Fortes dados da China apontam para possível elevação de juro

As importações e exportações da China tiveram forte expansão em novembro, o crédito bancário superou previsões e o investimento imobiliário continuou alto, em uma série de dados que pode abrir caminho para o banco central do país elevar as taxas de juros em breve.

Os números fortes, divulgados nesta sexta-feira, também dão uma dose dupla de boas notícias para a economia global: um lembrete de que a demanda chinesa continua crescendo e um indicador de que a recuperação dos Estados Unidos e da Europa está ganhando força.

As importações da China saltaram 37,7% sobre novembro do ano passado, superando a previsão do mercado de 24,2% em razão da forte demanda por commodities. O crescimento das importações chinesas desenvolveram o hábito de surpreender nos últimos dois anos. Por isso, a alta de 34,9% nas exportações - ultrapassando o acréscimo de 22% previsto - foi algo bem mais inesperado.

"A alta das exportações pareceu ser induzida por encomendas antes do período de Natal", disseram Mingchun Sun e Kevin Lai, economistas da Daiwa Capital Markets, em comunicado. Evidência dessa opinião é o fato de que os embarques de produtos industrializados para a Europa e os EUA superaram os embarques de bens intermediários para a Ásia.

As exportações com destino aos EUA cresceram 32,2%, enquanto os embarques para a União Europeia, maior parceiro comercial da China, avançaram 33,8%. A alta das exportações deixou a China com um forte superávit de US$ 22,9 bilhões em novembro, o sétimo mês consecutivo de perfomance comercial impressionante. Durante esse período, o superávit médio foi de US$ 22,2 bilhões.

"Os dados de superávit comercial vêm no momento em que a inflação doméstica está subindo, indicando que o ritmo de apreciação do iuan contra o dólar pode acelerar no ano que vem", disse Lu Zhengwei, economista do Industrial Bank em Xangai.

A inflação ao consumidor chinês pode ter alcançado 5,1% no ano até novembro, a máxima em 28 meses, segundo a mídia estatal. A medida de oferta de capital da China subiu 19,5% em novembro sobre o mesmo mês do ano passado, enquanto os bancos concederam 564 bilhões de iuans em crédito, disse o banco central. Ambos os números ficaram acima das expectativas.

Os bancos já beiram a cota anual de 7,5 trilhões de iuans estabelecida pelo governo. Em outros dados, a agência de estatísticas chinesa disse que os preços de imóveis no país subiram 0,3% em novembro na comparação mensal, enquanto o investimento imobiliário cresceu 36,7% em termos anuais.