente. Patriotas têm que acreditar e fazer sua parte para colocar o Brasil no destaque que ele merece. E acabar com essa patifaria. É o povo no poder. Para garantir a nossa democracia e aquilo que há de mais sagrado em nós, que é a nossa liberdade. Esses políticos têm que entender que estão submissos à vontade do povo brasileiro", afirmou o presidente.


Bolsonaro vem acumulando desgastes com o Congresso e governadores de todo o País por conta do enfrentamento da pandemia do novo coronavírus.

Assim que o presidente chegou ao local, cerca de 200 militares do Exército fizeram um cordão de isolamento. Bolsonaro subiu em uma caminhonete e discursou.

"Eu estou aqui porque acredito em vocês, vocês estão aqui porque acreditam no Brasil. Nós não iremos negociar nada", disse.

Bolsonaro teve que interromper suas falas três vezes porque tossia muito.

O presidente permaneceu próximo aos manifestantes por cerca de 15 minutos, e cumprimentou alguns apoiadores, contrariando orientações de distanciamento social defendidas pelo Ministério da Saúde e pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A maior parte dos apoiadores não usava máscaras de proteção.

Distanciamento

Antes de falar com os manifestantes, o presidente voltou a defender a flexibilização do distanciamento social. "A continuar com o fecha geral não está difícil de saber o que nos espera", escreveu o presidente em sua conta pessoal no Twitter.

Bolsonaro publicou no Twitter a manchete da edição deste domingo do jornal O Estado de S.Paulo, que informou que 91 milhões de brasileiros - o equivalente a 58% da população adulta do País - deixaram de pagar neste mês pelo menos uma das contas referentes ao consumo de março. Como comparação, no mês anterior, antes dos impactos da quarentena, eram 59 milhões (37%) com contas atrasadas - houve, portanto, um salto de 54% no período.

Bolsonaro também almoçou neste domingo na casa do filho e deputado federal, Eduardo Bolsonaro. De lá, o presidente seguiu para o Quartel General do Exército, no Plano Piloto de Brasília, onde uma multidão o esperava.

Discurso de Bolsonaro é 'escalada antidemocrática', dizem políticos

Lideranças políticas criticaram, neste domingo, 19, o discurso do presidente Jair Bolsonaro em uma manifestação que pedia o fechamento do Congresso e intervenção militar em Brasília. Os políticos classificaram como "grave", "incentivo à desobediência" e "escalada antidemocrática" a atitude de Bolsonaro de ir a um protesto antidemocrático e de incentivar a aglomeração de pessoas.

Na tarde deste domingo, o presidente voltou a descumprir as medidas de isolamento social, provocou aglomeração em frente ao Quartel General do Exército, na capital federal, e se dirigiu aos manifestantes do alto de uma caminhonete. "Eu estou aqui porque acredito em vocês, vocês estão aqui porque acreditam no Brasil. Nós não iremos negociar nada", disse, enquanto a multidão pedia o fechamento do Congresso Nacional, a volta do AI-5 e as Forças Armadas nas ruas.

Líder do Podemos no Senado, o senador Álvaro Dias afirmou que a atitude de Bolsonaro é um "estímulo à desobediência". "Fica difícil aceitar essa transferência de responsabilidade para o Congresso do fracasso do governo federal", afirmou o senador. "A atitude de Bolsonaro hoje (com manifestantes) foi grave. É um estímulo à desobediência. O presidente age como se estivesse em um parque de diversões."

O ex-ministro Bruno Araújo, presidente do PSDB, afirmou que Bolsonaro coloca em risco a democracia e desmoraliza a Presidência: "O presidente jurou obedecer à Constituição brasileira. Ao apoiar abertamente um movimento golpista, ele coloca em risco a democracia e desmoraliza o cargo que ocupa. O povo e as instituições brasileiras não aceitarão".

Já Roberto Freire, presidente do Cidadania, classificou a atitude de Bolsonaro como uma "escalada antidemocrática". "O STF e o Congresso devem ficar em posição de alerta. O presidente está se aproveitando da pandemia para articular uma escalada antidemocrática. Além de um ato criminoso contra a saúde pública, foi um crime de responsabilidade apoiar um ato que prega a volta do AI-5 e contra o Congresso e STF."

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que vem travando debates com Bolsonaro desde que determinou medidas de isolamento social para combater o coronavírus, assim como a maior parte dos governadores, chamou de "lamentável" a atuação do presidente neste domingo. "Lamentável que o presidente da República apoie um ato antidemocrático, que afronta a democracia e exalta o AI-5 Repudio também os ataques ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal. O Brasil precisa vencer a pandemia e deve preservar sua democracia."

O AI-5 foi o Ato Institucional mais duro instituído pela repressão militar nos anos de chumbo, em 13 de dezembro de 1968, ao revogar direitos fundamentais e delegar ao presidente da República o direito de cassar mandatos de parlamentares, intervir nos municípios e Estados. Também suspendeu quaisquer garantias constitucionais, como o direito a habeas corpus, e instalou a censura nos meios de comunicação. A partir da medida, a repressão do regime militar recrudesceu.

O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse neste domingo (19) que é "assustador" ver manifestações pela volta do regime militar, após 30 anos de democracia.

Bolsonaro vem acumulando desgastes com o Congresso e governadores de todo o País por causa do enfrentamento do novo coronavírus. O presidente defende um relaxamento do distanciamento social por temer o impacto do isolamento sobre a economia brasileira. Na quinta-feira, 16, o presidente atacou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ao dizer que acha que a intenção do parlamentar é tirá-lo da Presidência.

Em reação às críticas, Maia disse que não entraria numa disputa pública com Bolsonaro: "O presidente não vai ter ataques (de minha parte). Ele joga pedras e o Parlamento vai jogar flores", completou. Neste domingo, seu correligionário, o deputado Efraim Filho (PB), líder do DEM na Câmara, minimizou a participação do presidente da República na manifestação: "É hora de quebrar o retrovisor e pensar no amanhã em diante. Não é hora de trazer para o cenário mais uma crise política. A nação brasileira espera um gesto de paz e diálogo".

Na oposição, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou que vai entrar com uma representação contra Bolsonaro na Procuradoria-Geral da República (PGR). "O senhor presidente da República atravessou o rubicão da tolerância democrática e ofendeu a Constituição em vários aspectos. Ele atentou contra as instituições do Estado democrático de direito e ofendeu inclusive o código penal", declarou.

O PSOL publicou uma nota de repúdio, assinada pelo seu presidente, Juliano Medeiros. "Essa provocação soma-se a outras tantas e comprova que ele não tem mais condições de seguir governando. É preciso que Bolsonaro deixe o poder imediatamente, pelos meios constitucionais disponíveis, para que o Brasil não siga sob as ameaças de um genocida", diz a nota.

Abimaq pede empenho do Senado para aprovar carteira verde e amarela nesta 2ª feira

A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) resolveu engrossar o coro do Ministério da Economia para pressionar o Senado a aprovar, amanhã, segunda-feira, 20, a Medida Provisória (MP) 905 que introduz a carteira profissional verde e amarela.

A MP 905 estava para ser votada na sexta-feira, 17, e, por fim, foi retirada da pauta de votação e transferida para a sessão de segunda-feira. O secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Bruno Bianco, vocalizou a insatisfação da pasta em relação à decisão do Senado e disse que a equipe econômica estaria disposta a negociar com os senadores para que a MP seja aprovada amanhã.

Ontem à noite, o presidente-executivo da Abimaq, José Velloso Dias Cardoso, resolveu aderir aos apelos do secretário Bruno Bianco e do Ministério da Economia, como um todo, e enviou documentos e vídeos a um grupo de senadores pedindo empenho da casa na aprovação da carteira verde e amarelo.

Na lista de destinatários da Abimaq estão o presidente da casa, Davi Alcolumbre, Esperidião Amim, José Serra, Eduardo Braga, Major Olímpio e Mara Gabrilli, entre outros.

"Pedimos empenho dos senhores senadores para a provação da Medida Provisória 905 nesta segunda-feira, 20, último dia antes da sua caducidade", disse o Velloso. Para ele, é muito importante que a carteira verde e amarelo seja aprovada porque ela cria uma nova modalidade de contratação e faz importantes alterações da legislação trabalhista, desonera o empregador e gera novos empregos.

PLP-34

A Abimaq também pediu aos deputados que não aprovem o Projeto e Lei Complementar (PLP) 34, de autoria do deputado Wellington Roberto (PL-PB), que institui o empréstimo compulsório para atender às despesas urgentes provocadas pela situação de calamidade pública relacionada ao coronavírus.

O pedido foi encaminhado ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, ao deputado e ex-ministro da Indústria no governo de Michel Temer, Marcos Pereira, Aguinaldo Ribeiro, Arnaldo Jardim, entre outros.

Se o PLP- 34 for aprovado pela Câmara dos Deputados, ficarão sujeitos ao empréstimo compulsório as pessoas jurídicas com patrimônio líquido igual ou superior a R$ 1 bilhão na data de publicação da lei, de acordo com o seu último demonstrativo contábil.

O governo federal estará autorizado a cobrar dos referidos sujeitos passivos o valor equivalente a até 10% do lucro líquido apurado nos 12 meses anteriores à publicação da lei. Segundo a Abimaq, tais medidas se tornam contraditórias porque diminuem e aumentam a carga tributária dos setores economicamente ativos e produtivos do País.

"Entendemos que o Brasil e o mundo passam por uma severa crise onde um dos maiores problemas é a falta de liquidez do mercado. As empresas estão com dificuldades de capital de giro e de crédito e, portanto, com dificuldades para pagarem salários, imposto, fornecedores e outras despesas. Entendemos que uma medida como esta pode agravar ainda mais a situação. Por isso, pedimos aos deputados que não aprovem esta medida", disse o presidente da Abimaq.

Bolsonaro diz que compensar perdas de Estados custaria mais de R$ 100 bi e não há espaço no Orçamento

Presidente Jair Bolsonaro acena para apoiadores em frente ao Palácio do Planalto

  • BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro reclamou de Estados que cobram do governo federal uma ajuda diante da queda de arrecadação causada pelo isolamento para conter o avanço do coronavírus, afirmou que não há espaço no Orçamento para isso e estimou que os custos dessa compensação superam os 100 bilhões de reais.

Em transmissão ao vivo no Facebook no sábado à noite, o presidente voltou a criticar Estados e municípios que adotaram medidas de isolamento para diminuir a velocidade de contágio, mas admitiu que, segundo decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), essa é uma prerrogativa dos entes federativos. Ainda assim, afirmou que "no que depender" dele, haverá flexibilização das regras de restrição de circulação de pessoas.

"Os Estados perderam sua maior fonte de receita, que é o ICMS. Alguns, aqui, agora querem que o governo pague essa conta", reclamou.

O presidente disse não saber ao total das perdas de arrecadação de Estados e municípios de ICMS e ISS, impostos mais impactados pelo isolamento. Mas fez uma estimativa do rombo.

"Não sabemos quanto vai chegar a conta do ICMS e ISS. Estamos calculando muito acima, muito acima de 100 bilhões de reais. Não tem espaço para isso no Orçamento. Não é 'que se vire o chefe do Executivo'... se aqui nós quebrarmos, quebra o Brasil", afirmou na transmissão da rampa do Palácio do Planalto, onde populares o aguardavam com cânticos religiosos.

A queda da arrecadação de ICMS e ISS tem sido fruto de embates entre governadores, prefeitos e o governo federal. A Câmara dos Deputados chegou a aprovar proposta que determina à União que compense Estados e municípios por essas perdas.

O projeto foi encarado como uma bomba fiscal pela equipe econômica de Bolsonaro e detonou um embate declarada com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a quem o presidente acusou, durante a semana, de agir para desestabilizá-lo. Neste sábado, sem citar nomes, Bolsonaro afirmou que "querem abalar a Presidência da República", acrescentando que "não vão" tirá-lo do cargo.

O presidente já vinha em disputa aberta com governadores e prefeitos.

"Estão fazendo o que bem entendem. Na hora que chegar a conta, não queiram botar aqui. Não é para mim, não, é para o povo brasileiro, porque o dinheiro aqui não é meu, é de imposto do contribuinte", disse o presidente.

O governo trabalha para que o Senado vote um outro projeto no lugar do enviado pela Câmara para ajudar os entes federativos. A ideia seria oferecer uma ajuda, sem passar pela compensação da perda de arrecadação dos tributos. Senadores analisam as possibilidade, mas por ora, encaram a proposta dos deputados mais vantajosas aos Estados, que agonizam para fechar as contas e preveem ainda mais gastos diante da crise do coronavírus.

 

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Fonte:
Reuters/Estadão Conteúdo

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4 comentários

  • FABIO LUIS ANZANELLO GIOCONDO Arapongas - PR

    Bolsonaro refutou fechamento das instituições democráticas, mas colocou claramente que o Brasil não pode parar. É visível pela população o enfoque político e oportunista de governadores que querem o aprofundamento da crise econômica respaldando-se nos (questionáveis) protocolos de saúde.

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  • Elton Szweryda Santos Paulinia - SP

    Bolsonaro comprou a briga dos brasileiros que querem trabalhar, e está em guerra com governadores, deputados, senadores, stf, todos preguiçosos aproveitadores..., reúna todas as forças para continuar assim, presidente..., voce é nossa unica esperança, resista..., o povo trabalhador brasileiro está contigo, são milhoes, e voce fala por eles... Tudo isso esta acontecendo sem um pedido ostensivo ao povo, mas peça se achar necessario..., milhões irão....

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    • Elton Szweryda Santos Paulinia - SP

      Hoje em dia, Marco, se morre de outras coisas, não de apoiar um lider inedito nas 3 ultimas geraçoes, milhoes irão as ruas apouar, voce não iria?

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  • Heber Marim Katuete - PY - PI

    Que palhaçada... Só faltou dizer quantos puns foram soltos... Focar no que interessa... Situação degradável da câmara... Caos econômico... Deixa de lado se ele tossiu... Parece reportagem da Globo...

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  • EDMILSON JOSE ZABOTT PALOTINA - PR

    O Presidente deixou claro o que o Brasil precisa, "Não ter mais negociatas, toma lá da cá com os partidos políticos e empresários... Estes políticos patifes que estão tentando destruir o Brasil . Porque? Querem continuar roubando , fazendo dos brasileiros seus fantoches... Mas esqueceram que o Bolsonaro não é da mesma laia , e a população mudou e está atenta .

    Cabe a nós continuar está pressão sobre o Maia e Alcolumbre ,no resto ! Vão se borrar todos ..cabe agora as entidades de classe organizar movimentos de pressão .

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