Lula classifica ameaça tarifária de Trump aos Brics nas redes sociais de "irresponsável"
![]()
Por Lisandra Paraguassu
RIO DE JANEIRO (Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou duramente as declarações do presidente norte-americano, Donald Trump, que ameaçou os países do Brics com tarifas, e classificou de "irresponsável" a postura de ameaçar países por redes sociais.
Leia mais:
+ Trump divulga tarifas de 25% sobre produtos do Japão e da Coreia do Sul em cartas a líderes
"Eu acho que nem deveria comentar, porque não é responsável e sério e um presidente da República, de um país do tamanho dos Estados Unidos, ficar ameaçando o mundo através da internet", disse Lula ao ser questionado sobre a declaração de Trump.
Usando sua rede social, o presidente norte-americano disse que todos os países que se alinhassem ao Brics em posições "antiamericanas" receberiam uma tarifa comercial extra de 10%.
Depois disso, uma fonte disse à Reuters que essas tarifas não seriam imediatas, mas seriam usadas no caso dos países adotarem medidas classificadas como antiamericanas, apesar de não detalhar que tipo seriam.
"O mundo mudou, não queremos imperador. Somos países soberanos. Se ele acha que pode taxar, os países têm o direito de taxar também. Existe a lei da reciprocidade. Eu acho muito equivocado e muito irresponsável um presidente ficar ameaçando os outros em redes digitais", afirmou, demonstrando irritação.
"Sinceramente, tem outras coisas e outros formas para um presidente de um país do tamanho dos Estados Unidos falar com outros países."
Lula fez questão de dizer que, durante a plenária desta manhã, com países-membros, associados e convidados, em nenhum dos discursos foi comentada a afirmação de Trump. "Não demos nenhuma importância para isso", garantiu.
Mais cedo, fontes brasileiras disseram à Reuters que a avaliação do Brasil era de que o Brics estava no caminho certo e a postura de Trump mostrava o acerto das críticas do bloco e de sua defesa do multilateralismo.
Em declaração oficial aprovada no domingo, o Brics criticou a "proliferação de ações restritivas ao comércio" e medidas tarifárias e não tarifárias "que distorcem o comércio e são inconsistentes com as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC)".
A organização, no entanto, está paralisada há 15 anos, desde que os EUA deixaram de indicar um membro para a segunda instância do sistema de solução de controvérsias.
"Com uma OMC totalmente funcional seria impensável usar tarifas para fazer bullying com outros países", disse uma segunda fonte do governo brasileiro.
Desde o início de seu mandato Trump tem feito ameaças ao Brics e tenta colar uma pecha de anti-Ocidente ao bloco. A primeira, ao apontar que os países teriam 100% de tarifas se adotassem uma moeda que não o dólar para fazer transações.
"O Brics não surgiu para afrontar ninguém. É só um novo modelo de fazer política, uma coisa mais solidária", disse Lula. É um modelo novo, não um clube de privilegiados."
(Reportagem de Lisandra Paraguassu)
0 comentário
Wall Street cai conforme nervosismo sobre financiamento de IA pressiona ações de tecnologia
Ibovespa fecha em queda com nova correção tendo juros e eleição no radar
Dólar sobe pela quarta sessão e supera R$5,50 sob influência do cenário eleitoral
Índice STOXX 600 fecha estável com persistência de preocupações sobre valuations de tecnologia
STF forma maioria contra marco temporal para demarcação de terras indígenas
Brasil tem fluxo cambial positivo de US$3,108 bi em dezembro até dia 12, diz BC