Ibovespa caminha para melhor desempenho mensal desde 1999; dólar em baixa recorde

Publicado em 27/11/2020 15:54 e atualizado em 29/11/2020 17:02

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Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa caminhava para a quarta semana consecutiva de valorização, o que deve resultar na maior alta mensal desde o final de 1999, beneficiado pelo noticiário favorável sobre uma vacina contra o Covid-19, além de fluxo de capital externo e rotação em portfólios para ações de valor e cíclicas.

Nas últimas semanas, o aumento de casos de coronavírus na Europa e Estados Unidos acabou sendo ofuscando por sinais promissores sobre a eficácia das vacinas, entre elas a da Pfizer, desenvolvida em parceria com a BioNTech, que pode ser aprovada pelo órgão regulador norte-americano ainda neste ano.

"O principal ponto que embasa esse otimismo foi o avanço das principais vacinas da Covid-19 com níveis de eficiência maiores, trazendo alívios para os mercados globais", destacou o sócio e líder de renda variável na BlueTrade, Abner Gonçalves.

Ainda no cenário externo, o começo da transição de governo nos Estados Unidos trouxe alívio, assim como agradaram as primeiras informações ventiladas sobre a potencial equipe de Joe Biden, com destaque para a chance de que a ex-chair do Federal Reserve Janet Yellen comande o Tesouro norte-americano.

"Trump começa a admitir a vitória de Biden, e o próprio Biden que trazia um certo receio inicialmente já adotou um discurso bem conservador essa semana, o que fez os índices de volatilidade voltarem para os patamares pré-pandemia em níveis bem estáveis" acrescentou Gonçalves.

A bolsa brasileira ainda foi beneficiada pela entrada de estrangeiros no mercado secundário de ações, acompanhando o movimento de outros emergentes, com dados da B3 mostrando saldo líquido de cerca de 30 bilhões de reais em novembro até o dia 25, o que ajudou a reduzir o déficit para 53 bilhões de reais no ano.

Estrategistas também apontaram uma rotação nos portfólios de ações para papéis de empresas de 'valor' e 'cíclicas', com maior peso no Ibovespa, em detrimento de ações de 'crescimento', como as de tecnologia, como mais um componente para a forte recuperação, após acumular perdas nos três meses anteriores.

Além disso, a temporada de resultados das empresas brasileiras do terceiro trimestre mostrou dados melhores do que o esperado por muitos analistas, endossando avaliações de que o pior dos efeitos da pandemia de Covid-19 nas companhias do país ficou para trás.

Nesta sexta-feira, o Ibovespa sobe 0,77%, a 111.078,73 pontos, acumulando alta de 4,75% na semana e valorização de 18,2% no mês. Este ganho mensal, se mantido, será o maior desde a alta de 24% em dezembro de 1999. No ano, porém, ainda mostra declínio de quase 4%.

Maiores baixas do Ibovespa no dia

Maiores altas do Ibovespa no dia

O índice Small Caps avançava 0,33%, a 2.669,68 pontos, com acréscimo de quase 5% na semana e alta de 18,6% no mês, enquanto, em 2020, ainda mostra desempenho negativo de 6%.

O volume negociado no pregão nesta sexta-feira somava 19,3 bilhões de reais.

DESTAQUES DO IBOVESPA DO ACUMULADO DO MÊS:

- PETRORIO avança 67%, tendo como principal gatilho da forte valorização o anúncio de que comprou fatias da britânica BP em dois blocos no pré-sal, em uma rara transação na região altamente produtiva, por 100 milhões de dólares, o que tornará a companhia brasileira operadora dos ativos.

- AZUL PN sobe 63,7% e GOL PN mostra alta de 47,6%, em meio ao sentimento mais positivo relacionado ao desenvolvimento de uma vacina contra o coronavírus, uma vez que o setor foi um dos mais afetados pela pandemia, com ambas as companhias reportando recuperação da demanda e oferta de voos. No ano, elas ainda contabilizam perda de 36,7% e 37%, respectivamente.

- CVC BRASIL ON valoriza-se 46,8%, também na esteira das apostas atreladas a uma vacina contra o Covid-19, na esperança de que desencadeie uma retomada no setor de turismo. A companhia também concluiu neste mês a reestruturação de 1,5 bilhão de reais e divulgou resultados revisados.

- FLEURY ON cai 1,8%, com alguns analistas ainda enxergando incertezas para o cenário de recuperação em termos de demanda e retornos estruturais após várias novas iniciativas de receita, principalmente quando os testes de Covid-19 desaparecerem, embora o resultado do terceiro trimestre conhecido no começo do mês tenha sinalizado que a demanda está se recuperando rapidamente.

- MAGAZINE LUIZA ON recua 2,4 %, em meio ao movimento de realização de lucros nos papéis associados ao comércio eletrônico, que acumularam fortes altas. No ano, esse papel ainda contabiliza uma elevação de quase 102%.

Veja o comportamento dos principais índices setoriais na B3 no acumulado do mês:

- Índice financeiro: +19,7%

- Índice de consumo: +11,3%

- Índice de Energia Elétrica: +10,9%

- Índice de materiais básicos: +14,15%

- Índice do setor industrial: +12,4%

- Índice imobiliário: +20,50%

- Índice de utilidade pública: +11,4%.

Dólar emenda 2ª semana de queda e caminha para baixa recorde para novembro

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SÃO PAULO (Reuters) - O dólar terminou em leve baixa ante o real nesta sexta-feira, ao fim de uma sessão em que alternou ganhos e perdas, em novo dia de fraqueza geral da divisa norte-americana diante de nova rodada de busca por risco respaldada na confiança na recuperação econômica global.

O dólar à vista caiu 0,19%, a 5,3261 reais na venda, após oscilar entre 5,381 reais (+0,84%) e 5,3209 reais (-0,29%).

Na semana, a cotação recuou 1,13%, engatando a segunda semana consecutiva de retração. Em novembro, o dólar cede 7,18% a caminho da maior queda mensal para o mês já registrada, mas ainda sobe 32,72% em 2020.

Na B3, o contrato de dólar futuro de prazo mais curto --que expira na próxima terça-feira-- caía 0,11%, a 5,3310 reais, às 17h27. O dólar futuro para janeiro 2021 --que será a referência ao longo de dezembro-- cedia 0,16%, a 5,3330 reais.

No exterior, o dólar caía 0,26%, para mínimas em quase três meses.

Apesar do vaivém ao longo da sessão, o sentimento positivo do mercado prevaleceu, sobretudo por causa de drivers externos, como progressos no desenvolvimento de vacinas para a Covid-19, sinais de retomada na economia chinesa, contínua alta nos preços das commodities e expectativa de farta liquidez nos EUA sob o governo Joe Biden.

"Uma perspectiva otimista sobre o avanço do mercado mundial de commodities dará sustentação adicional à economia brasileira", disse o DailyForex em nota. "A sequência descendente da retração de Fibonacci pode forçar uma ruptura do dólar abaixo de sua zona de suporte entre 5,2229 reais e 5,2850 reais. A próxima zona de suporte está entre 5,0151 reais e 5,0830 reais", completaram.

A alta das matérias-primas melhora os termos de troca do Brasil e beneficia o real, já que o país é exportador desses insumos. As commodities estão nas máximas desde o começo de março.

Depois de um período quebrada, a correlação entre o real e as matérias-primas voltou a ficar positiva, indicativo de que um contínuo movimento de alta nas commodities --num cenário de retomada global da economia e de sobra de liquidez-- pode alavancar também a moeda brasileira.

A despeito das avaliações de maneira geral favoráveis, alguns bancos ainda carregam cenário mais pessimista para o câmbio. O Société Générale, por exemplo, vê o dólar em alta de 8,90% ante o real de hoje até o fim de 2021, prevendo taxa de câmbio de 5,80 reais ao término do ano que vem. A cotação deverá fechar o primeiro trimestre de 2021 em 5,70 reais, nas contas do banco francês, que vê a América Latina com performance inferior a outras regiões.

"O ciclo de baixa de longo prazo nas moedas emergentes não acabou", disseram analistas do banco em relatório de cenários. "Os principais riscos negativos para as moedas de mercados emergentes são uma recuperação menos poderosa do crescimento do que a que está nos preços dos mercados e uma correção no euro", concluíram.

A cena doméstica, com foco no fiscal, segue no radar do mercado, com ruídos inclusive entre figuras centrais da equipe econômica. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o ministro da Economia, Paulo Guedes, negaram ter qualquer divergência após declarações recentes do ministro.

Em entrevista ao SBT exibida na noite de quinta, Campos Neto repetiu que o BC está pronto para atuar no câmbio se houver disfuncionalidade no mercado no final do ano, em meio a fluxos relacionados ao desmonte de posições de "overhedge" ou de saída de recursos de estatais voltados a compra de ativos no exterior.

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Fonte:
Reuters

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