Inflação da China ainda não é temível, segundo empresas

Publicado em 15/12/2010 07:42
Os últimos números da inflação chinesa podem ter gerado uma onda de medo nos mercados globais, mas com muitas multinacionais apostando no consumo crescente do país, os executivos continuam incrivelmente tranquilos sobre a alta dos preços.

As razões variam, mas se resumem em um ponto essencial: os custos na China podem estar subindo, mas o crescimento econômico do país --e, portanto, as vendas-- devem compensar com folga as desvantagens.

"A inflação é uma preocupação, mas nós acreditamos que o gasto com tecnologia continuará", disse Amit Midha, presidente da Dell para a China e o sul da Ásia, no Reuters China Investment Summit.

"A China deveria ser parte da desaceleração global. Mas venha cá: não há desaceleração aqui."

A inflação na China acelerou nos últimos meses. Em novembro, a alta dos preços atingiu 5,1%, o maior nível em 28 meses, pressionando para a criação de mais medidas de contenção pelo governo.

A disparada da inflação veio com o crescimento forte da economia chinesa, com o PIB (Produto Interno Bruto) de 2010 estimado em 10%.

Esse crescimento elevou a renda do consumidor junto com os preços, impulsionando uma onda de gastos que pode ampliar a receita das empresas nos próximos anos.

A Acer, segunda maior vendedora de computadores do mundo, projeta que sua receita na China deve mais que dobrar no ano que vem, totalizando US$ 2,5 bilhões. A General Motors, que vendeu 2,17 milhões de carros nos primeiros 11 meses do ano, espera que as vendas na China excedam 2,5 milhões de veículos em 2011.

A apreciação gradual do yuan --uma das ferramentas que, segundo economistas, precisa ser mais usada para combater a inflação-- também pode ajudar as empresas que operam no país, pois ampliaria o poder de consumo dos chineses e valorizaria os ganhos locais em yuans frente ao dólar e ao euro.

INFLAÇÃO

A China declarou em 13 de dezembro que irá implementar uma política fiscal "ativa" e uma política monetária "prudente" no próximo ano. Semana passada, a política tinha sido definida como "apropriadamente flexível" pelo governo do Partido Comunista.

A política fiscal será utilizada para manter crescimento estável e melhorar a estrutura da economia, segundo documento. "A prioridade é lidar com as relações entre manter um crescimento econômico estável e relativamente rápido, a reestruturação econômico e lidar com as expectativas da inflação", afirma o texto. "A reestruturação econômica estratégica será acelerada e estabilizar o nível dos preços terá uma posição mais proeminente".

Neste sábado, a China anunciou uma inflação de mais de 5%, a mais alta desde o estouro da crise financeira de 2008. A alta mostrou sinais de que não se restringe aos preços de alimentos, aumentando a pressão para que o governo adote políticas mais rigorosas.

O índice dos preços ao consumo, principal indicador da inflação, aumentou em novembro 5,1% ao ano, ante 4,4% em outubro, segundo o BNS (Escritório Nacional de Estatísticas). Para os 11 primeiros meses do ano, o aumento em relação ao mesmo período de 2009 é de 3,2%, acima da meta de 3% concedida pelo governo.

A inflação é um dos principais motivos de descontentamento social entre a população, por isso o governo chinês ordenou controles temporários de preços, aumento da produção agrícola e criadora de gado e limitação dos custos energéticos.

A mudança de estratégia, aliada à apreensão com a inflação, deve levar a aumentos mais agressivos das taxas de juros e maiores restrições a empréstimos, dizem analistas.

Pequim está tentando promover o consumo doméstico a fim de reduzir a dependência das exportações.

A liderança que assinou a nota prometeu estabelecer um teto para a liquidez no sistema bancário, alimentado por fluxos de capital crescentes, e direcionar mais empréstimos para a economia real, de acordo com a mídia oficial.

Outros índices econômicos em pauta no sábado devem ter dado ao governo chinês a confiança para intensificar os controles, uma vez que os sinais indicam um impulso de crescimento impressionante na segunda maior economia do mundo.

Na sexta-feira (10), o banco central aumentou os depósitos compulsórios dos bancos terceira vez em um mês para aparar os excessos de capital na economia. A alta da inflação sugeriu que uma ação mais resoluta era necessária.

"As atuais medidas de controles macros são um pouco relaxadas. A chave é observar como serão implementadas no começo do ano que vem", disse Dong Xian'an, economista-chefe da Industrial Securities, em Pequim.

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Fonte:
Reuters

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