Taxas futuras de juros sobem no Brasil com redução das apostas de corte de juros nos EUA em março
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos contratos futuros de juros fecharam em alta nesta sexta-feira no Brasil, na esteira do avanço dos rendimentos dos Treasuries, após dados fortes do mercado de trabalho norte-americano abrirem espaço para a redução das apostas de que o início do ciclo de corte de juros nos EUA será em março de 2024.
A principal expectativa dos investidores durante a semana girava em torno da divulgação dos dados do relatório de empregos payroll nesta sexta-feira.
Divulgado às 10h30, o relatório mostrou que cerca de 199.000 empregos foram criados fora do setor agrícola no mês passado. O resultado ficou acima dos 180.000 empregos projetados por economistas ouvidos pela Reuters. Os dados de outubro não foram revisados e seguiram mostrando a criação de 150.000 empregos.
Os números acima do projetado reduziram o ímpeto mais recente dos investidores em relação à política monetária dos EUA e, com isso, os rendimentos dos Treasuries reagiram em alta.
“O mercado abandonou um pouco a tese de corte de juros pelo Fed em março”, disse o diretor da consultoria Wagner Investimentos, José Faria Júnior. “Os Treasuries voltaram para a taxa de equilíbrio de curto prazo. Houve uma reação importante -- 10 pontos-base (para o título de dez anos) não é pouco -- porque aparentemente o mercado de trabalho dos EUA não é tão fraco”, acrescentou.
O payroll fez com que a precificação do corte de 0,25 ponto percentual de juros pelo Fed em março caísse de 65% de chances na quinta-feira para 50% de chances nesta sexta-feira, de acordo com a ferramenta FedWatch do grupo CME.
No Brasil, a alta dos yields serviu de estímulo para o avanço das taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros). Ainda assim a elevação das taxas foi contida tanto no Brasil quanto nos EUA.
“Os (rendimentos dos) Treasuries voltaram para os níveis da semana passada. O payroll acabou, na verdade, estancando o rali (de queda) mais recente”, afirmou Faria Júnior.
Passado o payroll, as atenções se voltam agora para a divulgação do índice de inflação ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA e do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do Brasil, ambos na próxima terça-feira. Além disso, os bancos centrais dos EUA e do Brasil anunciam na quarta-feira suas decisões sobre juros.
Perto do fechamento desta sexta-feira a curva a termo no Brasil precificava em 100% as chances de o corte da taxa básica Selic na próxima semana ser de 0,50 ponto percentual, como vem sinalizando o BC. As chances de corte de apenas 0,25 ponto percentual estavam em zero. Atualmente, a Selic está em 12,25% ao ano.
No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,345%, ante 10,307% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 10,005%, ante 9,942% do ajuste anterior. A taxa para janeiro de 2027 estava em 10,1%, ante 10,06%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2028 estava em 10,365%, ante 10,329%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 10,78%, ante 10,844%.
Às 16:40 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- subia 11,00 pontos-base, a 4,2391%.
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