Desvalorização do dólar prejudica receitas em MT

Publicado em 24/05/2011 14:05
A desvalorização do dólar frente ao real entra pelo seu segundo ano consecutivo e segue consumindo boa parte da receita mato-grossense originada nas exportações. Somente neste primeiro quadrimestre de 2011 cerca de R$ 526 milhões – ou pouco mais de meio bilhão – deixaram de ser contabilizados em função da perda do poder de compra com o dólar, moeda-referência para o intercâmbio comercial.

Em abril, o dólar registrou taxa média de R$ 1,58, a menor dos últimos cinco anos. No mesmo período do ano passado a média foi de R$ 1,75. Para se chegar às cifras é preciso converter à taxa atual a receita gerada com os embarques no acumulado a ser comparado. Como explica o economista e consultor da PR Consultoria, Carlos Vitor Timo Ribeiro, com o dólar de abril de 2010 as exportações do primeiro quadrimestre do ano totalizariam R$ 5,42 bilhões, contra apenas R$ 4,89 bilhões ora registrados com o dólar de abril de 2011, “daí a diferença de R$ 526,44 milhões que denominamos de perda cambial”. Em dólar, as vendas externas mato-grossenses, acumulam de janeiro a abril deste ano 3,09 bilhões, cifra 7,36% acima do realizado em igual período do ano passado.

Completando a análise, Timo Ribeiro lembra que em 2009 a taxa média do câmbio em abril foi de R$ 2,20, em 2008, R$ 1,68 e em 2007, R$ 2,03 e “despencou no mês passado para R$ 1,58”, exclama. “Sempre que houver real mais valorizado a perda é inevitável quando se trata das exportações”, pontua.

A atual perda cambial – esta registrada de janeiro a abril - é bem menor do que a observada em igual período do ano passado, quando atingiu R$ 1,30 bilhão. “O efeito negativo da apreciação cambial de 2010/2011 nas exportações estaduais fica mais evidente se compararmos com 2008/2009 quando no mesmo primeiro quadrimestre Mato Grosso obteve ganho cambial de R$ 1,37 bilhão”. Neste mesmo período, o real exibe valorização de 9,7%.

“O drama da valorização do real é que Mato Grosso vende (exporta) commodities agrícolas, o preço de uma tonelada destes produtos é cotado em dólar e na hora de converter, a defasagem cambial abocanha mais reais quando o dólar enfraquece”, explica o economista.

OUTRO LADO – Se o dólar complica as exportações - ao reduzir os ganhos e aumentar os custos de embarques –, a depreciação da moeda tem contribuído para o processo de industrialização do Estado, processo esse considerado tardio em relação ao nível de maturação encontrado nos estados do Sudeste brasileiro.

“Empresas que estão aportando investimentos em Mato Grosso estão chegando com o que há de mais moderno em tecnologia e isso é reflexo do aumento das importações, algo possível ao se aproveitar o momento de fragilidade do dólar”, destaca o economista. Em grandes centros, como São Paulo, as indústrias sofrem com a entrada de produtos similares aos que fabricam e que entram no país a preços mais competitivos, em Mato Grosso, porém esse fator negativo não é observado, “justamente por estarmos dando início à industrialização”. Ainda como aponta Timo Ribeiro, a importação estadual – com a maioria das compras voltadas aos insumos agrícolas, especialmente, fertilizantes – está focada em investimentos e há três anos o câmbio tem sido favorável ao importador. Os maquinários e equipamentos são enquadrados como bens de capital e entre os quadrimestres em comparação, houve expansão de 252%. De janeiro a abril de 2010 as compras destes itens somaram US$ 13,57 milhões e neste ano passa de US$ 47,86 milhões.

DESTAQUES – Um dos reflexos positivos deste recente, mas intenso processo de industrialização, é a avicultura. “A carne de frango, com o aumento de 23% no período, atingiu a marca histórica de 63 mil toneladas embarcadas, superando pela segunda vez o volume embarcado de carne bovina que foi de 54 mil toneladas. O crescimento acelerado dos embarques de carne de frango mostra a avicultura se consolidando como uma nova e dinâmica cadeia produtiva estadual, oportunizando a agregação de valor via conversão de proteína vegetal em proteína animal, algo proporcionado pela chegada – ou ampliação de gigantes – no Estado, como a Sadia e a Perdigão”.

Mato Grosso registra também superávit acumulado na Balança Comercial – exportações menos importações - de US$ 2,65 bilhões, valor 2,5% maior do que o saldo de US$ 2,58 bilhões do mesmo período do ano passado, respondendo isoladamente por 53% do saldo do país e sendo o 3º melhor no ranking dos estados, perdendo apenas para Minas Gerais e Pará, o que continua mostrando a nossa importância para a economia brasileira.
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Fonte:
Diário de Cuiabá

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