Dólar cai ante real apesar de tarifas de Trump sobre o aço brasileiro
![]()
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) -Após oscilar novamente acima dos R$5,80, o dólar perdeu força ante o real e fechou em baixa pelo segundo dia consecutivo, com o mercado calmo mesmo após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar tarifas de 25% para o aço e o alumínio -- dois produtos exportados pelo Brasil para os EUA.
O dólar à vista fechou a terça-feira em baixa de 0,31%, aos R$5,7682. Em 2025 a moeda norte-americana acumula queda de 6,65%.
Às 17h28 na B3 o dólar para março -- atualmente o mais líquido -- cedia 0,49%, aos R$5,7830.
Na noite de segunda-feira Trump assinou proclamações elevando a tarifa dos EUA sobre o aço e o alumínio para 25% a partir de 4 de março e eliminando isenções e acordos de cotas para os dois metais.
Em tese, a medida prejudica o Brasil, que exporta principalmente aço para os Estados Unidos. Em reação, o dólar ganhou força ante o real no início do dia -- às 10h15 a moeda norte-americana à vista atingiu a cotação máxima de R$5,8083 (+0,39%).
Como em sessões anteriores, no entanto, o dólar perdeu força depois disso e migrou para o território negativo, em sintonia com o movimento da divisa norte-americana ante parte das demais moedas no exterior. Alguns agentes também aproveitaram as cotações acima de R$5,80 para vender moeda.
Uma das avaliações no mercado era a de que Trump, ao estabelecer quase um mês até o início da cobrança de tarifas, abriu margem para o Brasil e outros países afetados negociarem até lá.
Além disso, alguns profissionais avaliam que uma guerra comercial mais ampla pode até gerar oportunidades para o Brasil.
“Toda vez que Trump taxa a China, o dólar ganha valor frente ao resto do mundo, mas a China impõe outras sanções. E quando faz isso, os compradores chineses olham para outros países, como o nosso”, pontuou Matheus Massote, especialista em câmbio da One Investimentos. “A pauta de exportação (para a China) acaba sendo desviada para cá.”
A maior cautela antes de precificar no câmbio as tarifas de Trump abriu espaço para o dólar ceder à mínima de R$5,7577 (-0,49%) às 12h51. Depois disso, a moeda se manteve no território negativo, em sintonia com o avanço firme do Ibovespa e a queda das taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros).
A baixa do dólar no Brasil também acompanhava o recuo da divisa ante seus pares fortes no exterior. Às 17h23, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,41%, a 107,920.
Pela manhã, com efeitos menores no mercado de câmbio, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,16% em janeiro, após alta de 0,52% em dezembro. Essa é a menor taxa para um mês de janeiro desde o início do Plano Real, em 1994, e refletiu principalmente uma queda pontual dos custos de energia.
Já o Banco Central vendeu, em sua operação diária, 15.000 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 5 de março de 2025.
(Edição de Pedro Fonseca e Isabel Versiani)
0 comentário
Ibovespa fecha em alta e retorna aos 160 mil pontos com política e inflação no radar
Brasil vive pior crise institucional desde a democratização e 2026 ainda não deve trazer mudança profunda
Dólar tem baixa firme ante o real com cancelamento de entrevista de Bolsonaro
Taxas dos DIs fecham com baixas leves em reação positiva após Bolsonaro cancelar entrevista
STF autoriza cirurgia de Bolsonaro no dia 25 de dezembro
Ações europeias fecham em nova máxima recorde com impulso de Novo Nordisk a setor de saúde