Indústria tenta garantir aço para operar após retomada; estão em falta pneus, plástico e papelão

Publicado em 11/10/2020 11:18

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A volta em ritmo acelerado da atividade industrial no País vem causando um descompasso entre a demanda das fábricas e a capacidade de abastecimento dos fornecedores, o que pode conter o vigor da recuperação na reta final do ano.

Embora não haja relatos de interrupções significativas de linhas, a escassez de insumos está se espalhando por cadeias que vão da indústria de vestuário a montadoras e fabricantes de bens de capital. Trata-se de um desequilíbrio considerado circunstancial, mas que pode levar entre dois e três meses para ser completamente solucionado, representando, portanto, uma ameaça às programações, revistas recentemente para cima, de fim de ano.

Há, porém, movimentações para assegurar estoques do principal item em falta na indústria de transformação: o aço. Na quarta-feira, representantes das indústrias de veículos, autopeças, máquinas e eletrodomésticos se reuniram com seus pares do setor siderúrgico para discutir soluções que normalizem mais rápido o abastecimento das cadeias.

Ficou combinado que os clientes vão entregar uma relação dos produtos que mais precisam, tendo em vista os próximos seis meses, para que as usinas siderúrgicas direcionem assim a produção à demanda colocada por eles. Do lado dos setores demandantes de aço, executivos saíram da reunião virtual confiantes de que em um mês e meio não haverá mais escassez, sobretudo porque ouviram de seus interlocutores que a produção dos altos-fornos vem aumentando.

O problema de desabastecimento diminui, mas não se encerra, no entanto, com o casamento entre oferta e demanda de aço. Segundo apurou o Estadão/Broadcast, além de insumos derivados do aço, há falta de componentes básicos - entre eles pneus - em fábricas de caminhões e motocicletas, setores cuja produção foi estimulada, respectivamente, pelo transporte da safra recorde de grãos e pelo boom nos serviços de entrega. Na cadeia de eletrodomésticos, aponta-se insuficiência de peças de plástico, além de papelão.

Junto com a reação de consumo mais forte do que se previa, as cadeias industriais voltaram das paradas forçadas pela pandemia com estoques baixos, o que intensificou uma demanda por insumos que não tem sido plenamente atendida porque os fornecedores não retornam todos na mesma velocidade.

Precaução

Segundo José Velloso, presidente executivo da Abimaq, associação da indústria de máquinas e equipamentos, nenhuma fábrica parou até o momento por falta de componentes. Ele lembra, porém, que algumas empresas sinalizam a possibilidade de suspender setores de fábrica por indisponibilidade de materiais - uma possibilidade também cogitada na indústria de eletrodomésticos.

"Por isso nós chamamos as siderúrgicas. Queremos evitar esse tipo de inconveniente", disse o executivo da Abimaq. Além de Velloso, pela Abimaq, dirigentes da Anfavea, associação das montadoras, do Sindipeças (fornecedores de autopeças) e Eletros (eletroeletrônicos) participaram da reunião.

Apesar da falta de aço apontada por setores industriais, Marco Polo Mello Lopes, presidente do Instituto Aço Brasil, disse que a indústria siderúrgica não demorou para religar altos-fornos e entregou em setembro 13% a mais do que a média mensal do ano passado em aço plano, a linha mais usada por fábricas de automóveis, geladeiras e máquinas, entre outros produtos da indústria de transformação. "Religamos equipamentos e voltamos em agosto ao nível do início do ano em produção de aço bruto. As siderúrgicas estão entregando mais."

Custos

Antecipando em meses uma situação que, pelas previsões feitas no auge da pandemia, só aconteceria no começo do ano que vem, metade dos setores da indústria de transformação voltou aos níveis de produção registrados antes do choque do coronavírus. Mas a escassez de insumos acontece num momento em que industriais também apontam aumentos de custos, decorrentes de reajustes da ordem de 20% a 30% em insumos como aço, plástico e papelão, bem como dos novos esquemas de trabalho, com menos pessoas nas linhas de produção.

 
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
 

Petrobras eleva gasolina em 4% e diesel em 5% a partir de sábado

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RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - A Petrobras informou que elevará os preços médios da gasolina em suas refinarias em 4% a partir do sábado, enquanto o diesel terá aumento de 5%, segundo informações da assessoria de imprensa da estatal nesta sexta-feira.

O reajuste, o primeiro da companhia em outubro, é o terceiro aumento consecutivo da gasolina e o segundo para o diesel desde o final do mês passado.

Com a nova alta, o preço médio da gasolina nas refinarias passa a ser de 1,8140 real por litro, de acordo com dados da Petrobras compilados pela Reuters, enquanto o valor médio do diesel avança para 1,6350 real por litro.

A cotação da gasolina ainda acumula queda de 5,4% frente aos valores praticados no início do ano, mas já opera distante das mínimas registradas em meados de abril, auge das medidas restritivas relacionadas à pandemia de Covid-19 no país, quando o litro chegou a custar menos de 1 real.

Já o valor médio do diesel nas refinarias da estatal apura recuo de cerca de 30% no acumulado de 2020. Nas mínimas do ano, entre o final de abril e medos de maio, o preço do combustível mais utilizado do Brasil girou em torno de 1,30 real por litro.

A Petrobras defende que sua fórmula de preços tem como base a chamada paridade de importação, que leva em conta os preços do petróleo no mercado internacional e o câmbio, entre outros fatores.

Nesta sexta, o petróleo Brent recuava 0,56 dólar, ou 1,29%, a 42,78 dólares por barril, às 14:22 (horário de Brasília), mas ainda assim caminhava para firmes ganhos semanais de quase 10%, após o registro de cortes de oferta causados pela passagem de um furacão pelo Golfo do México e por uma greve de trabalhadores "offshore" na Noruega.

O dólar, enquanto isso, era negociado em torno de 5,53 reais, recuando frente ao real em meio a expectativas por novas medidas de estímulo nos Estados Unidos.

Segundo o analista Ilan Arbetman, da Ativa Investimentos, o reajuste do diesel aproxima o produto da paridade internacional, uma vez que a defasagem local era estimada em cerca de 8% antes do movimento desta sexta.

Para a gasolina, porém, ele calculava um hiato maior em relação ao preço externo, em torno de 12% antes do reajuste.

"Eles (Petrobras) estão mais céleres, e também têm feito os ajustes necessários. Tinha espaço para subir preço, tinha hiato... hoje esse hiato está maior na gasolina e é possível que mais ajustes altistas sejam feitos", afirmou o analista.

O repasse dos reajustes dos combustíveis nas refinarias aos consumidores finais nos postos não é garantido, e depende de uma série de questões, como margem da distribuição e revenda, impostos e adição obrigatória de etanol anidro e biodiesel.

BC e Tesouro anunciam medidas para amenizar pressão sobre financiamento da dívida pública

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SÃO PAULO/BRASÍLIA (Reuters) - O Banco Central e o Tesouro Nacional anunciaram nesta sexta-feira, em ação conjunta, mudanças nos critérios para os leilões de operações compromissadas com títulos públicos e também alterações no cronograma de venda desses papéis ao mercado, em um esforço para reduzir a pressão sobre as condições de financiamento da dívida pública.

Do lado do BC, será aceito apenas montante máximo de 600 bilhões de reais em leilão de rolagem da operação compromissada com vencimento em 29 de outubro de 2020, que tem valor financeiro de retorno estimado em 981 bilhões de reais.

Segundo uma fonte com conhecimento direto do assunto, isso fará com que os preços das compromissadas a cada reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) sejam ajustados para ficar com prêmio menor ou até mesmo sem prêmio em relação à Selic.

A medida também poderá aumentar a demanda por LFTs, títulos públicos pós-fixados atrelados à variação da taxa básica de juros, acrescentou a fonte, em condição de anonimato.

A investida veio após duas reuniões neste mês entre os altos escalões do Tesouro e do BC, sendo a última na noite de quinta-feira. Segundo a Reuters apurou, novas ações combinadas estão na mira da equipe econômica.

Pelo anúncio desta sexta-feira, serão revistas ainda a frequência, os prazos e os montantes dos leilões para a contratação de operações compromissadas com livre movimentação de títulos, mas os leilões de operações compromissadas de um dia útil de prazo seguirão sendo realizados sem alterações, segundo a autoridade monetária.

"A medida visa adaptar os instrumentos de atuação do Banco Central no mercado aberto às mudanças nos condicionantes da demanda por liquidez no mercado de reservas bancárias, que tem se concentrado, por questões conjunturais, em instrumentos de curto prazo", informou o BC em nota.

As alterações nas regras para os leilões de compromissadas vêm num momento em que a demanda por esse instrumento saltou, reflexo da busca do investidor por segurança diante de incertezas no mercado brasileiro, sobretudo de ordem fiscal.

De acordo com a mais recente nota do mercado aberto do BC, as operações compromissadas totalizavam em 31 de agosto 1,589 trilhão de reais, tendo superado a marca de 1,6 trilhão de reais ao longo daquele mês, bem acima do valor de 1,49 trilhão de reais do fim de julho e de 995,7 bilhões de reais em fevereiro, antes da pandemia.

As operações compromissadas são um instrumento por meio do qual o BC compra ou vende títulos públicos do mercado com compromisso de desfazer a operação num período curto de tempo. Dessa forma, a autarquia administra o excesso de liquidez no sistema, a fim de que as taxas de juros estejam no nível determinado pelo Copom. O juro básico está atualmente na mínima histórica de 2% ao ano.

Por serem de curto prazo, as compromissadas dão mais flexibilidade ao agente que opera com o BC, algo desejado especialmente num momento de maior incerteza devido à pandemia e à trajetória da dívida pública.

A maior demanda por compromissadas é o outro lado da moeda da menor procura por títulos públicos em leilões primários do Tesouro Nacional, que tem turbinado os lotes ofertados para financiar as medidas do governo para combate aos efeitos econômicos da pandemia.

O resultado dessa menor procura é a necessidade de encurtamento dos prazos da dívida pública, algo visto como negativo em termos de gerenciamento do passivo, em meio a fortes aumentos de prêmios pagos pelo Tesouro na venda dos papéis.

Mais recentemente, a situação se agravou conforme até mesmo a LFT --título público considerado como o de menor risco no mercado brasileiro-- passou a mostrar rentabilidade negativa, sinal de extrema desconfiança dos agentes econômicos com o rumo fiscal do país.

Em setembro, o índice IMA-S da Anbima --que representa a evolução, a preços de mercado, de uma carteira de LFT-- acumulou queda de 0,27%, o primeiro resultado negativo em 18 anos.

Também no mês passado, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse que a instituição não estava preocupada com risco de que o maior volume de operações compromissadas de curto prazo gerasse desequilíbrio maior, acrescentando que o BC entendia que o instrumento tem demanda cativa.

No fim de agosto, o subsecretário da Dívida Pública, José Franco Morais, reconheceu que havia forte preferência dos agentes financeiros por liquidez, o que explicava os volumes históricos em compromissadas.

TESOURO

Tendo esse movimento em vista, o Tesouro também agiu e anunciou mudanças em seu cronograma de ofertas de títulos.

A partir de 15 de outubro o Tesouro passará a ofertar LFT com vencimento em março de 2022, deixando de disponibilizar o prazo março de 2023.

Além disso, a NTN-B (papel com rentabilidade corrigida pelo IPCA) para maio de 2023 será ofertada em leilões nos dias 20 de outubro, 3 de novembro, 1º de dezembro e 15 de dezembro.

"O BCB e o Tesouro tomaram medidas conjuntas que visam reduzir a atratividade e disponibilidade das compromissadas, criando assim maior incentivo na alocaçao de títulos públicos, principalmente de curto prazo", disse Pedro Barbosa, operador de renda fixa da Renascença.

"Eis a razão para que o Tesouro encurte a oferta de LFT e volte a emitir NTN-B 2023", completou.

Em nota, o Tesouro informou que as alterações estão "alinhadas" com as medidas adotadas pelo BC gerenciamento da liquidez "em função da conjuntura econômica".

"O Tesouro Nacional seguirá acompanhando a evolução das condições de mercado para garantir o bom funcionamento do mercado de títulos públicos e de outros mercados correlatos", completou.

(Com reportagem de Gabriel Ponte e Marcela Ayres)

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Fonte:
Reuters/Estadão Conteúdo

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