Reuters: Congresso aprova mudanças no orçamento secreto; Lewandowski diz que fatos novos devem ser considerados no STF
![]()
BRASÍLIA (Reuters) -O Congresso Nacional aprovou nesta sexta-feira projeto de resolução para redistribuir os recursos das emendas de relator conforme o tamanho das bancadas partidárias da Câmara e do Senado, e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski afirmou que os fatos novos devem ser levados em conta no julgamento da corte sobre o chamado orçamento secreto.
Em entrevista ao lado do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), Lewandowski disse que "certamente" a aprovação da resolução será alvo de análise na retomada do julgamento da legalidade das emendas do relator pelo STF na segunda-feira.
"A resolução é um fato novo, e no direito os fatos novos devem ser considerados, a meu ver", afirmou o ministro, que foi ao Senado para entregar o anteprojeto de uma nova Lei do Impeachment. Ele presidiu uma comissão especial do Senado para revisar a legislação atual do assunto.
"Já tive a oportunidade de me manifestar ontem (quinta-feira), ao ler o ofício do presidente do Senado, que muito daquilo que estava proposto nesta resolução de certa maneira atendia às preocupações que foram ventiladas pelos ministros ao longo do julgamento", acrescentou.
O comentário de Lewandowski ocorre em meio ao julgamento no STF que discute a legalidade das emendas de relator, diante de questionamentos sobre a sua transparência e falta de critérios sobre a distribuição da verba.
O julgamento do STF tem cinco votos a favor para barrar o orçamento secreto e quatro para mantê-lo, mas fazendo alterações para aumentar a transparência e adotar critérios de distribuição. O Supremo deve concluir a apreciação do caso na segunda-feira, justamente com os votos de Lewandowski e do decano do STF, Gilmar Mendes.
A sessão do Congresso para votar o projeto de resolução, de maneira extraordinária, numa sexta-feira, é atípica porque tradicionalmente as votações ocorrem de terça a quinta. A votação da proposta ocorreu tanto de forma presencial quanto remota, medida que acabou sendo adotada durante a pandemia para facilitar a votação dos parlamentares.
A maioria dos partidos orientou e votou a favor do projeto, casos do PT, do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, e do PL, do presidente Jair Bolsonaro.
O senador Renan Calheiros (MDB-AL) disse que a votação do projeto era um "escárnio" e afirmou que conhece a posição contrária de Lula contra as emendas de relator. Durante a campanha ele chegou a falar contra o mecanismo, mas depois tanto Lula quanto aliados modularam suas manifestações.
"Acho que é uma incoerência brutal do PT, eu conheço a posição do presidente Lula, é contrária à constitucionalidade do RP-9", disse Renan.
Durante a votação do projeto, o senador Alessandro Vieira (PSDB-SE) criticou a votação da medida e anunciou que vai recorrer à Justiça para anular os efeitos dela ao argumentar que a proposta mantém a lógica do orçamento secreto.
Duas emendas que propunham mudanças ao parecer do senador Marcelo Castro (MDB-PI) foram rejeitadas. O texto segue para a promulgação das Mesas Diretoras da Câmara e do Senado e não depende de sanção ou veto do presidente da República.
ARTICULAÇÃO
A articulação da votação do projeto de resolução foi encabeçada pelos presidentes do Senado e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
A discussão sobre o orçamento secreto pelo Supremo e pelo Congresso poderá mudar a correlação de forças entre Executivo e Legislativo e, no momento, é apontada nos bastidores como um dos fatores para a votação da PEC da Transição.
Em entrevista após a sessão do Congresso, Pacheco disse que o projeto aprovado é bom para o aprimoramento das emendas de relator.
"Quando se fala de impessoalidade, o mínimo para a saúde, educação e ação social, são métodos e mecanismos que aprimoram o instituto, isso é uma atribuição do Congresso Nacional", disse.
"Caberá ao STF uma análise jurídica e constitucional, mas considero que o projeto de resolução aprimora para melhor um instituto de prerrogativa parlamentar que, no fundo, interessa aos entes federados", reforçou.
Segundo Pacheco, a depender da decisão do Supremo, se houver algo mais que o Congresso possa fazer, ele fará para melhorar o expediente.
(Reportagem de Ricardo BritoEdição de Alexandre Caverni e Pedro Fonseca)
0 comentário
Wall Street cai conforme nervosismo sobre financiamento de IA pressiona ações de tecnologia
Ibovespa fecha em queda com nova correção tendo juros e eleição no radar
Dólar sobe pela quarta sessão e supera R$5,50 sob influência do cenário eleitoral
Índice STOXX 600 fecha estável com persistência de preocupações sobre valuations de tecnologia
STF forma maioria contra marco temporal para demarcação de terras indígenas
Brasil tem fluxo cambial positivo de US$3,108 bi em dezembro até dia 12, diz BC