Bovespa quebra sequência de perdas e fecha em alta de 0,80%
As ações brasileiras encerraram o dia mais valorizadas pela primeira vez em cinco pregões, numa sessão marcada pela instabilidade e o nervosismo com o noticiário externo. A taxa de câmbio doméstica subiu pelo oitavo dia e bateu R$ 1,86, o preço mais alto em quatro meses.
O Ibovespa, índice que reflete os preços das ações mais negociadas, avançou 0,80% no fechamento, aos 65.587 pontos. O giro financeiro foi de R$ 6,4 bilhões. Ainda operando, a Bolsa de Nova York cede 0,75%.
O dólar comercial foi vendido por R$ 1,867, em um acréscimo de 0,43% sobre a cotação final de ontem. A taxa de risco-país marca 225 pontos, número 0,89% acima da pontuação anterior.
Os investidores iniciaram os negócios sob o impacto do discurso de Barack Obama, presidente dos EUA, na noite anterior, bem recebida pelos analistas. O resultado do Copom, sem surpresas, teve efeito restrito sobre os negócios. No decorrer da manhã, indicadores da economia dos EUA abaixo das expectativas não injetaram ânimo novo nos negócios e contribuíram para a volatilidade das ações.
As grandes empresas americanas têm publicado resultados positivos do ponto de vista do mercado, mas mesmo esses balanços não mostram influência suficiente para amenizar as preocupações fundamentais dos analistas: China (e suas medidas para conter o crescimento), Grécia (e sua complicada situação fiscal) e EUA (entre outros motivos, pelo projeto para regular a atividade dos bancos).
"O que deve pesar mesmo nos próximos dias são os balanços das empresas, que têm mostrado resultados bons, positivos. Se isso continuar se confirmando, há chances do mercado até reagir um pouco", comenta André Locatelli, da mesa de operações da corretora Diferencial.
Entre as principais notícias do dia, o Departamento de Comércio dos EUA verificou um aumento de 0,3% nas encomendas de bens duráveis no mês de dezembro, frustrando as previsões de vários analistas, que esperavam um incremento de pelo menos 2%.
Outro órgão do governo americano, o Departamento de Trabalho, indicou uma queda na demanda pelos benefícios do auxílio-desemprego, um importante indicador da "saúde" do mercado de trabalho local. A queda, no entanto, foi menor do que muitos economistas previam: a cifra total de solicitações atingiu 470 mil (até a semana passada), quando as projeções apontavam um montante em torno de 450 mil.
No Brasil, o IBGE registrou uma taxa de desemprego de 6,8% para o ano de 2009, o menor índice em seis anos.
A FGV apontou inflação de 0,63% em janeiro, pela leitura do IGP-M, utilizado para o reajuste dos aluguéis. Nos últimos 12 meses, o índice acumula queda de 0,67%.
O Bradesco reportou um lucro líquido de R$ 8 bilhões para o ano de 2009, um crescimento de 5,01% em relação ao exercício de 2008. A instituição financeira anunciou um plano de investimentos de R$ 4,2 bilhões, com a perspectiva de abrir 250 agências neste ano. O balanço foi avaliado positivamente por analistas, que destacaram o crescimento da carteira de crédito, acima da média do sistema financeiro.
A ação preferencial do banco brasileiro teve ganho de 1,69%; A ação do rival Itaú valorizou 2,98%, enquanto o papel do Banco do Brasil avançou 0,18%, enquanto Santander teve acréscimo de 1,815.
A fabricante americana de veículos Ford Motor informou nesta quinta-feira que teve um lucro de US$ 2,7 bilhões (US$ 0,86 por ação) em 2009, marcando assim seu primeiro resultado anual positivo desde 2005.
O conglomerado industrial 3M anunciou um lucro líquido de US$ 935 milhões, ou US$ 1,30 por ação, para o quatro trimestre de 2009, ante US$ 676 milhões, ou US$ 0,97 por ação, no ano anterior.
Copom e Obama
Ontem à noite, o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) decidiu por unanimidade manter a taxa básica de juros (Selic) nos atuais 8,75% ao ano. A decisão, tomada na primeira reunião do conselho em 2010, já era esperada pelo mercado financeiro.
Também ontem à noite, o presidente dos EUA, Barack Obama, fez um discurso à nação em que apontou a criação de empregos como a 'prioridade número um' para 2010. A intervenção de Obama foi bem recebido por analistas, que viram no texto um tom mais moderado sobre a regulamentação dos bancos, uma proposta que assustou muitos quando os primeiros detalhes foram divulgados na semana passada.
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