Perspectivas 2011: Mercado financeiro prevê aumento da taxa de juros para conter inflação
– A gente tem percebido um aumento de preços mesmo. Os sucos, o feijão, algumas frutas, tomates têm alguns outros alimentos que é bem imperceptível a mudança do aumento, principalmente, porque eles vêm em bandejinha separados os gramas e às vezes a gente não percebe, mas quando a gente está comprando o quilo, a gente percebe que tem realmente uma diferença de preço – diz a professora Ilda Gomes.
O servidor público Pedro de Alcântara também percebeu que a ida ao mercado pesou no bolso: está gastando mais com as compras da semana.
– Normalmente daria R$ 70. Agora está dando às vezes R$ 80, R$ 120, R$ 110. Oscila nesse patamar – diz Alcântara.
A queixa dos consumidores faz sentido. Os preços dos alimentos dispararam e, em 2010, foram os responsáveis pela maior inflação registrada nos últimos cinco anos.
– Foi um conjunto de coisas que aconteceram no mundo e aqui dentro internamente. No mundo, houve frustração de safras de principais produtores exportadores de grãos. É o caso, por exemplo, da Rússia, dos Estados Unidos, e isso diminuiu a oferta. E no caso do Brasil também houve frustrações de safras e com excesso de chuvas ou mesmo falta de chuvas e houve também uma pressão de demanda porque muitas classes de renda tiveram ascensão. Pessoas que estavam abaixo da linha da pobreza passaram a consumir e dentro também daqueles que já vinham consumindo houve uma melhora. Um maior poder de compra e houve uma pressão de demanda – afirma o economista Newton Marquese.
As carnes foram as campeãs de aumento em 2010. A culpa é do abate de matrizes entre 2004 e 2006, do período prolongado de seca e, principalmente, do aumento do consumo.
– O brasileiro tem consumido mais e hoje, cerca de 70% da produção do agronegócio brasileiro é consumida no próprio mercado brasileiro. Então, há uma tendência, mesmo, e há uma preocupação com relação à inflação de alimentos – explica a economista Rosimeire dos Santos.
O feijão também esteve salgado: a safra foi menor. E não é só.
– A gente tem uma política já algum tempo de estímulo do salário mínimo, que melhora a qualidade de vida do brasileiro mais pobre. Se você aumenta o salário mínimo, em termos reais, as pessoas que ganham o salário mínimo vão aumentar o seu consumo, e os bens que essas pessoas consomem são bens primários: arroz e feijão – avalia o economista José Ricardo.
Então, o que esperar para este ano?
– A agricultura, a agropecuária e o agribusiness não reagem imediatamente. Tem o momento de safra. Tem o momento do plantio. Tem o momento também dos investimentos. Então, tudo isso daí tem um impacto que é mais dilatado. Então não é imediato. A gente acredita que até o início do semestre que vem de 2011, o primeiro semestre você tenha essas pressões – conclui Marquese.
– A situação é que alguns preços são formados no mercado externo isso acaba se internalizando no mercado interno e aí sim poderia gerar inflação – completa Rosimeire.
As próximas ações do governo, dizem os economistas, podem reverter a tendência de alta dos preços.
– O governo tem que atuar no financiamento da produção e numa política de estoques reguladores para permitir com que esse problema não aconteça tão flagrantemente no futuro. Porque mesmo que tiver um impacto em termos do mercado externo, se o governo tiver condições de fazer as políticas domésticas, pra evitar com que a elevação dos preços internacionais contamine internamente, ele acaba regulando aqui dentro. É essa combinação que vai permitir uma regularização da oferta desses produtos e evitar com que a demanda, mesmo que esteja crescendo, não provoque essa forte elevação dos preços que nós estamos assistindo no momento – finaliza Marquese.
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