Indústria retoma a produção de Bens intermediários ao nível pré-crise

Publicado em 18/03/2010 10:02
Os bens intermediários, que representam 50% da estrutura industrial do País e incluem segmentos diversos como insumos para construção, mineração, celulose e metalurgia, aceleraram o processo de recuperação no final do ano passado e já operam em nível de produção muito próximo ao período pré-crise. A expectativa de analistas é que essa categoria registre expansão significativa em 2010, com a recuperação das exportações, os impactos positivos do setor de construção e a base de comparação reduzida do ano passado.

Segundo os últimos dados da produção industrial do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), relativos a janeiro, entre as quatro categorias de uso pesquisadas, a de intermediários é a que está em patamar mais próximo (-0,8%) de setembro de 2008, mês de atividade recorde da indústria, antes dos efeitos da crise sobre o setor. Para a indústria em geral, o patamar ainda é 4,9% inferior e na categoria de bens de capital, por exemplo, o resultado nessa comparação ainda é negativo em 11,6%.

O economista da coordenação de indústria do Instituto André Macedo atribui a recuperação dos intermediários à normalização dos estoques em alguns segmentos industriais e também à reação que vem sendo apurada nas exportações. Essa categoria chegou a registrar quedas acima de 20% na produção na comparação com mês anterior no primeiro bimestre do ano passado e foi desacelerando os resultados negativos, nessa base de comparação, até uma expansão acima de 21% em dezembro de 2009 e de 20,2% em janeiro último.

O consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) e ex-secretário de política econômica, Julio Sérgio Gomes de Almeida, acredita que a recuperação dos intermediários, que deverá prosseguir nos próximos meses, está vinculada a "alguma melhoria das exportações" e ao bom desempenho da construção. "Essa categoria ainda tem algum espaço para manter um bom crescimento", afirmou.

Ele explica que quando a construção civil ganha um papel mais determinante no desempenho da economia, como ocorrerá em 2010, os produtores de insumos como aço, vidro, minerais não metálicos tendem a se beneficiar. Além disso, segundo o economista, a concorrência das importações, neste caso, é muito pequena.

Para o coordenador do Instituto de Indústria da Universidade de Campinas (Unicamp), Fernando Sarti, as importações não apenas dificultaram uma recuperação mais rápida dos intermediários do ano passado como deverão figurar como a principal dificuldade para os segmentos vinculados a essa categoria em 2010.

Sarti acredita que haverá continuidade no crescimento desse segmento, com a ajuda da construção civil e alguma recuperação das exportações, mas avalia que o câmbio ainda favorecerá a entrada de insumos importados no País para a produção de televisores e celulares, por exemplo. "A questão para os intermediários não vai ser a demanda doméstica, que continuará em alta, mas o uso ou não de insumos importados", disse.

Segundo dados da Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (Funcex), as exportações de bens intermediários (em US$) registraram queda de 16,7% no acumulado em 12 meses até janeiro, enquanto as importações de produtos dessa mesma categoria registravam uma queda acumulada de 26,7%. No entanto, já mostravam importante recuperação no mês de janeiro, quando, ainda em valor, houve aumento, ante igual mês do ano passado de 2,9% nas exportações de intermediários e alta de 8,4% nas importações.
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Fonte:
Jornal do Comércio (RS)

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