Dólar tem leve queda ante real em dia de baixa liquidez; mercado aguarda atos do 7 de Setembro
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Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em leve queda contra o real nesta segunda-feira, que contou com volumes atipicamente baixos devido a feriado nos Estados Unidos, enquanto os investidores domésticos se preparavam para manifestações convocadas pelo presidente Jair Bolsonaro para o dia 7 de setembro, terça-feira.
O dólar spot caiu 0,14%, a 5,1764 reais na venda. Na B3, em que os negócios ultrapassam o horário de fechamento do mercado à vista, o dólar futuro caía 0,45%, a 5,1925 reais.
Levando em consideração o clima político tenso no Brasil, que tenderia a elevar a busca pela segurança do dólar, o movimento desta segunda-feira foi "atípico", disse à Reuters Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.
Isso por causa da liquidez "absolutamente reduzida" como consequência de feriado nos Estados Unidos, explicou Bergallo, lembrando também que na terça-feira os mercados brasileiros ficam fechados devido ao Dia da Independência.
"Sem a praça de Nova York hoje e sem a praça de São Paulo amanhã, é normal ver movimento atípico, apesar da cautela dos investidores sobre o que pode acontecer (nas manifestações de) terça-feira."
O presidente Jair Bolsonaro tem apostado suas fichas em atos convocados para o 7 de Setembro, como uma demonstração de força e apoio popular, num momento em que tensiona cada vez a relação com o Poder Judiciário, especialmente os ministros Alexandre de Mores e Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), alvos de ataques constantes do presidente.
Bolsonaro participará pela manhã desta terça-feira de manifestação em Brasília, onde discursará e poderá ter a seu lado alguns de seus ministros, e promete vir a São Paulo à tarde, para participar pessoalmente de ato marcado na Avenida Paulista.
Vários participantes do mercado têm expressado receios sobre o que o dia 7 de setembro poderá representar para o clima político doméstico, em momento que ainda conta com sinais de arrefecimento do crescimento econômico e fragilidade das contas públicas locais.
"Esta será mais uma semana em que a pauta econômica deve ficar em segundo plano, na espera de novas negociações políticas", escreveram analistas da Levante Investimentos em nota. "As manifestações, nesse sentido, não auxiliam a ala econômica, na medida em que devem colocar ainda mais ruído entre os Poderes no curto prazo."
Para Bergallo, da FB Capital, a semana "só começa de fato" na quarta-feira, quando o mercado começar a digerir os acontecimentos de terça. Além disso, os investidores devem seguir de olho no desempenho mundial do dólar, que foi prejudicado recentemente por dados de emprego piores do que o esperado nos Estados Unidos.
Falando sobre as perspectivas para a moeda daqui para frente, ele acrescentou que acha "difícil o dólar se manter sustentado com a taxa Selic disparando", dizendo ainda que acredita que IPOs na bolsa paulista podem atrair recursos para o Brasil e fornecer suporte ao real.
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