Japão tenta controlar usina danificada;cresce receio de radiação

Publicado em 22/03/2011 15:52
A temperatura crescente em volta do núcleo de um dos reatores na usina nuclear japonesa danificada pelo terremoto causou nova preocupação nesta terça-feira, e era necessário jogar mais água para resfriá-lo, informou a operadora da usina.

Apesar das esperanças de progresso na pior crise nuclear do mundo em um quarto de século, desencadeada por um terremoto e um tsunami que deixaram pelo menos 21 mil mortos e desaparecidos, a Tokyo Electric Power Company (Tepco), operadora da usina, disse que precisa de mais tempo antes de poder afirmar que os reatores foram estabilizados.

Técnicos que trabalham dentro de uma zona da qual a população foi retirada em volta da usina, situada na costa nordeste do Japão, a 250 quilômetros ao norte de Tóquio, ligaram cabos de força aos seis reatores e ativaram uma bomba em um deles para resfriar os bastões de combustível nuclear superaquecidos. Mas fumaça e vapor foram vistos mais tarde saindo de dois dos reatores mais problemáticos, os de número 2 e 3.

Ao longo da crise já houve várias explosões de vapor dos reatores, que, segundo especialistas, provavelmente liberaram uma pequena quantidade de partículas radiativas.

Hidehiko Nishiyama, vice-diretor geral da agência japonesa de segurança nuclear, disse mais tarde que a fumaça parou de sair do reator 3 e que havia apenas um pouco de fumaça saindo do reator 2. Ele não deu maiores detalhes, mas um vice-presidente executivo da Tepco, Sakae Muto, disse que o núcleo do reator 1 agora está causando preocupação, com temperatura chegando a 380-390 graus Celsius.

"Precisamos reduzir isso um pouco", disse Muto em coletiva de imprensa, acrescentando que o reator foi construído para funcionar a 302ºC. "Injetar água é uma opção para resfriá-lo."

Indagado se a situação nos reatores problemáticos está se agravando, ele disse: "Precisamos de mais tempo. Ainda é cedo para dizer que eles estão suficientemente estáveis."

Longe da usina, evidências crescentes de radiação em verduras, água e leite provocaram medo no Japão e fora do país, apesar de as autoridades terem garantido que os níveis de radiação não são perigosos.

A Tepco disse que radiação foi encontrada no oceano Pacífico nas proximidades da usina, o que não surpreende em vista da chuva e de os reatores estarem sendo regados com água do mar. Segundo a Tepco, parte da água que foi jogada sobre os reatores está derramando de volta no mar.

O iodo radiativo presente nas amostras de água do mar estava em níveis 126,7 vezes mais altos que o permitido, enquanto o césio estava 24,8 vezes acima, disse a agência de notícias Kyodo. Mesmo assim, de acordo com a Tepco, não há perigo imediato.

"Seria preciso beber essa água um ano inteiro para acumular 1 milisievert", disse um representante da empresa, aludindo à unidade padrão de medição de radiação.

As pessoas normalmente são expostas a entre um e dez milisieverts por ano vindas de radiação de fundo causada por substâncias presentes no ar e no solo.

O Ministério da Saúde disse que os moradores de cinco municípios em Fukushima não devem misturar água de torneira com leite infantil em pó, depois que se descobriu que a água contém mais que o nível padrão de iodo radiativo permitido para bebês. As autoridades suspenderam as vendas de leite e alguns vegetais da região.

Apesar dos avisos, especialistas dizem que a radiação medida está muito abaixo do que foi visto em Chernobyl após o acidente nuclear de 1986 na Ucrânia.

Os países vizinhos do Japão, incluindo China, Coreia do Sul, Taiwan e Tailândia, estão monitorando os alimentos importados do Japão. A agência reguladora de alimentos da Austrália disse que o risco é desprezível e que não há restrições impostas aos alimentos vindos do Japão.

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Fonte:
Reuters

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