Em Madri, Lula critica lentidão da UE na crise
Em tom de ufanismo em relação ao Brasil e de dura reprovação sobre a Europa, Lula discursou a uma plateia de políticos, empresários e diplomatas presentes ao seminário “Aliança para a Nova Economia Global”, promovido na capital espanhola pelos jornais El País e Valor Econômico.
Enfatizando temas econômicos - mesmo em meio à crise diplomática gerada em torno do acordo com o Irã -, o presidente destacou repetidas vezes a saúde financeira da América Latina, e em particular de seu país. “O Brasil se transformará em uma grande potência econômica”, previu, em meio a louvores a seu governo.
Entre um e outro autoelogio, Lula apertou o gatilho. Primeiro, usou uma metáfora para comparar a crise ao vulcão islandês que pode jogar cinzas sobre a Europa a qualquer momento, paralisando o tráfego aéreo. A seguir, questionou: “Alguém poderia me responder por que a Alemanha demorou tanto tempo para ajudar a Grécia? Como pode a Europa tão poderosa demorar três meses para resolver o problema da Grécia?”
A seguir, respondeu, em nítida crítica às dificuldades europeias de obter consenso entre seus 27 membros. “É porque os países perderam o poder de fazer política monetária e estão dependendo de uma decisão coletiva, que de coletiva não tem nada. É quase que individual, porque quem tem mais dinheiro termina tomando a decisão”, disse.
Então, voltou a mira para a Alemanha, reclamando que a ajuda à Grécia tenha acontecido “no apagar da luz”. “O pânico que pode se espraiar por outros países. E nós não sabemos como podemos continuar nesse mundo sem governança global.” Lula também defendeu Espanha e Portugal, países que foram arrastados para o centro da crise em razão de seus elevados déficits públicos e de seus altos endividamentos. “O Zapatero está pagando por uma crise com a qual ele não tem nada a ver. Essa crise é mais profunda”, analisou. “Os responsáveis por ela fingem que não é com eles”, completou.
Para o presidente, países como Espanha e Portugal “sofrem mais porque são menores em uma Europa poderosa, rica, fragilizada na falta de controle de seu sistema financeiro”.