Contra Condicionantes: Justiça acata pedido do Ministério Público e manda ampliar Terra Indígena no Mato Grosso

Publicado em 04/04/2014 17:56 e atualizado em 09/03/2020 22:27

A Justiça Federal em Mato Grosso acatou parcialmente, na última quarta feira (2), o pedido de liminar solicitado pelo Ministério Público Federal (MPF) para que a Funai e da União concluam o processo de ampliação da Terra Indígena Manoki.

Os objetivos da ação civil pública eram concluir o procedimento administrativo de revisão dos limites da Terra Indígena Manoki, já demarcada, no prazo de 30 dias; além de obrigar a União proceda a decretar a homologatório da Terra Indígena, também no prazo de 30 dias, registrando-a no Patrimônio da União nos termos do art. 6º, do Decreto n. 1.775/96.

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Ampliação da TI Manoki inclui imóveis certificados e parte de um assentamento da reforma agrária

Conforme os autos, a Terra Indígena Manoki, localizada no Município de Brasnorte/MT, foi criada pelo Decreto Presidencial n. 63.368/1968 com 45.555 hectares. Entretanto, os limites da referida área foram questionados. De acordo com o processo, a demarcação não representaria as terras tradicionalmente ocupadas pelos indígenas, além de apresentarem condições naturais impróprias, diversas do habitat original dos Manoki.

Um novo processo administrativo foi aberto ampliando a área original para 250 mil hectares. Embora o processo reconheça que a área demarcada originalmente não corresponde à área tradicionalmente ocupada pelos índios, a mesma foi mantida no perímetro ampliado. No pedido, o MPF enfatiza que a partir do ano 2000 foram adotadas diversas providências pela Funai, buscando a realização de novos estudos e levantamentos de identificação, que concluíram pela necessidade de revisão da delimitação da Terra Indígena Irantxe, cuja área passaria de 45.556 hectares para cerca de 252.000 hectares, retificando-se também o nome da ocupação tradicional para Terra Indígena Manoki.

Tanto a Funai, quanto a União tentaram contestar a argumentação do ministério público, mas as contestações não foram aceitas pelo juízo. O pedido liminar do Ministério Público foi proferido dando 30 dias para que a Presidenta da República, Dilma Rousseff, homologue a TI Irantxe através de decreto presidencial e, em 30 dias, imponha à Funai a promover o registro em cartório imobiliário e na Secretaria do Patrimônio da União, do novo perímetro da Terra Indígena.

“Ante exposto, julgo procedente em parte o pedido, com resolução de mérito, nos termos do art. 269, I, do CPC, para determinar à Funai e à União que impulsionem e ultimem o processo de demarcação da Terra Indígena Manoki, com o cumprimento das fases previstas nos artigos 5º e 6º do Decreto n. 1.775/1996”, diz trecho da decisão.

Na decisão, o juiz federal condenou ainda União e Funai ao pagamento "solidário" de R$ 30 mil, com juros contados desde 6 de outubro de 1993, por danos morais coletivos causados aos Manoki em função da demora, bem como também por supostos crimes e danos ambientais. Em caso de atraso ou não cumprimento da medida liminar, foi estipulada multa diária no valor de R$ 3 mil. 


Presidente do Cimi pede ao Papa que pressione o Brasil a retomar demarcações de Terras Indígenas 

O presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e Bispo católico do Xingu, Dom Erwin Kräutler, foi recebido nesta sexta-feira, ao meio dia, horário de Roma, pelo Papa Francisco. A audiência ocorreu no Vaticano. O Papa ouviu reclamações sobre violações aos direitos indígenas no Brasil promovidas pelo capital privado em aliança com o governo federal. “Grupos políticos e econômicos relacionados ao agronegócio, com apoio e participação do governo brasileiro, tratam de revogar os direitos territoriais dos povos indígenas”, diz trecho do documento do Cimi entregue ao Papa Francisco.

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Dom Erwin Kräutler foi acompanhado do assessor do Cimi, Paulo Suess. Nesta quinta, 03, Kräutler e Suess se reuniram também com o prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Gerhard Ludwig Müller. 

Durante a audiência, os representantes do Cimi levaram ao Papa Francisco casos de violências a que estão submetidos os povos indígenas e seus aliados. Destacaram a questão Guarani, no Mato Grosso do Sul, e Tupinambarana, na Bahia. 

De acordo com o documento entregue ao papa, o Governo brasileiro trata com truculência os índios Tupinambá, no sul da Bahia, construindo inclusive uma base do Exército no território indígena. "No dia 7 de março de 2014, no município de Itapevi, uma aldeia Tupinambá foi totalmente destruída por homens armados a pedido de produtores rurais", diz o texto que faz ainda outras referências a "ataques do agronegócio contra o Cimi e demais organizações indigenistas". 

Dom Erwin e Paulo Suess afirmaram ao Papa Francisco que o governo da presidenta Dilma Rousseff, contrariando a Constituição brasileira, paralisou a demarcação das terras indígenas incentivando ainda mais a violência contra os direitos dos povos tradicionais. “A paralisação da demarcação é uma das principais causas de conflito e violência que sofrem os povos indígenas”, diz outro trecho do documento entregue ao Papa.

De acordo com Dom Erwin Kräutler, o Papa Francisco demonstrou atenção, preocupação e sensibilidade para com as questões levadas até ele pelo Cimi, organismo vinculado a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Leia na íntegra a versão em espanhol do documento entregue ao Papa Francisco:

Audiencia con Su Santidad el Papa Francisco – 4 de abril de 2014

Santo Padre,

Me siento muy honrado y feliz de compartir con Su Santidad las preocupaciones de todos los pueblos indígenas, de todos los pueblos de la Amazonía y de nosotros, misioneros y misioneras del Cimi, brazo indigenista de la CNBB, y estoy seguro de que las acoge con todo cariño.

Consejo Indigenista Misionero – Cimi

El Consejo Indigenista Misionero - Cimi - es un organismo vinculado a la Conferencia Nacional de los Obispos del Brasil (CNBB), fundado en 1972, durante la dictadura militar. Su misión es fomentar y coordinar la pastoral de la Iglesia Católica referente a los pueblos indígenas de Brasil. Tiene como prioridad la presencia solidaria, fundamentada en el Evangelio, entre estos pueblos en sus aldeas, siendo también su aliado en la defensa de sus derechos constitucionales y de su dignidad. Este organismo cuenta con una Secretaría Nacional en Brasilia, Capital Federal, con 11 regionales y 88 Equipos de Base, donde operan cerca de 240 misioneros (laicos, religiosos/as, sacerdotes, obispos), y 30 empleados (asesores de prensa, abogados, asesores teológicos, antropológicos y de documentación). 

El Cimi contribuyó de manera decisiva para que los pueblos indígenas superasen el proyecto integracionista brasileño durante la dictadura militar y conquistasen el reconocimiento de "su organización social, costumbres, lenguas, creencias y tradiciones, y su derecho originario sobre las tierras que tradicionalmente ocupaban“ (Artículo 231 de la Constitución Brasileña) – (1).

Ataque a los Derechos Indígenas

Grupos políticos y económicos relacionados con la agroindustria, la minería y empresas de construcción, con el apoyo y la participación del gobierno de Brasil, tratan de revocar los derechos territoriales de los pueblos indígenas. Para lograr este objetivo utilizan sistemáticamente instrumentos político-administrativos, judiciales y legislativos (2).

Paralización de la Demarcación de Tierras Indígenas en Brasil

Contrariamente a lo que determina la Constitución brasileña, el gobierno Dilma sus-pendió la continuación de los procedimientos administrativos para el reconocimiento y la demarcación de las tierras indígenas en el país (3). La paralización de La demarcación es una de las principales causas de conflictos y violencia, que sufren los pueblos indígenas.

Aumento de la violencia contra las personas y sus aliados

Las comunidades indígenas y los misioneros del Cimi son hoy atacados sistemática-mente por los diputados que encarnan los intereses de la agroindustria y de los ganaderos. Veamos solo algunos ejemplos más recientes:

Destrucción de una aldea del Pueblo Tupinambá, en Bahía:

El 7 de marzo de 2014, en el municipio de Itapevi, fue totalmente destruida una aldea de los Tubinambá por hombres armados a pedido de los ganaderos. El Cimi está prestando asistencia jurídica y social. 

Incendio de la casa de un agricultor que apoyaba al Pueblo Kaingang:

El 13 de marzo de 2014, el agricultor Alécio Andriolli , de 62 años, vio su casa ser totalmente quemada, en la municipalidad de Seara, al Oeste del estado de Santa Catarina, por ser solidario con los Kaingang. La diócesis de Chapecó ayudó económicamente al agricultor y el Cimi le prestó apoyo legal,

Ataques al Cimi y a la Iglesia Católica:

Debido a la defensa de los pueblos indígenas, el Cimi es también responsabilizado criminalmente y sufre frecuentes ataques de los representantes de la agroindustria. Varias diócesis (obispos) y parroquias (sacerdotes) sufren la presión de los ganaderos.

Acorralamiento de los pueblos indígenas en Mato Grosso do Sul

En el estado de Mato Grosso do Sul, el Pueblo Guaraní- Kaiowá, con una población de 45 mil personas, ocupa menos de 30 hectáreas de tierra. El confinamiento en área tan pequeña trae consigo muertes, suicidios y sufrimiento atroz y permanente (4). 

Hepatitis Endémica en la Tierra Indígena Valle de Javari - Amazonas

En los últimos diez años, muchos indígenas han muerto a causa de la precaria asistencia sanitaria por parte del Estado brasileño, sobre todo en la Tierra Indígena Valle de Javari, en el estado de Amazonas. Un 85 % de los indios ha tenido contacto, o está contaminado por uno o varios virus de hepatitis, especialmente del tipo "B " - que es mortal y no tiene cura (5). 

Compañías de Desarrollo causan violentos impactos en Tierras Indígenas en Brasil: Concretamente en Belo Monte

En este momento hay 519 empresas de tamaño medio y grande, que causan impacto en 437 propiedades pertenecientes a 204 Pueblos Indígenas del Brasil. Las inundaciones y la deforestación, el estropicio, la contaminación, la propagación de enfermedades y los conflictos internos son sólo algunas de las graves consecuencias que afectan a los pueblos indígenas. 

La construcción de la central hidroeléctrica de Belo Monte, Altamira, Prelatura de Xingu, estado de Pará, es un caso emblemático de esta realidad. Todas las recomendaciones técnicas de expertos en el sector de la energía no han logrado convencer al gobierno brasileño de sus equívocos. La construcción de la hidroeléctrica Belo Monte ya está causando un verdadero caos social y ambiental entre los pueblos indígenas, los ribereños y la población urbana. Alrededor de 40 mil personas están directamente afectadas por el proyecto y tendrán que abandonar sus hogares.

El Riesgo de Exterminio de Pueblos Aislados en la Amazonia Brasileña

Existen en la Amazonia brasileña alrededor de 90 grupos de pueblos indígenas en situación de aislamiento, sin contacto con la sociedad nacional. Muchos de ellos se encuentran en gran riesgo de destrucción a causa de proyectos como embalses de empresas hidroeléctricas, proyectos de minería y deforestación a gran escala para la cría de ganado y plantaciones de soja en la región.

Solidaridad con el Cimi y con los pueblos indígenas en Brasil

Nosotros en Brasil nunca olvidaremos la cariñosa presencia de Su Santidad en la Jornada Mundial de la Juventud en julio de 2013 y pienso que Su Santidad tampoco se olvidará del gesto de un indígena que le colocó un atuendo de plumas (cocar) en Su cabeza. En aquella oportunidad un indígena de apenas 14 años del Pueblo Pataxó afirmó: "A mí me parece fantástico que alguien de nuestra comunidad tuviera la oportunidad de conocer al Papa. Nosotros estamos aquí representando a todos los indígenas de Brasil". Varios indígenas de la Amazonia dijeron que esperaban que el Papa los ayudara a proteger sus tierras. 

Jamás olvidaremos también su discurso a los obispos cuando pidió el "Respeto y la Protección” de toda la creación que Dios le ha confiado al hombre, no para que sea explotada de manera indiscriminada, sino más bien para ser convertida en un jardín".

Agradezco de todo mi corazón a Su Santidad la oportunidad de haberme recibido en audiencia. 

Erwin Kräutler C.PP.S.
Obispo del Xingu y Presidente del Cimi

Notas de rodapé: 

1.Según los datos del Instituto Brasileño de Geografía y Estadística (IBGE), catastro de 2010, existen en Brasil 896 mil indígenas, pertenecientes a 305 pueblos, que hablan 274 lenguas. 
2.Poder Ejecutivo: Porterías 419/11 e 303/12 e Decreto 7957/13. Poder Legislativo: Propuestas de Emiendas Constitucionales (PEC) 215/00; 038/99 y los Proyectos de Ley 1610/96 e 227/12. Poder Judiciario: el instrumento de las “Suspensiones y Seguridad”. 
3.En 2013 solo fue demarcada una Tierra Indígena en el país y en 2014 ninguna. 
4.Entre 2000 y 2013, acontecieron 463 suicidios de indígenas en Mato Grosso do Sul. Por otra parte, entre 2003 y 2012, de los 563 indígenas asesinados en Brasil, el 55% ( o sea 317) se dieron en Mato Grosso do Sul. Muchas familias Guaraní y Kaiowá viven ahora en campamentos al margen de las carreteras. 
5.En 2010, en un período de 40 días, murieron 12 menores pertenecientes al Pueblo Kanamari. Otro cuadro que nos causa preocupación es el gran número de huérfanos que perdieron sus progenitores a causa de las enfermedades 

Agricultores rejeitam áreas oferecidas pela Incra para reassentamento dos expulsos da Awá-Guajá, no Maranhão 

O pequeno agricultor Antônio Moraes da Silva, expulso pela Funai do povoado Cabeça Fria, disse que os agricultores que vivem na área demarcada pela Funai no Maranhão não se adaptarão à forma de produção coletiva dos locais onde o Incra pretende reassentá-los. “Na nossa visita ao assentamento vimos que lá as famílias plantam em lotes coletivos. Queremos a demarcação individual dos lotes”, asseverou Silva ao Juiz do caso, José Carlos do Vale Madeira.

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Pequenos agricultores estão sendo expulsos de suas terras pela Funai 

O juiz federal da 5° Vara da Seção Judiciária do Maranhão, se reuniu com representantes do Governo Federal para avaliar o andamento das ações de expurgo das famílias de não índios que vivem na área demarcada pela Funai como Terra Indígena Awá, localizada no noroeste do Maranhão. A reunião ocorreu na última terça-feira (1°), às 15 horas, na Sede da Justiça Federal, em São Luís. Madeira foi informado de que uma comissão de trabalhadores rurais visitou, no período de 26 a 30 de março, as áreas em Coroatá e Parnarama disponibilizadas pelo Incra no Maranhão para o reassentamento das 225 famílias expulsas pela Funai.

A comissão foi composta por cinco trabalhadores rurais, com a participação de grupos dos três maiores povoados existentes no perímetro demarcado como Terra Indígena Awá: Caju, Cabeça Fria e Vitória da Conquista. Os três estão sendo completamente demolidos pela Funai.

Na reunião, o coordenador-geral de Movimentos do Campo e Territórios da Secretaria Nacional de Articulação Social, da Secretaria-Geral da Presidência da República, responsável pela operação de limpeza étnica, Nilton Tubino, informou que a operação será prorrogada até o dia 20 de abril.

“Precisamos de mais alguns dias para retirar as 28 famílias que ainda estão no povoado Vitória da Conquista, fechar alguns ramais de estradas, colocar placas indicando os limites da reserva indígena, enfim, fazer os últimos acertos”, explicou Tubino, lembrando que toda a rede elétrica do programa Luz Para Todos do Governo Federal existente dentro da área demarcada (postes, transformadores e fiação) será retirada pela Companhia Energética do Maranhão (Cemar) após esse prazo.

O juiz federal José Carlos do Vale Madeira agendou para o dia 24 de abril, às 15h, na sede da Justiça Federal do Maranhão, a próxima reunião do Comitê de Acompanhamento da Desintusão da Terra Indígena Awá. O prefeito de Parnarama, Davi Carvalho, que é contra o envio das degredados, será convidado a participar. O objetivo é sensibilizá-lo a mudar de ideia e apoiar as famílias que estão sendo expulsas de São João do Caru.

“O município precisa apoiar esta ação, construindo escolas, postos de saúde, melhorando as estradas de acesso ao assentamento. Essas famílias precisam ter acesso às políticas públicas para se manterem na área”, explicou o juiz. Também participaram da reunião na Justiça Federal o procurador da República Alexandre Soares, representantes da Advocacia-Geral da União, Funai, Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazôni (Censipam), Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Força Nacional e Companhia Energética do Maranhão (Cemar).

Conflitos gerados pela Funai incidem sobre 285 municípios 

As disputas por espaço decorrentes das demarcações de terras indígenas estão crescendo no Brasil na medida em que a Funai acelerou os processos de demarcação nas regiões sul e centro-oeste. De 1988 até hoje, as terras indígenas passaram de 16 milhões para 110 milhões de hectares, o que representa 13% do território nacional e um crescimento de 593%.

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Os conflitos com propriedades invadidas chegam a 285 municípios em todo o país, segundo estimativa da CNA. Os problemas se concentram no Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Bahia, mas estão presentes em pelo menos 13 estados. A polêmica, contudo, gira em torno do processo de demarcação, hoje a cargo exclusivo da Funai. O modelo atual gera suspeitas por parte do setor produtivo, inclusive de atuação política e ideológica a favor dos indígenas.

Para o procurador de Justiça do Rio Grande do Sul e membro do Grupo de Trabalho Indígena do mesmo estado, Rodinei Candeia, os processos obscuros das demarcações em áreas ocupadas por agricultores não indígenas são parte de uma estratégia política para ampliar as reservas a qualquer custo. “A Funai, o MPF e as ONGs envolvidas têm um perfil ideológico definido e querem impor suas concepções ao país”, indica o procurador. “É claro o desvio de finalidade e a manipulação grosseira dos laudos para caracterizar as áreas como indígenas”, acrescenta Candeia.

Foi Rodinei Candeia quem levantou a lebre da fraude na demarcação da Terra Indígenas do Mato Preto, no norte do Rio Grande do Sul. Documentos públicos compilados por Candeia expuseram a atuação da antropóloga responsável pela demarcação. “A narrativa de que a antropóloga participou de sessões com uso do chá do Santo Daime, tão surpreendente quanto absurda, foi feita por ela mesma em sua tese de doutorado, disponível no site da Universidade Federal de Santa Catarina. O importante é que a tese descreve de fato como foi decidida a invasão de uma área em Mato Preto para reivindicação como indígena, diferentemente do que consta no laudo realizado pela mesma antropóloga, que fora nomeada como chefe do Grupo de Trabalho da Funai”, detalha Rodinei Candeia.

Clique aqui a faça o download da tese da antropóloga onde é relatado o ritual com chá do Santo Daime que levou à demarcação da Terra Indígena do Mato Preto. Em função da sua atuação contra a expropriação de terras promovida pela Funai através de laudos de demarcação, Candeia foi afastado do tema por uma ação do Governo do Estado do Rio Grande do Sul. 


Os assassinos de Humaitá vão pagar por seus crimes?, por Sérgio Pires

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No próximo dia 16, se completarão quatro meses do sequestro e assassinato de três pessoas, na aldeia Tenharim, em Humaitá. O triplo crime bárbaro, vitimou três pais de família, inocentes, que passavam pelo local porque estava a trabalho, na busca de seu sustento. Cinco índios foram presos, entre eles dois filhos do Cacique Ivan Tenharim, que morrera dias antes num acidente de moto, mas que, segundo as versões até hoje não contestadas, seria o motivo da vingança. Os índios não acreditaram que seu cacique havia bebido demais e andava em alta velocidade com sua moto, mas que ele teria sido morto por brancos. O triplo assassinato de Humaitá revoltou a população, que em pleno dia de Natal, no final do ano passado, incendiou o prédio da Funai, queimou veículos e um barco que servia para atender a tribo. Passado todo esse tempo - e até em função de novos acontecimentos, como a grande enchente do rio Madeira, que isolou também várias áreas de Humaitá - o assunto finalmente voltou ao noticiário e não caiu no esquecimento, como se poderia esperar.

O caso dos índios matadores andou. A Justiça do Amazonas decretou a prisão preventiva deles. Finalmente, uma ação louvável! As famílias, que perderam seus entes queridos por nada, continuam inconformadas. A sociedade espera mesmo a verdadeira Justiça. O que não pode acabar acontecendo é que quem matou brutalmente três seres humanos indefesos, fique sem ser julgado e sem penas pesadas a cumprir. Não se está sendo pessimista. Mas se até hoje, dez anos depois do massacre dos 27 garimpeiros em Roosevelt, nenhum entre a mais de uma centena de índios denunciados sequer foi indiciado, imagine-se "apenas" três vidas de brancos. Ainda bem que o Judiciário amazonense não topou partir para o caminho da impunidade. Ao menos até agora...

Texto publicado originalmente no site www.rondoniadinamica.com 

 

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Fonte:
Questão indígena

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4 comentários

  • Aredson Inácio Palmeira das Missões - RS

    Quando o PT chegou ao poder, na figura do Lula, pensei que ao menos uma coisa boa ia acontecer. Finalmente todos os ladrões iriam para a cadeia. FHC finalmente iria pagar pelos crimes que o PT o acusava, pois finalmente teria em mãos todos os intrumentos necessários para isso. Iriam para a cadeia os estelionatários, os bandidos que mandavam matar indios, era questão de tempo, era esperar para ver. E, para surpresa geral, dois anos depois, o quê veio, é, o mensalão. O mensalão!!!! E o que faz o PT, então> De paladino da moral e dos bons costumes, passa a defender os bandidos!!! Como>>> É, o PT. Comprou a legitimidade da casa de representação dos Brasileiros. O PT transformou o congresso nacional em um grande puteiro. Por isso, tudo o que foi votado durante esse triste periodo não poderia valer. O PT não poderia processar FHC por que não tem provas de nada. Já Ivo Patarra provou tudo contra o Lula, é, tem um livro na internet, de graça, que nenhuma gráfica quis publicar. As provas estão todas lá. O livro chama, O Chefe. E agora o escândalo da petrobrás, e tem gente que ainda fala que, como não se pode recuperar o dinheiro, não se deve investigar, que sigam roubando. É melhor ser aliado dessa gente. Quem sabe a gente consegue alguma coisinha>> Não dá. Não consigo. FHC errou em muitas coisas, criou o ministério da reforma agrária, governou por medidas provisórias, assinou decretos absurdos, mas o fez dentro da lei. Hoje vemos os representantes dos agricultores e pecuaristas, e mesmo das áreas urbanas, sofrendo derrotas em cima de derrotas para o Cimi, para as ONGS, uma parlamentar chegava quase a chorar quando ouvia falar do Cimi. Houve uma dupla falha. Falharam duas vezes, perderam na justiça e falharam na representação aos produtores quando permitiram que passassem as medidas provisórias, leis e decretos que tornaram o que está ocorrendo hoje possivel.

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  • victor angelo p ferreira victorvapf nepomuceno - MG

    No mundo atual existem vários tipos de ingerências ou mesmo intervenções em países concorrentes...A que existe no Brasil é bem diferente de outras como a do Iraque e Líbia...A ocupação dos terrenos férteis que seriam futuros concorrentes dos nossos "amiguinhos" produtores do norte, são ocupados pelos Ìndios que lhes guardam as terras para uma ocupação de suas multinacionais...Quer dizer que vão plantar nos EEUU e colher no Brasil também.Os "laranjas' bem plantados aquí fizeram a opção da troca do poder pela entrega de nossa soberania...Não é atoa que os melhores "PHds" são formados em Harvard!

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  • Lourivaldo Verga Barra do Bugres - MT

    Parece que Igreja Católica, quer corrigir um erro do passado, quando catequisou os índios; com um erro no presente desalojando trabalhadores de suas terras. Não tenho conhecimento se índio paga dízimo e contribui com a manutenção da Igreja. Acho que a Igreja tá dando um tiro no pé! O CIMI precisa ser investigado pela própria Igreja, pra ver qualé a intenção que está por trás!

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  • EDMILSON JOSE ZABOTT PALOTINA - PR

    Como Catolico , acredito muito no Papa Francisco , pelas suas atitudes , dedicação demonstradas ate agora . Espero que o SANTO PAPA , ouça o outro lado que são os produtores rurais , grandes , pequenos e medios deste BRASIL , como em toda sociedade temos o JOIO E O TRIGO , na IGREJA CATOLICA TAMBEM TEMOS OS DOIS , precisamos separa loS e avaliar melhor quem realmente esta destruindo os POVOS INDIGENAS . E preciso que urgentemente a IGREJA ponha freio no CIMI antes que este acabe com a comunidade da Igraja Catolica que e a base de todos os POVOS do mundo .

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