INTERNACIONAL: Japão e Brasil planejam ajudar Moçambique a se tornar um exportador de grãos

Publicado em 19/03/2010 12:37
Moçambique, que depende das importações para atender metade de suas necessidades de arroz, visa se tornar um exportador de grãos depois de atingir sua auto-suficiência em 2015 com assistência técnica do Japão e do Brasil. 

 “O governo gostaria de eliminar” o déficit nos estoques de arroz, disse Ventura Macamo, assessor do Ministro da Agricultura de Moçambique. “Nós acreditamos que cinco anos de bom investimento” irá, provavelmente, tornar a nação auto-suficiente. A nação africana consome cerca de 500.000 toneladas por ano, mais do que produção de 260.000 toneladas. 

O Japão, o maior importador de grãos do mundo, ajudou o Brasil a se tornar o segundo maior exportador agrícola com um programa de desenvolvimento de US$774 milhões, gerado por conta de uma crise de alimentos há três décadas. As exportações de Moçambique podem aumentar a competição no mercado global de arroz, dominado hoje pela Tailândia e pelo Vietnã, além de aliviar a pobreza e a desnutrição na África. 

“A evolução do Brasil para um grande exportador de grãos trouxe uma ótima contribuição para a estabilidade dos estoques e dos preços das safras”, disse Yutaka Hongo, da Agência da Cooperação Internacional do Japão, provedora de ajuda externa da nação. “Se a África se tornar outro fornecedor, isso irá melhorar a segurança alimentar não só para o Japão, mas para outros importadores”. 

Moçambique está planejando exporter arroz para alguns vizinhos incluindo África do Sul, Botsuana, e o Japão e o Brasil já iniciaram um programa para transformar a savana tropical em áreas produtoras, disse Macamo. O governo planeja ainda impulsionar a produção de milho e soja para os carregamentos internacionais e para alimentar a indústria. 

Preços recordes
O preço do milho, soja e arroz subiram aos seus recordes em 2008, provocando protestos em países em desenvolvimento, pois o crescimento da população mundial, o crescimento econômico de mercados emergentes e o aumento do uso das safras para a produção de biocombustível aumentou a demanda. O Japão, maior importador de milho do mundo e segundo maior comprador de soja depois da China, espera que esse aumento na produção irá ajudar a estabilizar os estoques e preços dos grãos. 

Moçambique pode impulsionar a produção de arroz usando espécies tolerantes à seca produzidas no Brasil, disse Pedro Antonio Arraes Pereira, presidente da Embrapa. Por conta das condições similares de clima e solo, Moçambique pode alcançar rendimentos equivalentes aos do Brasil, que produz 2,8 toneladas de soja e 4 toneladas de milho por hectare, em média, segundo Pereira. 
O país tem 55 milhões de hectares de savana tropical, 3,6% está sendo cultivada, de acordo com a Agência de Cooperação Internacional do Japão. 

Empresas do Brasil e do Japão, incluindo fabricantes de maquinário agrícolas e químicos podem se beneficiar do programa em Moçambique, afirmou Emiliano Pereira Botelho, presidente do Grupo Campo. 

O Grupo Campo atuou como coordenador entre os setores público e privado na implementação de um programa para tornar o Cerrado brasileiro em uma região produtiva. O projeto teve início em 1980 com a ajuda do Japão, que procuraram por fornecedores alternativos depois do embargo dos Estados Unidos nas exportações de soja em 1973, impulsionando os custos de alimento e ração. 

Tradução: Carla Mendes

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Fonte:
Bloomberg

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