Infinity pede recuperação judicial

Publicado em 20/05/2009 07:24

A Infinity Bio-Energy Brasil Participações S.A., que controla seis usinas no País, entrou ontem com pedido de recuperação judicial na Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Fórum Central de São Paulo (SP). Com uma dívida estimada em R$ 1 bilhão e ativos de R$ 1,2 bilhão, a empresa, que tem 100% do capital aberto na Bolsa de Londres, tomou a decisão para se preservar de pedidos de falência feitos na Justiça, informou o presidente da Infinity, Sérgio Thompson-Flores.

Além da crise econômica mundial, que reduziu a liquidez no mercado, e da queda nos preços de açúcar e álcool nos últimos dois anos, a Infinity informou ainda ter sofrido severo impacto na produção na última safra por causa de atrasos nas entregas de novos equipamentos. "(O pedido de recuperação judicial) foi ainda uma forma de organizar as negociações com os credores e principalmente avançar com calma na procura de novos investidores que possam injetar dinheiro novo na companhia", disse o executivo.

Criada em março de 2006, a Infinity viu suas ações despencarem de US$ 4 para centavos de dólares ontem, com uma liquidez irrelevante de apenas milhares de dólares em negócios mensais. Da dívida total, 35% são de bonds (títulos de dívida) conversíveis com vencimento previsto para 2011, cujo pagamento será renegociado durante processo de recuperação judicial. Outros 35% são com bancos e os 30% restantes com fornecedores, leasing e antigos donos das usinas adquiridas.

Das seis unidades sucroalcooleiras controladas pela Infinity, duas estão no Espírito Santo (Cridasa e Disa), duas em Minas Gerais (Alcana e Paraíso) e uma em Mato Grosso do Sul (Usinavi). A sexta usina, a Ibirálcool, no Sul da Bahia, ainda está em construção e deveria entrar em operação em 2009. Entretanto, a unidade depende de R$ 20 milhões de investimentos para conseguir moer as 800 mil toneladas de cana já plantadas. Uma das alternativas avaliadas pela Infinity no processo de recuperação judicial é vender algum desses ativos.

Segundo Thompson-Flores, todas as outras unidades já concluídas vão processar normalmente a safra 2009/2010, que deve atingir 6 milhões de toneladas de cana. O total representa 20% de alta sobre as 5 milhões de toneladas da safra passada, mas abaixo das 7 milhões de toneladas previstas. A capacidade total de moagem do grupo é de 8,3 milhões de toneladas. Cerca de 25% da cana será destinada à produção de açúcar, cujo preço está remunerando melhor comparado ao do álcool.

No processo de recuperação judicial, a Infinity contará com a assessoria do escritório de advocacia Felsberg e Associados e com a Íntegra Associados, especializados em processos de recuperação de empresas. Pela lei 11.101, de fevereiro de 2005, a empresa fica protegida contra ações e execuções durante 180 dias, período necessário à elaboração, apresentação e aprovação do plano de recuperação judicial junto aos credores.

Todos os 7,5 mil trabalhadores da Infinity, 5 mil deles contratados durante a safra, seguem com os salários em dia e não deve haver demissões, garantiu o presidente da companhia, Thompson-Flores. Mas, segundo informações obtidas pelo Estado, alguns executivos importantes da empresa pediram demissão ontem.

Não era novidade no mercado que a companhia não andava bem, como uma série de outras empresas do setor que sofreram com o agravamento da crise financeira mundial, a partir de setembro do ano passado. Mas de acordo com fontes, além do fator crise, a Infinity também vinha sendo castigada por decisões equivocadas de sua diretoria, inclusive de aquisições sem retornos suficientes.

A empresa é formada por grandes investidores, como o fundo Kidd & Company. Desde o início de sua fundação, a empresa demonstrou apetite invejável por ativos do setor. O objetivo era se transformar no maior grupo usineiro do Pais.

A Infinity foi uma das primeiras empresas criadas por investidores vindos do especulativo mercado financeiro. Além de seus acionistas, embarcaram na onda do etanol megainvestidores como George Soros e o indiano Vinod Khosla.

 

 

Fonte: O Estado de S. Paulo

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Fonte:
O Estado de S. Paulo

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