Alemães podem ter encontrado explicação para gravidade de 'E.coli'

Publicado em 08/06/2011 16:17
Cerca de um terço dos pacientes desenvolve complicação grave da doença. Segundo reportagens, pacientes formam anticorpos que prejudicam o corpo.
Cientistas alemães das universidades de Greifswald e Bonn dizem ter encontrado indícios que poderiam explicar a gravidade do novo tipo da bactéria E.coli enterohemorrágica (EHEC), que provoca a formação de anticorpos que atacam os tecidos dos próprios pacientes, causando danos internos graves. A informação foi divulgada pela agência de notícias Efe e pelos jornais "Die Welt", da Alemanha, e "El País", da Espanha.

Segundo as reportagens, o especialista em transfusões Andreas Greinacher disse que tudo parece indicar que os pacientes afetados desenvolvem uma reação autoimune - quando as células de defesa do corpo atacam não só as ameaças como bactérias e vírus, mas também os próprios órgãos. Outro problema está na produção de uma toxina chamada Shiga ou verotoxina.

As análises prévias realizadas indicam, segundo as reportagens, que esses anticorpos provocam problemas de coagulação, que limitam a chegada de sangue a regiões importantes do cérebro e dos rins.

Segundo informações dos órgãos de controle sanitário europeus e mesmo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a nova versão da bactéria E.Coli (O104:H4) tem causado diarreia com sangue e uma doença chamada síndrome hemolítico-urêmica (SHU). Esta última faz o número de plaquetas - células que realizam a coagulação do sangue - diminuir, levando a problemas como anemia e insuficiência renal.

Os anticorpos que atacam o próprio organismo são gerados apenas por alguns pacientes infectados. Greinacher disse que quatro pacientes com sintomas graves provocados pela infecção de E.coli foram tratados na clínica universitária de Greifswald. Eles passaram por uma diálise, que filtrou esses anticorpos. "Os primeiros desenvolvimentos dos valores sanguíneos nos fazem otimistas", afirmou o cientista.

O especialista, que fez as análises com Bernd Pötzsch, da Universidade de Bonn, comentou que ainda desconhece os motivos pelos quais esses pacientes são afetados dessa maneira pelo próprio sistema imunológico.

Segundo ele, foi comprovado um funcionamento alterado de uma proteína, o chamado fator Von Willebrand, nos vasos sanguíneos cerebrais e renais dos infectados. Ao invés de se decompor em pequenos fragmentos como seria normal, o composto acaba se acumulando e bloqueando os vasos capilares, o que agrava o quadro clínico dos pacientes.

Greinacher e Pötzsch concordam que a resposta autoimune se desenvolve "no mínimo, cinco dias depois da infecção [pela bactéria]".

"Isso explica porque os pacientes com diarreia resistiram inicialmente e só depois apresentaram os fortes sintomas neurológicos”, disse Greinacher.

Bactéria mortal: a epidemia retrocede, Alemanha reconhece erros

O ministro de Saúde alemão anunciou nesta quarta-feira uma diminuição da epidemia provocada pela bactéria E.coli que provocou a morte de 25 pessoas, após uma reunião de crise com as autoridades regionais e o Comissário europeu de Saúde John Delli.

"Não é o momento de levantar o alerta", anunciou o ministro Daniel Bahr. "O mais difícil é a situação na própria Alemanha", acrescentou.

"Após as análises dos dados e dos números apresentados pelo Instituto (de Vigilância Sanitária) Robert-Koch, temos razões para mostrar um otimismo moderado", acrescentou Bahr, para quem"o número de novas infecções diminuem de maneira continua".

"Isto quer dizer que ainda pode haver mais casos de doentes, e infelizmente mais mortes; no entanto a quantidade de novas infecções diminuiu significativamente", segundo ele.

Na terça-feira, o Instituto Robert Koch havia apontado pela primeira vez "um pequeno recuo do número de novos casos", enquanto mais de 2.600 pessoas já foram infectadas, 75% delas no norte do país.

Ele afirmou na quarta-feira que ainda não se sabe se esse retrocesso se explica pela drástica queda no consumo de legumes crus, principalmente pepinos, tomates e verduras.

No total já são 25 mortes causadas pela infecção, 24 na Alemanha, a última na região da Baixa Saxônica (norte da Alemanha) nesta quarta-feira.

A pesquisa continua tentando identificar a origem da contaminação de um tipo raro e muito perigoso da bactéria E.coli enterohemorrágica (Eceh) que causa diarreias com sangue e pode provocar doenças renais e as vezes é fatal, a chamada síndrome SHU).

Os resultados das análises de sementes produzidas em uma horta do norte da Alemanha ainda são esperados.

No entanto, "a fonte da infecção da maioria dos casos de Eceh, em 80% deles, não são identificadas", destacou Daniel Bahr.

As autoridades de Saúde e Proteção aos consumidores regionais e federais, assim como o comissário europeu de Saúde, John Dalli, se reuniram num grande hotel de Berlin.

Antes desta reunião, Dalli havia pedido de maneira "urgente" que a Alemanha cooperasse de maneira mais estrita com os especialistas estrangeiros, no jornal Die Welt.

Adotando um tom mais conciliador depois do encontro ele disse: "Contra essa epidemia temos que insistir na importância do rigor científico, numa comunicação transparente e coordenada, e numa investigação profunda", acrescentando que a Alemanha teve razão em dar o alarme.

A comunicação da Alemanha, com seu sistema federal e ministros diferentes em cada Estado regional, é pouco organizada e o ministro Daniel Bahr admitiu que era necessário "melhorar".

Alguns países como a Espanha e a Bélgica acusaram a Alemanha de criar alarmes desnecessários, causando prejuízos financeiros avaliados em centenas de milhões de euros para os agricultores europeus.

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Fonte:
G1.com + France Presse

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