Vendas no varejo do Brasil frustram expectativas e ficam estáveis em junho
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Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier
SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) -O varejo no Brasil decepcionou e registrou estabilidade das vendas em junho em comparação com o mês anterior, para encerrar o segundo trimestre com perda de ritmo em meio às pressões da política monetária restritiva.
O resultado do mês frustrou a expectativa em pesquisa da Reuters, de avanço de 0,4%, e deixa o comércio varejista do país 3,3% abaixo do pico da série (outubro de 2020), ainda que 3,0% acima do patamar pré-pandemia (fevereiro de 2020).
Os dados divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram ainda alta de 1,3% na comparação com o mesmo mês do ano anterior, contra expectativa de avanço de 0,35%..
No primeiro semestre, o setor acumula ganho de 1,3% em relação ao igual período de 2022, de acordo com o IBGE, mas mostra forte perda de força ao fechar o segundo trimestre com queda de 0,2% sobre os três meses anteriores, de uma alta de 1,9% no primeiro trimestre.
"O primeiro semestre fecha em alta muito por conta do crescimento concentrado em janeiro, quando foi de 4,1%. Depois de janeiro, os resultados são mais tímidos, com variações mais próximas a 0%”, explicou o gerente da pesquisa, Cristiano Santos, acrescentando que janeiro foi um ponto fora da curva.
A piora das condições de crédito com os juros altos vem impactando o setor varejista, mesmo com medidas de transferência de renda do governo e algum arrefecimento da inflação.
"A perda de fôlego no segundo trimestre se deve ao acesso ao crédito. Os juros altos têm segurado o avanço do comércio nos últimos meses. (Eles) afetam o consumo de bens de maior valor", disse Santos.
O Banco Central cortou na semana passada a taxa básica Selic em 0,5 ponto percentual, a 13,25% ao ano, nível que ainda dificulta a oferta de crédito e afeta o varejo, principalmente no que se refere a bens de maior valor agregado.
Entre as oito atividades pesquisadas, em junho tiveram crescimento Tecidos, vestuário e calçados (1,4%), Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (1,3%), Livros, jornais, revistas e papelaria (1,2%) e Móveis e eletrodomésticos (0,8%).
Na ponta negativa ficaram Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-3,7%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-0,9%), Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (-0,7%) e Combustíveis e lubrificantes (-0,6%).
O comércio varejista ampliado, por sua vez, apresentou aumento de 1,2% na comparação mensal, com destaque para a alta de 8,5% nas vendas de veículos, motos, partes e peças, compensando a queda de 0,3% em material de construção graças ao programa de incentivo à venda de carros do governo.
"Fica claro que a política de incentivo setorial feita pelo governo para tentar dinamizar o conjunto da economia não logrou o sucesso desejado, uma vez que a indústria, que possui maior relevância no PIB, mais encadeamento e gera melhores empregos, pouco foi afetada, enquanto o comércio ... acabou colhendo o grosso dos benefícios do programa", destacou em nota Matheus Pizzani, economista da CM Capital.
(Edição de Fabrício de Castro e Pedro Fonseca)
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