Itália e França dizem que é "prematuro" assinar acordo comercial UE-Mercosul
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Por Angelo Amante e Giuseppe Fonte
ROMA, 17 Dez (Reuters) - Itália e França disseram nesta quarta-feira que não estão prontas para apoiar um acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, o que abalou as esperanças de finalização do acordo nos próximos dias.
Havia a expectativa de que a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, viajasse para o Brasil no final desta semana para assinar o acordo, alcançado há um ano após 25 anos de negociações com o bloco formado por Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai.
Alemanha, Espanha e países nórdicos afirmam que o acordo ajudará as exportações afetadas pelas tarifas norte-americanas e reduzirá a dependência da China, proporcionando acesso a minerais.
Confirmando uma reportagem anterior da Reuters, a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, ficou do lado da França ao pedir um adiamento na aprovação do acordo, que tem a oposição de outros países, incluindo a Polônia.
"O governo italiano sempre foi claro ao dizer que o acordo precisa ser benéfico para todos os setores e que, portanto, é necessário abordar, em particular, as preocupações de nossos agricultores", disse Meloni, dirigindo-se à câmara baixa do Parlamento italiano.
Ela afirmou aos parlamentares que seria "prematuro" assinar o acordo antes que um pacote adicional de medidas a serem acordadas com a Comissão Europeia para proteger os agricultores esteja totalmente finalizado, acrescentando que o acordo precisa de garantias adequadas de reciprocidade para o setor agrícola.
"Devemos esperar até que essas medidas sejam finalizadas e, ao mesmo tempo, explicá-las e discuti-las com nossos agricultores", disse ela.
PARIS E ROMA EXIGEM SALVAGUARDAS MAIS RIGOROSAS
A França também quer salvaguardas mais rigorosas, incluindo "cláusulas de espelhamento" que obriguem os produtos do Mercosul a cumprir as normas da UE sobre o uso de pesticidas e cloro, além de inspeções de segurança alimentar mais rigorosas.
"Ninguém entenderia se vegetais, carne bovina e frango tratados quimicamente com produtos proibidos na França chegassem ao nosso território", declarou a porta-voz do governo francês Maud Bregeon. Os defensores do acordo afirmam que ele não substituirá as regulamentações da UE sobre padrões alimentares.
O Parlamento Europeu, a Comissão Europeia e o Conselho, o grupo de governos da UE, devem negociar um acordo sobre as salvaguardas do Mercosul ainda nesta quarta-feira, após os eurodeputados apoiarem o endurecimento de alguns controles sobre as importações de certos produtos agrícolas.
O partido Irmãos da Itália, de Meloni, afirmou que esses controles ainda não são suficientes para garantir que os agricultores possam competir em igualdade de condições.
"Isso não significa que a Itália pretende bloquear ou se opor ao acordo como um todo... Estou muito confiante de que, no início do próximo ano, todas essas condições poderão ser atendidas", disse Meloni.
Autoridades latino-americanas estão cada vez mais impacientes, e uma autoridade brasileira alertou que é "agora ou nunca". O Mercosul está buscando acordos com outras nações, como Japão, Índia e Canadá.
(Reportagem de Angelo Amante, Giuseppe Fonte e Alvise Armellini)
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