Ameaça contra estrangeiro desvaloriza mais o dólar

Publicado em 04/10/2010 11:07
Essa percepção incentivou os investidores que já tinham interesse no país a antecipar a entrada de dólares para não correr risco de uma tributação maior.
As ameaças do governo para conter a valorização do real frente ao dólar tiveram efeito inverso e acabaram ajudando a reforçar a queda do valor da moeda norte-americana nos últimos dias.

 Depois de declarações do ministro Guido Mantega (Fazenda) e do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, sinalizando um possível aumento no imposto cobrado dos estrangeiros que ingressam no país para aplicar em ações e em renda fixa (IOF), o mercado interpretou que qualquer ação nessa área ficaria para depois do primeiro turno das eleições presidenciais.

Essa percepção incentivou os investidores que já tinham interesse no país a antecipar a entrada de dólares para não correr risco de uma tributação maior. Na avaliação de analistas financeiros, esse comportamento se somou à tendência mundial de enfraquecimento do dólar, reforçando a valorização do real.

"Não foi o fator mais importante, mas teve sua contribuição para o movimento do dólar nesta semana", explica Zeina Latif, economista-sênior para América Latina do banco britânico RBS.

Com dinheiro sobrando no mercado global, as economias emergentes, como o Brasil, estão sendo premiadas com entrada de dinheiro já que são bem avaliadas, têm perspectivas de crescimento e juros elevados.

Movimento semelhante foi verificado no início de 2008, quando o governo tributou em 1,5% os ingressos de recursos estrangeiros para aplicação em títulos e ações. No intervalo de dois dias entre o anúncio e a entrada em vigor da medida, quem tinha interesse entrou no país. Depois, a alíquota caiu e voltou a subir em 2009 para 2%.

Acomodação

No governo, a avaliação é a de que antes de agir é preciso esperar o efeito total da capitalização da Petrobras no câmbio. Uma tese defende que, se o movimento do real seguir apenas o fenômeno mundial de enfraquecimento do dólar, será preciso combater apenas os excessos com intervenções, já que o Brasil nem é o país que registra maior apreciação neste ano.

No acumulado do ano, o peso colombiano e as moedas de asiáticos como Tailândia, Malásia e Cingapura estão bem à frente, com valorizações variando de 7% a 13%. No período, a apreciação do real é de 3,94%. Em setembro, as moedas de países do Leste Europeu, como Hungria, Polônia, Bulgária e Romênia, registram os maiores ganhos com apreciação em torno de 9% a 6%, em comparação aos 3,48% da moeda brasileira.

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Fonte:
Folha Online

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