Trump quebra silêncio e volta a questionar votos por correspondência da Pensilvânia; haverá recontagem em Wisconsin e Geórgia

Após horas de silêncio, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump voltou se manifestar nas redes sociais sobre o resultado da eleição norte-americana, com vitória do democrata Joe Biden. No post, disse que há histórico de fraudes no processo eleitoral do País.
Em sua conta no Twitter, Trump falou que é necessário olhar os votos, e que o estágio de tabulação estaria apenas começando. "Estamos vendo uma série de declarações de que houve fraude eleitoral. Temos neste país uma história de problemas eleitorais", disse.
O atual presidente dos Estados Unidos disse também que há um processo em andamento na Pensilvânia, no qual a Justiça já havia obrigado a separação das cédulas recebidas após o prazo legislativo, e falou que é necessário verificar como as cédulas foram autenticadas. "É necessária a intervenção do ministro Alito. Esse é um grande grupo de cédulas".
Trump afirmou, ainda, que está preocupado com o fato de ter uma grande quantidade de votos por correspondência em cidades como Filadélfia e Detroit. "E o que me preocupa é que tivemos mais de cem milhões de votos por correspondência em cidades como a Filadélfia e Detroit com uma longa série de problemas eleitorais".
A recontagem é certa em pelo menos dois Estados: Wisconsin e Geórgia

"Todos nós sabemos por que Joe Biden está se apressando em fingir que é o vencedor e por que seus aliados da mídia estão se esforçando tanto para ajudá-lo: eles não querem que a verdade seja exposta", escreveu Trump em um comunicado na página de sua campanha.
"Joe Biden não foi certificado como o vencedor de nenhum Estado, muito menos de nenhum dos Estados contestados onde haverá recontagens obrigatórias, nem Estados onde nossa campanha tem ações legais válidas e legítimas que podem determinar a vitória final", afirmou o presidente.
Trump montou uma equipe de advogados para entrar com medidas judiciais no Arizona, em Michigan, Pensilvânia e Nevada. Relatos de assessores da Casa Branca indicam que o presidente estaria furioso com seus advogados, exigindo mais ação e resultados. A campanha republicana pretende atrair juristas de peso para uma batalha legal em múltiplos Estados.
A recontagem é certa em pelo menos dois: Wisconsin e Geórgia - mas não em razão de uma vitória de Trump nos tribunais. Em ambos, a diferença foi menor que 0,5 ponto porcentual, o que automaticamente dispara a recontagem. A Pensilvânia também tem o mesmo mecanismo, mas a diferença vem aumentando e deve ultrapassar o mínimo estabelecido por lei para uma nova apuração
Após o anúncio da vitória de Biden, alguns aliados prestaram solidariedade ao presidente. "Alguns republicanos estão prontos para jogar a toalha e lutar em uma futura eleição", disse o deputado Matt Gaetz. "Mas não há futuro para o Partido Republicano se não lutarmos por Donald Trump neste momento crítico."
Além das ações legais, os republicanos estudam outras formas de impedir a presidência de Biden. Parte dos aliados de Trump, capitaneados pelo apresentador Sean Hannity, pelo advogado Mark Levin e pelo estrategista Seteve Bannon, defendeu nos últimos dias que o próximo passo seja dado pelos Congressos estaduais.
Em muitos Estados, o poder Legislativo é dominado pelos republicanos. Pela Constituição, são eles que devem designar os 538 representantes que se reunirão para votar, no dia 14 de dezembro, no colégio eleitoral. Historicamente, o poder dos congressistas foi sempre repassado para os eleitores. Agora, o que Bannon e Levin defendem é que eles retomem o poder de indicar esses eleitores, ignorando o vencedor nas urnas.
Há também entre os aliados do presidente quem defenda que ele permaneça como uma força política dentro do Partido Republicano. Com milhões de seguidores nas redes sociais e ponta de lança de um movimento de fiéis que ele criou, Trump seria porta-voz dos conservadores no governo Biden - e novamente o favorito para ser candidato do partido em 2024.
Normalmente, um ex-presidente americano, ao se aposentar, adota uma abordagem discreta, aparecendo pouco e atrapalhando o menos possível o sucessor. Trump faria o oposto.
O que pode atrapalhar os planos do presidente é a Justiça. Ele é alvo de investigações criminais e civis nos níveis federal e estadual e vinha usando a imunidade do cargo para não prestar depoimento e entregar documentos. O passo mais radical de Trump, um dos mais comentados em Washington, seria evitar o risco legal perdoando a si mesmo.
Outra possibilidade seria renunciar para que seu substituto, Mike Pence, o perdoasse preventivamente. No entanto, o perdão presidencial só pode ser usado para crimes federais.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Bolsonaro ignora vitória de Biden "e Brasil fica isolado", opina o Estadão

De acordo com fontes do Planalto, Bolsonaro reagiu com "tranquilidade" ao resultado e reforçou que vai esperar um "quadro concreto" para se pronunciar. Ainda segundo integrantes do governo, o presidente considerava qualquer pronunciamento "uma afobação" e iria aguardar o término dos processos judiciais movidos por Trump - que não reconhece a derrota e contesta o resultado alegando, sem provas, fraudes no processo eleitoral.
O comportamento de Bolsonaro segue recomendações de sua assessoria para o cenário de vitória com margem apertada de votos e a contestação judicial por parte do aliado, o republicano Donald Trump. Esse era o conselho dado ao presidente nesta hipótese. Havia uma preocupação de evitar o que poderia ser considerado uma precipitação na comunicação virtual.
Conforme apurou o Estadão, caso Bolsonaro decidisse romper o silêncio, a Presidência estaria pronta para fazer contato com o vencedor. Porém, não está descartado que Bolsonaro se manifeste apenas via Twitter. O chefe do Executivo também pode determinar que o contato seja feito pelo embaixador brasileiro nos Estados Unidos, Nestor Forster.
Imprensa
Integrantes do Planalto argumentam que nenhum Estado encerrou oficialmente a apuração, e, portanto, a vitória do democrata está sendo declarada pela imprensa. O silêncio de Bolsonaro, no entanto, não estava atrelado a uma expectativa de reviravolta nas urnas, mas a uma "prudência" de que a imprensa, alvo frequente de Trump e de Bolsonaro, tenha errado. A militância bolsonarista seguia reproduzindo que há fraude no processo eleitoral, o que não tem respaldo das autoridades americanas.
O silêncio de Bolsonaro contrasta com o estilo do presidente, que costuma usar as redes sociais para rebater ou felicitar adversários. Foi o que ocorreu, por exemplo, em 30 de setembro, quando Biden fez críticas à preservação da Amazônia e ameaçou com sanções econômicas o governo brasileiro. Bolsonaro não demorou a responder ao democrata nas redes.
Ontem, embora não tenha reconhecido a vitória de Biden, o presidente brasileiro se manteve ativo nas redes sociais. Nos perfis oficiais, comentou o envio de militares em socorro ao apagão no Amapá. Fez, ainda, uma live surpresa nas redes. Durante a transmissão, que durou 30 minutos, além de ignorar a eleição americana, disse que não decidiu se vai tentar a reeleição em 2022, pediu a apoiadores para que não desperdicem o voto nas eleições para prefeito e vereador no País, marcadas para 15 de novembro, e lamentou que a América do Sul esteja sendo "pintada de vermelho". Hoje, Luis Arce, apoiado pelo ex-presidente Evo Morales, toma posse como presidente da Bolívia
"É um apelo que eu faço. Votem. O pior voto é aquele que é neutro, que é nulo, que é branco. O voto é muito importante. E vocês estão vendo as questões no mundo, como está a política no mundo", disse Bolsonaro, que também pediu votos a candidatos alinhados a ele.
O Estadão entrou em contato com o Ministério das Relações Exteriores e o Palácio do Planalto sobre o resultado das eleições nos EUA, mas o governo não se pronunciou.
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), foi uma das primeiras autoridades do Brasil a reconhecer o triunfo do democrata. "A vitória de Joe Biden restaura os valores da democracia verdadeiramente liberal, que preza pelos direitos humanos, individuais e das minorias", publicou Maia, minutos após o anúncio pela imprensa dos Estados Unidos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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