BC mantém Selic em 15% e prega permanência nesse patamar por período bastante prolongado
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Por Bernardo Caram
BRASÍLIA (Reuters) - O Banco Central decidiu nesta quarta-feira manter a taxa Selic em 15% ao ano, em decisão unânime de sua diretoria, e pregou uma manutenção da taxa nesse nível por período bastante prolongado para atingir a meta de inflação, sem apresentar sinalização sobre possíveis cortes à frente.
Após apontar em setembro que seguiria avaliando se a manutenção desse nível de juros por período longo era capaz de arrefecer a inflação até o alvo de 3%, o BC agora ajustou o tom, indicando ter ganhado convicção de que essa estratégia levará ao cumprimento do objetivo.
"O Comitê avalia que a estratégia de manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta", informou o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC em comunicado.
A autarquia ponderou que o cenário incerto demanda cautela e acrescentou que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado.
A decisão desta quarta veio em linha com a expectativa de mercado captada em pesquisa da Reuters, na qual todos os 40 economistas entrevistados de 27 a 31 de outubro projetavam que o BC manteria a Selic em 15% neste mês.
O foco dos analistas, no entanto, estava nas possíveis sinalizações da autarquia sobre quando poderá cortar a taxa, movimento que é esperado com ansiedade pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva enquanto o juro em nível elevado resfria a economia e impacta negativamente as contas públicas às vésperas de um ano eleitoral.
Na terça-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, classificou a atual taxa Selic como "exageradamente” restritiva e defendeu que a autoridade monetária desse ao menos uma sinalização sobre cortes à frente diante de dados melhores da inflação corrente e das expectativas.
No documento, o Copom afirmou que a inflação cheia e as medidas subjacentes apresentaram algum arrefecimento, mas ainda se mantiveram acima da meta.
O BC melhorou nesta quarta sua projeção de inflação para este ano em relação a setembro, de 4,8% para 4,6%, considerando o cenário de referência, que segue projeções de mercado para os juros.
Para o fechamento de 2026, a projeção foi mantida em 3,6%. Em relação ao segundo trimestre de 2027, atual horizonte relevante da política monetária, a expectativa ficou em 3,3%.
Para fazer as projeções do cenário de referência divulgadas nesta quarta, o Copom considerou uma taxa de câmbio que parte de R$5,40, mesmo patamar usado na reunião de setembro.
O BC destacou que a atividade econômica segue apresentando, "conforme esperado", trajetória de moderação no crescimento, mas o mercado de trabalho ainda mostra dinamismo.
O mercado tem melhorado as projeções para os preços, mas em níveis ainda fora do centro da meta de 3% -- que tem tolerância de 1,5 ponto percentual.
A previsão para o IPCA de 2025 no boletim Focus caiu de 4,83% antes do encontro do Copom em setembro para 4,55% nesta semana. Para 2026, as expectativas baixaram de 4,30% para 4,20%, enquanto o dado de 2027 foi de 3,90% para 3,80%
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