EUA planejam injetar mais US$ 500 bilhões na economia com compra de títulos
Para o Brasil e outros emergentes, isso pode significar aumento da entrada de capital estrangeiro na economia, algo que o governo vem tentando controlar.
A medida, conhecida como relaxamento quantitativo, visa baixar os juros de longo prazo, aumentando a liquidez e estimulando a economia. Ação do tipo já foi feita pelos EUA durante a crise de 2008/2009, quando a compra de títulos chegou a US$ 1,725 trilhão.
Na prática, é como imprimir moeda. Com as taxas de juros já próximas de zero, há pouco mais que o Fed possa fazer para estimular a recuperação americana.
Especula-se que a segunda rodada de relaxamento quantitativo será anunciada na reunião do órgão que termina na próxima quarta, mas há dúvidas quanto às quantias envolvidas e à forma como se dará a ação.
Consultas de autoridades a investidores em Nova York indicaram que o valor pode chegar a US$ 1 trilhão. Analistas esperam uma medida gradual, com compra de US$ 80 bilhões a US$ 100 bilhões em títulos por mês.
Mesmo com as incertezas, os reflexos da expectativa são sentidos dentro e fora dos EUA desde agosto.
Em trajetória descendente, o dólar voltou a cair diante do euro ontem. O ouro vem subindo à espera dos efeitos da ação do Fed. Nas Bolsas, o índice Dow Jones ganhou 3,1% em outubro até agora, após avançar 7,7% em setembro; já o índice S&P 500 subiu 3,6% neste mês, após alta de 8,8% em setembro.
"Atribuo a especulação em torno da medida à elevação dos preços de ações e às pressões de baixa em juros nas últimas semanas. Nesse sentido, o Fed já obteve um sucesso modesto", disse à Folha David Resler, economista-chefe do banco de investimento Nomura.
"Mas é tarde demais: agora que o mercado está esperando, se ela não vier, o movimento vai parar."
No cenário global, a estratégia provocou neste mês nova fuga de investidores internacionais dos EUA e da Europa em busca de mercados emergentes.
"O relaxamento vai mesmo aumentar a probabilidade de mais dinheiro fluindo para o Brasil e outros emergentes, além de mais investimentos arriscados", afirmou à Folha o economista Uri Dadush, ex-diretor de comércio internacional do Bird.
Existe também expectativa de pressão inflacionária dentro e fora dos EUA, o que pode ser positivo para a economia americana, mais ameaçada pela deflação.
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