Grécia seguiu e seguirá pautando os mercados na semana

Publicado em 27/06/2011 08:34
Mais uma semana ficou para trás e outra começa sem mudança nos temas em discussão no mercado mundial. O foco permanece na Grécia, onde se aguarda a votação de medidas de austeridade, que são contrapartida à liberação de ajuda financeira ao país.

Esse assunto, no entanto, deve ter algum desfecho nos próximos dias, pois, entre 29 e 30 de junho, o Parlamento grego tem de decidir se aprova ou não um redução de gastos da ordem de 78 bilhões de euros.

O outro tema em voga é o crescimento da economia americana. Nesta semana, saem dados sobre a renda e o gasto e a confiança do consumidor. Também são conhecidas a atividade na indústria e a venda de imóveis usados.

Na distante sexta-feira, a cautela seguiu falando mais alto, o que resultou em queda nas bolsas de valores de aumento no preço do dólar.

Em Wall Street, o Dow Jones cedeu 0,96%, para 11.934 pontos. O S&P 500 devolveu 1,17%, para 1.268 pontos. O Nasdaq caiu 1,26%, a 2.652 pontos. Na semana, Dow e S&P recuaram 0,6% e 0,2%, respectivamente, mas a bolsa eletrônica ganhou 1,4%, primeira alta em seis semanas.

No mercado de commodities, o barril de petróleo do tipo WTI teve leve aumento de 0,2%, a US$ 91,16, mas ainda acumulou queda de 2,4% na semana. O preço caiu com força depois que a Agência Internacional de Energia (IEA) anunciou a liberação de 60 milhões de barris de suas reservas para fazer frente à perda de produção da Líbia.

Bovespa

Sem sair da linha dos 61 mil pontos, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) teve uma semana de pouco volume e encerrou o período com ligeira baixa de 0,07%.

Na sexta-feira, que marcou a retomada dos negócios após o feriado do Corpus Christi, o Ibovespa oscilou apenas 538 pontos, antes de encerrar com baixa de 0,29%, aos 61.016 pontos. O volume financeiro situou-se em R$ 4,243 bilhões. Em junho, a bolsa brasileira acumula baixa de 5,6% e, em 2011, perde 12%.

Além da Grécia, a Itália também ganhou os noticiários depois que a agência de classificação de risco Moody's ameaçou rebaixar a nota de mais de uma dúzia de bancos italianos.

O gabinete do primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, agiu e informou que trabalha na aprovação de um plano de austeridade que inclui medidas para redução do déficit e um plano para reformar o sistema fiscal. O plano deve ser apresentado na quinta-feira, dia 30.

Câmbio

O endividamento da Grécia e a possibilidade de contágio para outros países continuaram pautando a formação de preço no câmbio local e externo. Enquanto não se vê solução para o problema, o mercado continua mais propenso à compra de dólar, não por crença na economia americana mas sim pela liquidez que a moeda oferece.

O dólar comercial encerrou o dia negociado a R$ 1,604 na venda, alta de 0,94%. Na semana, o preço da moeda avançou 0,44%, e o ganho no mês está em 1,52%.

Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o dólar pronto subiu 0,79%, para R$ 1,602. O giro caiu de US$ 275,5 milhões para US$ 147,5 milhões.

No mercado futuro, o dólar para julho registrava valorização de 0,78%, a R$ 1,607, antes do ajuste final.

No câmbio externo, o Dollar Index, que mede o desempenho da divisa americana ante uma cesta de moedas, subiu cerca de 0,50% para a linha dos 75,71 pontos, maior leitura em um mês. O euro perdeu cerca de 0,50%, a US$ 1,417.

O único evento da semana que começa e que pode descolar o câmbio local das mazelas externas é a formação da Ptax (média das cotações ponderada pelo volume), que liquida os contratos futuros de dólar.

Considerando o tamanho das posições na BM&F, a briga entre comprados e vendidos pode ser acirrada. Nos últimos meses, os vendidos, que ganham com a queda do dólar, fizeram valer sua vontade, derrubando o preço do dólar independentemente de fatores externos.

No encerramento do dia 22 de junho (último dado disponível), os estrangeiros apontavam posição vendida de US$ 20,886 bilhões, cifra recorde. Na mão oposta, estavam os bancos, com estoque comprado de US$ 16,522 bilhões.

Juros futuros

Os contratos futuros voltaram do feriado perdendo prêmio de risco. O movimento de baixa teve suporte na percepção de menor crescimento da atividade em âmbito global e ganhou respaldo no mercado de títulos dos Estados Unidos, onde a taxa do Treasury de 10 anos seguiu próxima de mínimas não vistas desde dezembro do ano passado.

Segundo o estrategista de renda fixa da Coinvalores, Paulo Nepomuceno, esse viés de baixa no crescimento global parece consolidar a ideia de que o preço das commodities não tem mais espaço para ir para cima.  Com isso, não haveria pressão adicional do setor externo sobre a inflação local.

Mesmo assim, diz o estrategista, tal cenário não tira o Banco Central (BC) do modo de aperto da política monetária. O que preocupa, diz Nepomuceno, é o gatilho de indexação armado pelo reajuste do salário mínimo em 2012.

“É pouco provável que os agentes ancorem expectativas de inflação com a existência de mecanismos fortes de indexação”, disse Nepomuceno.

Mesmo que as commodities ajudem, a alta dos salários e dos serviços continua sendo um desafio para a convergência da inflação para o centro da meta de 4,5% no ano que vem.

Olhando para a agenda da semana, os investidores aguardam o Relatório Trimestral de Inflação do BC. O documento atualiza a previsão de crescimento da economia, bem como dos modelos de inflação utilizados pela autoridade monetária.

Também saem dados sobre a concessão de crédito, superávit primário, relação dívida/PIB, produção industrial e inflação no atacado e varejo.

Antes do ajuste final de posições na BM&F, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em julho de 2011 apontava baixa de 0,01 ponto percentual, a 12,12%. Outubro de 2011 marcava estabilidade, a 12,33%. E janeiro de 2012, o mais líquido do dia, perdia 0,01 ponto, a 12,42%.

Entre os contratos mais longos, janeiro de 2013 mostrava baixa de 0,04 ponto, a 12,51%. Janeiro de 2014 perdia 0,03 ponto, a 12,44%. Janeiro de 2015 devolvia 0,02 ponto, a 12,41%. Janeiro de 2016 devolvia 0,04 ponto, a 12,31%. E janeiro de 2017 projetava 12,23%, queda de 0,02 ponto.

Até as 16h10, foram negociados 394.366 contratos, equivalentes a R$ 34,72 bilhões (US$ 21,86 bilhões), em linha com o registrado no pregão anterior. O vencimento janeiro de 2012 foi o mais negociado, com 166.215 contratos, equivalentes a R$ 15,63 bilhões (US$ 9,84 bilhões).

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Fonte:
Valor Online

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