BC irlandês: país precisa de dezenas de bilhões de ajuda

Publicado em 18/11/2010 08:02
O presidente do banco central da Irlanda, Patrick Honohan, disse esperar que o país receba dezenas de bilhões de euros em empréstimos de países europeus e do Fundo Monetário Internacional (FMI), para ajudar seus bancos e estabilizar a economia.

Honohan falava nesta quinta-feira, pouco antes de conversas com a missão conjunta da Comissão Europeia, do Banco Central Europeu (BCE) e do FMI sobre um possível pacote de resgate financeiro. "A intenção e a expectativa são, da parte deles e, pessoalmente, de minha parte, que as negociações serão efetivas e que um empréstimo será disponibilizado e desenhado conforme o necessário", disse ele à rede de TV estatal RTE.

"Estamos falando de um empréstimo bastante significativo... de dezenas de bilhões, sim", disse Honohan, reconhecendo que houve, desde abril, uma saída substancial de fundos do sistema bancário irlandês.

Após dez dias de perdas, o mercado europeu de ações e de bônus se recuperavam, assim como o euro, por expectativas de que a Irlanda seja o segundo país da zona do euro (depois da Grécia) a ser resgatado para lidar com dívidas e déficits elevados.

Fontes da UE disseram à Reuters que a ajuda pode variar entre 45 bilhões e 90 bilhões de euros, dependendo da necessidade de financiar apenas seus bancos ou a dívida pública também.

Em sinal de negociações potencialmente difíceis, a França disse que a Irlanda pode ter de elevar o baixíssimo imposto corporativo de 12,5%, um tabu na política do país, em troca do pacote de assistência. "Nós precisaremos ver como essas taxas (corporativas) podem ser mudadas sem pressionar a economia irlandesa e afastar investidores", disse a ministra francesa das Finanças, Christine Lagarde, à rádio France-Inter.

Para o ministro de Comunicações irlandês, Eamon Ryan, o país pode precisar da ajuda de órgãos internacionais para lidar com a crise atual, mas precisa garantir que os termos de qualquer assistência financeira estejam certos.

"Nós podemos precisar de ajuda dos nossos colegas internacionais e europeus para ajudar-nos a fazer isso (resolver a crise)", disse Ryan. "Nós recorremos aos nossos colegas europeus para conseguir assistência, isso não é um problema fundamental. Mas o que nós precisamos fazer quando fizermos isso é acertar os termos e condições para que estejam dentro do interesse do povo irlandês", completou.

Falido
O primeiro-ministro irlandês, Brian Cowen, rejeita sugestões de que seu governo esteja discutindo um resgate que colocaria as finanças públicas sob supervisão da UE e do FMI.

Um dos principais empresários da Irlanda, Michael O'Leary, diretor-executivo das linhas aéreas Ryanair, disse que o governo é incapaz de comandar a economia e que os irlandeses deveriam agradecer a possibilidade de intervenção do FMI.

"O país está falido. Nós estamos sendo resgatados agora. O governo mentiu para nós a semana inteira. Quando os bônus governamentais irlandeses estão rendendo quase 9% e você pode tomar emprestado do FMI a três por cento ... A única saída é o FMI e, francamente, quanto mais cedo melhor", disse O'Leary a jornalistas em Dublin.

A Irlanda disse que a conta para socorrer os bancos superaria 50 bilhões de euros. Os investidores, porém, temem que o número final seja ainda mais alto, dado o risco de atrasos de pagamentos de hipotecas, da efusão de depósitos e dos custos mais elevados de financiamento.

Segundo alguns analistas, Dublin parece estar querendo ganhar tempo, em parte para evitar a humilhação política de pedir resgate antes das eleições parlamentares de 25 de novembro.

Entenda
Países como Irlanda e Portugal vivem situação preocupante, e não se sabe se conseguirão lidar com seus deficits sem a ajuda de fundos da União Europeia. A necessidade de financiamento público da Irlanda está garantida até meados de 2011, mas os bancos auxiliados pelo Estado estão quase sem acesso a empréstimos interbancários, dependendo do Banco Central Europeu para obter fundos. Isso ajudou a elevar os custos de financiamento de países periféricos da zona do euro, como Espanha e Portugal.

Por enquanto, o governo irlandês calculou o resgate do sistema financeiro em cerca de 50 bilhões de euros (US$ 68,4 bilhões), o que poderá elevar o déficit público em 2010 para 32% do Produto Interno Bruto (PIB).

A Irlanda enfrenta pressão do Banco Central Europeu e de países da zona do euro para tomar uma decisão rápida em meio a sinais de que o contágio do mercado está chegando a Portugal, podendo afetar outros Estados maiores. O governo irlandês disse estar negociando maneiras de estabilizar seus bancos e suas finanças e negou que um resgate estatal seja necessário para impedir o contágio de seus problemas em outros países.

O ministro das Finanças português, Fernando Teixeira dos Santos, disse ao Financial Times que há um risco enorme de que seu país seja obrigado a buscar ajuda internacional, pois os mercados estão considerando Grécia, Irlanda e Portugal como um único conjunto.

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Fonte:
Reuters

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