Crise não interrompe alta dos preços agrícolas
“A situação dos EUA e da Europa é realmente muito delicada, mas não acredito que a trajetória de alta dos preços das commodities agrícolas seja revertida, fundamentalmente pela demanda asiática e de outros países emergentes que continuará a crescer”, disse Mendonça de Barros.
Segundo ele, a chave para as cotações de alimentos ainda está na China, o que sugere preços bons para a próxima safra. No médio e longo prazos, acrescenta Mendonça de Barros, o crescimento da população mundial, que em outubro próximo alcança a marca de sete bilhões de pessoas, e a espantosa velocidade do processo de urbanização nos países emergentes vão continuar a pressionar a demanda, mantendo os preços agrícolas elevados pelo menos por mais dez anos.
Veja trechos da entrevista:
Globo Rural – A tendência é de a comida ficar cada vez mais cara.
Mendonça de Barros - Por um tempo, não pelo resto da vida. O que nós temos hoje, e que deve durar pelo menos 10 anos, é que a velocidade do crescimento da demanda ultrapassou à da oferta. Em algum lugar do futuro, é muito provável que a demanda comece a mudar e oferta alcance a demanda. Vamos passar por aquilo que estão passando hoje os países mais desenvolvidos. Muda a estrutura da demanda e os volumes se reduzem, até devido a problemas de saúde como a obesidade. Os chamados alimentos funcionais passam a ser mais importantes, e aí o consumo do produto básico tende a se acomodar. Também temos que considerar que a população está envelhecendo. Pessoas mais velhas consomem produtos diferentes e em menor volume.
Globo Rural – O que senhor recomenda aos agricultores nestes anos de vacas gordas?
Mendonça de Barros - Os que aproveitam de verdade são aqueles que se mantêm. Quanto melhor for o preço do produto, mais exigente ele fica com a eficiência da fazenda para aumentar a sua margem. Ele pode até aumentar o tamanho da operação, mas jamais ao ponto de perder a liquidez. O setor agrícola é basicamente competitivo. Qualquer inovação que entre no sistema, uma variedade nova, aumenta o lucro do produtor. Mas rapidamente o vizinho copia, a cooperativa espalha a novidade e o preço cai. Você inova, quebra a cabeça e daqui a dois anos é copiado por todo mundo e o preço cai. E aí você tem que partir para outra. Assim é a vida do agricultor.
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