Esquerda sai derrotada na maioria das cidades; Covas e Boulos perdem para os não-votos

Publicado em 29/11/2020 18:35 e atualizado em 30/11/2020 09:34
Somando-se as abstenções, brancos e nulos chega-se a um total de 3.649.457 não votos. Covas conseguiu 3.169.121 votos; Boulos teve 2.168.109 votos

2.o turno mostra centro-direita forte e PT fora das capitais (Reuters):

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(Reuters) - O segundo turno das alterações municipais deste domingo divulgado um fortalecimento de partidos de centro e centro-direita e um desempenho irregular da esquerda em geral, mas particularmente ruim do PT, que fica fora do comando de qualquer capital pela primeira vez desde que alteram as alterações diretas para essas cidades.

Em 1985, na primeira eleição direta para prefeitos de capitais após o fim da ditadura, o PT, que havia sido criado cinco anos antes, conquistou Fortaleza, na sua estreia em cidades importantes. Desde então, os petistas comandaram São Paulo três vezes e estiveram à frente de várias outras grandes capitais, como Belo Horizonte, Recife e Porto Alegre.

Em São Paulo, o prefeito Bruno Covas confirmou o favoritismo e foi reeleito, derrotando Guilherme Boulos (PSOL). Apesar da derrota, Boulos é possivelmente a liderança de esquerda que sai mais fortalecida dessa eleição.

Dando um tom nacional em seu discurso após ser reeleito, Covas disse que São Paulo não quer "confronto" e que a cidade não quer negacionismo.

"É possível fazer política sem ódio, é possível fazer política falando a verdade", disse.

No Rio, as pesquisas também se confirmaram e o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM) ganhou com folga, impedindo a reeleição do prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), um dos vários candidatos apoiados pelo presidente Jair Bolsonaro que deu mal no pleito.

Para o cientista político e professor do Insper Carlos Melo, o segundo turno confirmou as expectativas do primeiro, tendo como vencedores: DEM, PP, PSD e PSDB, este último por conta de São Paulo. 

Já o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), aliado de Paes, avalia ser difícil dizer que Bolsonaro tenha saído derrotado, ao menos no pleito do Rio de Janeiro.

“Não é uma derrota do Bolsonaro, é uma vitória do prefeito que sempre cuidou da cidade contra um que não cuidou, não tem nada a ver com eleição nacional", disse Maia.

Mais importante do que isso, o presidente da Câmara acha difícil fazer alguma ligação entre os resultados de agora com a eleição presidencial de 2022.

“O DEM sai mais forte, mas 2022 ainda está muito longe. Eleição municipal tem pouca relação com a eleição nacional, apenas uma vinculação da eleição de vereadores com deputados mas o resto é uma questão de construção política para cada um dos campos políticos ”, acrescentou.

Ao votar no Rio de Janeiro, Bolsonaro, por sua vez, voltou a defender o voto impresso e colocar em dúvida o sistema das urnas eletrônicas.

“Você tem que ter uma forma mais confiável para votar e a apuração tem que ser pública; não pode ter meia dúzia de pessoas para contar os votos do Brasil todo; isso está errado ”, disse Bolsonaro ao se referir a chamada sala cofre do TSE, onde lê pessoas tem acesso a consolidada dos votos.

“Tem que ter voto impresso e ninguém bota a mão do papel ... qualquer delegado ou presidente de partido poderia pedir a recontagem área e aí você ter um comprovação do voto eletrônico com o voto no papel”, defendeu.

Apesar das repetidas reclamações de Bolsonaro, nunca houve denúncias fundamentadas de fraude contra o sistema de urnas eletrônicas desde sua implementação.

À noite, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, afirmou que o Supremo Tribunal Federal (STF) já decidiu que é inconstitucional a adoção novamente do voto impresso no país.

"Objetivamente não existe hoje no Brasil a possibilidade do voto impresso", disse Barroso sobre as declarações de Bolsonaro.

"Portanto, respeitando a opinião do presidente, o voto impresso traria grande tumulto ao processo eleitoral brasileiro porque todo candidato derrotado iria pedir recontagem, impugnações e judicialização do processo eleitoral", acrescentou.

Sem o atraso ocorrido devido a problemas de totalização de votos no primeiro turno, a apuração ocorreu normalmente neste domingo e rapidamente foram definidos os prefeitos eleitos.

Presidente do MDB no Rio Grande do Sul acusa Ibope de 'manipular dados' (em O Antagonista)

Sebastião Melo (MDB) venceu Manuela D’Ávila (PCdoB) com uma margem considerável de votos neste segundo turno em Porto Alegre.

Como registramos há pouco, na pesquisa de véspera, o Ibope dava 51% dos votos válidos a Manuela e 49% a Melo. Na votação, Melo ficou nove pontos à frente (54,63% x 45,37%) –diferença, além de favorável ao emedebista, bem superior à margem de erro de três pontos.

O presidente estadual do MDB, deputado federal Alceu Moreira, escreveu no Twitter:

“A quem serve o Ibope no Rio Grande do Sul? Para quem trabalha manipulando dados na véspera eleição após eleição?”

No primeiro turno, aliás, o Ibope da véspera dava Manuela liderando com 40% dos votos válidos — ela acabou com 28,99%, em segundo lugar, com 11 pontos a menos, portanto.

São Paulo, Covas é reeleito 

Com 93,68% das urnas apuradas, Bruno Covas (59,45%) obtém mais um mandato à frente da Prefeitura de São Paulo. A sua votação foi muito maior do que projetavam as pesquisas.

Brancos e nulos somam mais de 13%. A abastenção supera 31%, totalizando 44% de votos não computados.

Boulos já cumprimentou Covas pela reeleição em São Paulo.

Derrotado por uma diferença de quase 1 milhão de votos, Guilherme Boulos fez um rápido pronunciamento neste domingo, 29, em sua casa, após reconhecer a vitória do atual prefeito Bruno Covas (PSDB).

“A gente vai ganhar, a gente vai vencer. Não foi nesta eleição, mas a gente vai vencer”, disse o psolista, que cumpre quarentena por estar com Covid-19.

Doria

João Doria agora deve capitalizar a vitória, depois de ter se escondido durante a campanha, por causa do alto grau de rejeição que ele tem na capital paulista.

O governador precisava da vitória de Covas para entrar de cabeça na corrida presidencial de 2022.

Abstenção vence em Campinas

Em Campinas, a maior cidade do Estado, a abstenção foi recorde; com brancos e nulos, os votos não válidos superaram 63%.

O candidato vencedor, Dario Saadi recebeu 57%, dos votos, contra Rafa Zimbaldo, que ficou com 42,9%.

O não candidato (O Antagonista)

Somados os 273.216 votos brancos (4,39%), os 607.062 nulos (9,76%) e a abstenção de 2.769.179 eleitores paulistanos (30,81%), chega-se a um total de 3.649.457 não votos.

É mais que os 3.169.121 votos recebidos pelo prefeito reeleito, Bruno Covas, que disputou com Guilherme Boulos (2.168.109 votos).

As restrições por causa da pandemia pesaram, claro, mas o cenário serve de alerta para partidos e políticos que estão aí, vencedores ou derrotados. (Claudio Dantas, de O Antagonista)

Guti, do PSD, é reeleito prefeito de Guarulhos, derrotando Pietá (do PT)

O atual prefeito de Guarulhos, Guti (PSD) está matematicamente reeleito para o comando da cidade. Com 93,49% das urnas apuradas, ele tem 57,02% dos votos válidos, contra 42,98% do candidato petista Elói Pietá, do PT.

Pela primeira vez, PT não elege nenhum prefeito nas capitais

Pela primeira vez, PT não elege nenhum prefeito nas capitais
 

Com as derrotas de Marília Arraes no Recife e de João Coser em Vitória, o PT não elegeu nenhum prefeito nas capitais brasileiras pela primeira vez desde que foi fundado, em 1980 —é o maior fiasco da história do partido em eleições municipais.

Em 2004, quando Lula estava na metade de seu primeiro mandato na Presidência, os petistas fizeram nove prefeitos de capitais, recorde da legenda.

Candidatos de outros partidos apoiados pelo ex-presidiário no segundo turno em 2020 também naufragaram, como Manuela D’Ávila, do PC do B, em Porto Alegre e o psolista Guilherme Boulos em São Paulo.

Em Porto Alegre, Sebastião Melo derrota Manuela do PCdoB

Sebastião Melo, do MDB, é o novo prefeito de Porto Alegre.

Com 90,45% das seções totalizadas, o deputado estadual tem 54,31% dos votos válidos, ante 45,69% de Manuela D’Ávila, do PC do B. A vantagem é impossível de reverter com os votos que ainda têm de ser computados. 

O MDB no Rio Grande do Sul é comandado pelo deputado federal Alceu Moreira, atual presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária. Melo teve na coligação DEM, Cidadania, Democracia Cristã, PRTB, PTC e Solidariedade.

Em Recife João Campos é eleito. PT fica sem capitais

João Campos (PSB) será o prefeito de Recife pelos próximos quatro anos.

Com 91,65% das urnas apuradas, ele tem 56,01% dos votos válidos e está matematicamente eleito.

Marília Arraes (PT) aparece com 43,99%.

As pesquisas vinham indicando que a disputa seria voto a voto, o que não se confirmou.

João Campos tem 27 anos e é filho do ex-governador Eduardo Campos, morto em acidente aéreo na campanha presidencial de 2014. Era o candidato da situação — o PSB comanda Recife e o governo local há anos.

Eduardo Paes volta à Prefeitura do Rio

Com 87% das urnas apuradas, Eduardo Paes está matematicamente eleito com 64,41% dos votos, contra 35,59% para Marcelo Crivella. 

Nulos e brancos somam 18,72%. 

Paes terá um vice do PL. O partido, antigo PR, desistiu da candidatura do Cabo Daciolo, candidato ao Planalto em 2018 pelo Patriota, e emplacou o vice de Paes, Nilton Cadeira, um dos fundadores do partido ainda comandado por Valdemar Costa Neto.
 

Duarte Nogueira, do PSDB, é reeleito em Ribeirão Preto

Duarte Nogueira (PSDB) terá mais quatro anos na prefeitura de Ribeirão Preto. O tucano teve 63,16% dos votos computados, vencendo ex-reitora da USP Suely Vilela (PSB) que ficou com 36,84%.

O sepultamento do PT no Acre (O Antagonista)

O Acre, que até pouco tempo atrás era comandado pelo PT dos irmãos Viana, confirmou nestas eleições municipais uma posição anti-esquerda.

O candidato petista no primeiro turno na capital, o deputado estadual no segundo mandato Daniel Zen (PT), ficou somente em quinto lugar, com 4,01% dos votos válidos.

Agora, no segundo turno em Rio Branco, segundo as pesquisas de intenções de voto, a atual prefeita, Socorro Neri (PSB), que recebeu o apoio do PT, aparece bem atrás do favorito, Tião Bocalom (PP), que já foi prefeito do município de Acrelândia por dois mandatos e tem como vice a mulher do senador Sérgio Petecão (PSD).

Na semana passada, vendo a real possiblidade de Bocalom vencer, Jair Bolsonaro gravou um vídeo declarando apoio a ele. “Neste segundo turno, estamos juntos aí, boa sorte”.

Ex-ministro de Dilma perde eleição na 2ª maior cidade gaúcha

O ex-deputado federal petista Pepe Vargas, que ocupou o Ministério do Desenvolvimento Agrário na gestão de Dilma Rousseff, foi derrotado na disputa pela prefeitura de Caxias do Sul.

Vargas, que foi prefeito da segunda maior cidade gaúcha entre 1997 e 2005, foi derrotado pelo vereador Adiló Didomenico. O tucano obteve 59,84% dos votos, ante 40,16% do petista.

Em S. Luis, Maranhão, Brade derrota candidato de Flávio Dino  (PCdoB)

O deputado federal Eduardo Braide (Podemos) está eleito prefeito de São Luís, em uma derrota para o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB).

Com 95,56% das urnas apuradas, Braide tem 55,87% dos votos válidos. Duarte Júnior (Republicanos) aparece com 44,13%. As pesquisas vinham indicando vitória do deputado federal.

Em 2016, quando também tentou ser prefeito da capital, Braide ficou em segundo lugar. Ele é oposição a Flávio Dino. Conseguiu o apoio do PSD, do deputado federal Edilázio Junior, e do PSDB, do senador Roberto Rocha.

No primeiro turno, a base do governador comunista rachou em quatro em candidaturas e Dino preferiu fazer cara de paisagem, não apoiando nem mesmo o nome de seu partido, o deputado federal Rubens Júnior, que ficou apenas em quarto lugar, com 10,58% dos votos válidos. Na reta final, Dino fez campanha maciça por Duarte Júnior (Republicanos), deputado estadual mais bem votado da história da capital maranhense.

Joinville: Adriano Silva será o único prefeito do Novo no país

Adriano Silva, do Partido Novo, foi eleito neste domingo prefeito de Joinville.

Com 100% das urnas apuradas, Adriano teve 55,43%, ante 44,57% de Darci de Matos.

Joinville será o único município administrado pelo Novo em todo o país.

MDB ganha em cinco capitais neste 2º turno e lidera ranking

O MDB foi o grande vencedor neste segundo turno nas capitais.

O partido venceu com Arthur Henrique (Boa Vista), Emanuel Pinheiro (Cuiabá), Maguito Vilela (Goiânia), Sebastião Melo (Porto Alegre) e Dr. Pessoa (Teresina).

Não à toa, Baleia Rossi, presidente nacional do MDB, falou em “grande vitória”.

Edmilson Rodrigues (PSOL), que montou uma ampla aliança de esquerda, está eleito prefeito de Belém

Ele derrotou, neste segundo turno, o candidato Delegado Eguchi (Patriota), que foi apoiado por Jair Bolsonaro.

Edmilson Rodrigues é deputado federal e já comandou a capital paraense por dois mandatos consecutivos quando era filiado ao PT, partido que agora indicou o vice na chapa: o ex-deputado estadual Edilson Moura.

Com 98,56% das urnas apuradas, o psolista tem 51,76% dos votos válidos. Eguchi aparece com 48,24%. As pesquisas de intenção de voto mostravam uma diferença maior entre os dois.

No Twitter, Dilma ameaça: 'voltaremos!'

Dilma Rousseff, aquela, comentou neste domingo (29) um tuíte de uma seguidora que dizia “Saudades do PT destruindo minha vida”.

“Voltaremos!”, ameaçou a petista.

"E vocês aí achando que 2020 tinha esgotado o repertório de desgraças possíveis".(O Antagonista).

O 2º turno mostrou que o PT perdeu, Gleisi (O Antagonista)

A deputada federal Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, foi ao Twitter dizer que “o 2º turno mostrou que a esquerda sabe lutar”.

“Nosso desempenho nas grandes cidades e a unidade que construímos em tantas delas confirma que temos uma alternativa para o Brasil. Parabéns à militância pela garra, num cenário tão difícil”, acrescentou.

Gleisi, o segundo turno mostrou que o PT perdeu. (O Antagonista).

"O pêndulo da política veio para o centro"

O deputado Marcelo Ramos (PL), um dos candidatos à sucessão de Rodrigo Maia, comentou no Twitter o resultado do segundo turno das eleições municipais:

“Encerradas as eleições municipais, perderam os extremistas, os caricatos e os que negam a política. O pêndulo da política veio para o centro.”

“Resta ao centro afastar-se do fisiologismo e construir uma plataforma moderada para o país. Isso pode construir um caminho pro futuro.”

Eleições 2020: índice de abstenção é o maior da história

O segundo turno das eleições municipais registrou uma taxa de abstenção de 29,47%, o maior da história, segundo informou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). No primeiro turno, o percentual havia sido de 23,14%.

Neste domingo, em São Paulo, a taxa de abstenções chegou a 30,81%. Já no Rio de Janeiro, o índice foi de 35,5%.

É muita gente.

Veja os prefeitos eleitos nas principais capitais:

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(Reuters) - Eleitores de 57 municípios foram às urnas neste domingo para definir prefeitos em votação de segundo turno.

Veja os prefeitos eleitos e os que já incorporados definidos no primeiro turno nas 10 principais capitais do país:

SÃO PAULO

Bruno Covas (PSDB) (reeleito) - 59,4%

Guilherme Boulos (PSOL) - 40,6%;

RIO DE JANEIRO

Eduardo Paes (DEM) - 64,1%

Marcelo Crivella (Republicanos), atual prefeito - 35,9%;

RECIFE

João Campos (PSB) - 56,3%

Marília Arraes (PT) - 43,7%;

FORTALEZA

José Sarto (PDT) - 51,7%

Capitão Wagner (Pros) - 48,3%;

PORTO ALEGRE

Sebastião Melo (MDB) - 54,6%

Manuela D'Ávila (PCdoB) - 45,4%;

BELÉM

Edmilson Rodrigues (PSOL) - 51,8%

Delegado Federal Eguchi (Patriota) - 48,2%;

CUIABÁ

Emanuel Pinheiro (MDB) (reeleito) - 51,1%

Abílio Brunini (Podemos) - 48,9%;

BELO HORIZONTE

Alexandre Kalil (PSD) (reeleito) - definido em primeiro;

SALVADOR

Bruno Reis (DEM) (eleito) - definido em primeiro turno;

CURITIBA

Rafael Greca (DEM) (reeleito) - definido em primeiro turno.

 
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Fonte:
Reuters/O Antagonista

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