Agronegócio cobra avanços no comércio

Publicado em 10/08/2010 08:30
Segmento agrário reivindica de candidatos busca mais efetiva por acordos bilaterais, resolução dos problemas sanitários e integração de pastas.
As posições antagônicas dos principais candidatos à presidência nos temas da política externa comercial tornaram-se um dos principais pontos de interesse para o agronegócio nas próximas eleições, na medida em que há pouco embate de ideias em temas polêmicos como a ação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a revisão dos índices mínimos de produtividade da agropecuária para fins de reforma agrária.

Embora tenha registrado avanços durante o governo Lula, o agronegócio apresenta resistência em transferir a Dilma a responsabilidade por responder aos principais problemas do setor, como a infraestrutura logística deficitária e a política de comércio exterior. "Sou favorável à alternância de poder", diz o presidente da Sociedade Rural Brasileira, Cesário Ramalho.

Em discurso gravado para os participantes do Congresso Brasileiro de Agribusiness, realizado ontem pela Associação Brasileira de Agribusiness (Abag) em São Paulo, a candidata Dilma Rousseff ressaltou os números superlativos do campo sob o governo Lula: o crédito rural cresceu quase cinco vezes, para R$ 116 bilhões; o valor da produção agropecuária avançou 32%, para R$ 164 bilhões; a produção de grãos cresceu de 96 milhões de toneladas para 146 milhões.

Mas pareceu pouco, diante de fatos como a não-erradicação da febre aftosa e dos poucos avanços nos acordos de livre comércio. "É preciso adotar uma nova postura negocial, porque nos últimos oito anos não avançamos muito com a Organização Mundial de Comércio (OMC), nem com a União Europeia, nem na Área de Livre Comércio das Américas (Alca)", critica Ingo Plöger, consultor e sócio da Cia. Melhoramentos.

Dizendo-se insatisfeitos com a diplomacia do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, os ruralistas esperam da nova gestão um foco mais comercial e pragmático para os assuntos externos. "Nossa proposta é que a Câmara de Comércio Exterior (Camex) ganhe mais autonomia, como no nível de um ministério", afirma o presidente da Abag, Carlo Lovatelli.

A ideia dividiu as propostas dos três principais candidatos ontem durante o congresso. Dilma afirmou que a política externa de Lula terá continuidade caso vença as eleições. Já Serra indicou que rumará - se eleito - para acordos comerciais bilaterais e birregionais.

Na gravação, Serra afirmou que nos oito anos de Lula o Brasil assinou apenas um acordo de livre comércio, com Israel, enquanto no mundo todo mais de 100 acordos semelhantes foram firmados no mesmo período. "Serra demonstrou maior objetividade e conhecimento do que as duas candidatas, talvez pela sua experiência no governo de São Paulo", avalia o presidente da Câmara de Comércio Brasil-Alemanha, Weber Porto.

Já Marina Silva, candidata pelo PV, pregou em seu discurso gravado que o grande caminho para a abertura de mercados externos é a sustentabilidade. "Podemos explorar o potencial ambiental do Brasil", disse ela, propondo uma nova "narrativa" para os produtos agropecuários brasileiros, a ser construída pela sustentabilidade. A proposta, embora respondesse apenas parcialmente à demanda da Abag, veio ao encontro da visão de que o governo federal precisa promover a imagem positiva da agropecuária brasileira no exterior, defendida por Plöger e Lovatelli.

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Fonte:
Brasil Econômico

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