Bolsonaro volta a colocar em dúvida o sistema eleitoral de urnas eletrônicas, e pede voto impresso

Publicado em 29/11/2020 18:15 e atualizado em 30/11/2020 05:44

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RIO DE JANEIRO (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro elevou o tom das críticas da votação eletrônica no Brasil e mais uma vez colocada em dúvida a lisura do modelo usado pelo Brasil.

Em entrevista a jornalistas após votar no segundo turno da eleição municipal do Rio de Janeiro, Bolsonaro disse que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) precisa ser mais claro e transparente na consolidação dos dados das atualizações.

O presidente defendeu mais um vez o voto impresso para garantir a integridade e lisura do processo eleitoral brasileiro.

“Você tem que ter uma forma mais confiável para votar e a apuração tem que ser pública; não pode ter meia dúzia de pessoas para contar os votos do Brasil todo; isso está errado ”, disse ele ao se referir a chamada sala cofre do TSE, onde se relaciona as pessoas com acesso a linha dos votos.

Eleito várias vezes deputado federal pelo sistema de urnas eletrônicas, Bolsonaro afirmou que em 2018, quando foi eleito presidente, havia suspeitas de irregularidades nas urnas e na apuração. Em março, o presidente disse que apresentaria em breve provas de irregularidades das anteriores de dois anos atrás, mas até hoje não fez isso.

“Tem que ter voto impresso e ninguém bota a mão do papel ... qualquer delegado ou presidente de partido poderia pedir a recontagem área e aí você ter um comprovação do voto eletrônico com o voto no papel”, defendeu.

“É pedir muito fazer isso? Quem não quer entender isso não sei o que pensa sobre democracia ”, acrescentou.

"Queremos confirmar o digital com o papel e muitos podem isso e o boletim de urna o TSE tem obrigação de entregar, isso em nome da transparência por que temos que buscar uma maneira de tirar da cabeça do povo a dúvida de possíveis fraudes nas anteriores", finalizou.

Ao ser instado um comentário como declarações de Bolsonaro, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que "não se pode misturar o voto impresso com o ocorrido no primeiro turno" --referindo-se ao atraso de cerca de três horas na totalização dos votos em urna eletrônica em razão de uma falha no carregamento do sistema de contabilização da Justiça Eleitoral.

"Essa mistura acaba gerando uma insegurança no sistema que é muito seguro. Eu, por exemplo, fui sempre defensor de uma amostragem do voto impresso, mas tratar desse assunto agora significa colocar em xeque um sistema que tem dado certo e que é muito seguro. Eu, por enquanto, acho que esse assunto não deveria estar na pauta do meu ponto de vista, apesar de sempre ter defendido alguma amostragem de voto impresso no Brasil ", disse Maia, que também votou no Rio.

Ninguém no governo está na marca do pênalti, diz Bolsonaro

RIO DE JANEIRO (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro disse neste domingo ninguém no seu governo está na “marca do pênalti“ após especulações nos últimos dias envolvendo ministros.

“Lá (em Brasília) por enquanto não tem ninguém na marca do pênalti não. Não tem ninguém na marca do pênalti, está ok? ”, Disse Bolsonaro quando questionado pela Reuters.

“Há três semanas vocês (da imprensa) demitiram o Heleno e botaram na embaixada da França. Heleno veio falar ... 'logo na França? Bota em Bahamas '“, acrescentou Bolsonaro, referindo-se ao ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). O presidente francês, Emmanuel Macron, é desafeto de Bolsonaro.

Durante a última semana, o ministro da Economia, Paulo Guedes, andou divergindo do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sobre o ritmo das reformas anteriores. Antes, os atritos eram com uma ala do governo que seria favorável a uma flexibilização dos custos e a possibilidade de se furar o teto de gastos.

Bolsonaro reiterou que Guedes é quem toma conta de 98% da economia e ele, como presidente apenas 2%.

“A economia esta na mão dele e é ele que decide como a Teresa Cristina decide uma pecuária e agricultura“, disse o presidente a jornalistas. Ele ainda fez elogios a Campos Neto.

Ao ser questionado se o auxílio emergencial poderia ser estendido para 2021, outro ponto de debate dentro do governo, Bolsonaro disse que “isso é com a Economia”. No entanto, deu um sentido que não há espaço fiscal para um prolongamento da ajuda.

“O auxilio foi endividamento mais de 700 bilhões de reais ... o Brasil aguenta outra dessa? É como comprar fiado no botequim ... chega uma hora se você não paga o cara não vende mais pra você ”, completou.

Bolsonaro ainda criticou uma ameaça feita por alguns governantes de recuos na flexibilização da quarentena após um recrudescimento da Covid-19 no país.

“Se fechar tudo novamente não sei como podemos reagir.”.

Após fala de Bolsonaro, Barroso rechaça possibilidade de retorno do voto impresso no Brasil

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, afirmou neste domingo que o Supremo Tribunal Federal (STF) já decidiu que é inconstitucional a adoção novamente do voto impresso no país e destacou que a iniciativa, se adotada, "representaria um risco real" para o sigilo do voto.

"Objetivamente não existe hoje no Brasil a possibilidade do voto impresso", disse Barroso em resposta a um questionamento feito em entrevista coletiva de balanço das alterações que citou defesa feita pelo presidente Jair Bolsonaro dessa forma de votação.

"Portanto, respeitando a opinião do presidente, o voto impresso traria grande tumulto ao processo eleitoral brasileiro porque todo candidato derrotado iria pedir recontagem, impugnações e judicialização do processo eleitoral", acrescentou.

O presidente do TSE citou que a reimplantação do voto impresso teria ainda um custo de 2 bilhões de reais.

Mais cedo, o Bolsonaro havia defendido novamente o voto impresso para garantir a integridade e lisura do processo eleitoral brasileiro. “Você tem que ter uma forma mais confiável para votar e a apuração tem que ser pública; não pode ter meia dúzia de pessoas para contar os votos do Brasil todo; isso está errado ”, disse ele ao se referir a chamada sala cofre do TSE, onde se relaciona as pessoas com acesso a linha dos votos.

Eleito várias vezes deputado federal pelo sistema de urnas eletrônicas, Bolsonaro afirmou que em 2018, quando foi eleito presidente, havia suspeitas de irregularidades nas urnas e na apuração. Em março, o presidente disse que apresentaria em breve provas de irregularidades das anteriores de dois anos atrás, mas até hoje não fez isso.

IMAGINÁRIO

Na coletiva, após ser questionado sobre falas de fraude do sistema Bolsonaro, Barroso reafirmou que não há essa possibilidade no atual sistema.

"Agora, eu não tenho controle sobre o imaginário das pessoas. Tem gente que diz que a terra é plana, que o homem não chegou na Lua, tem gente que acha que o Trump venceu como legal nos Estados Unidos. Esse é o imaginário sobre o qual eu não tenho poder ", disse.

"Não há objetivamente forma de você fraudar sem que seja detectado. Não há nenhuma perda de credibilidade. Sistema está aí desde 1996", reforçou.

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Fonte:
Reuters

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1 comentário

  • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

    A apuração secreta já é em si uma fraude!!!. Se o povo não tem como participar da contagem dos votos, não existe republica nem democracia. Barroso devia ser preso por crimes contra a ordem juridica.

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    • Elvio Zanini Sinop - MT

      O voto tem que ser impresso; pergunto: quando vc passa cartão de crédito, a maquininha te dá um comprovante...; já o

      eleitor, fica com qual prova ???

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    • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

      Esse Barroso é tão vagabundo que diz que voltarmos a ter a legitimação da eleição pelo escrutínio dos votos é um retrocesso... Retrocesso foi essa picaretagem imposta aos brasileiros, urnas eletronicas que não podem ser auditadas pelo povo.

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    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      Sr. ELVIO ... BOA PERGUNTA: ... ELEITOR, FICA COM QUE PROVA??? ... ... Será que a posse da prova muda alguma coisa? ... Desde quando o eleitor vota no "MENOS PIOR"!!!... ... Veja no caso de São Paulo ... COVAS X BOULOS ... É PRA ACABA !!!

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    • Geraldo Emanuel Prizon Coromandel - MG

      Barroso subverte a fala do Presidente, quando ele (Presidente) fala em voto impresso sem abolir a urna eletrônica.. e bastaria ter simplesmente um comprovante impresso do voto..., que sequer o eleitor poria a mão, iria diretamente para a caixa da urna, após conferência do eleitor.

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    • Hilario Bussolaro Cascavel - PR

      O que me deixa irritado é ver os comentários de vcs e constatar que umas "desgraças" negativam as narrativas, sendo que só queremos o voto auxiliar impresso ... se são tão corretos, tao honestos, o que custa fazer isso pra ter a prova real??? ora...

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