Parlamentares questionam nova MP que transfere demarcação de terras indígenas para Agricultura

Publicado em 20/06/2019 10:33

LOGO REUTERS

BRASÍLIA (Reuters) - Senadores e deputados questionaram nesta quarta-feira a edição de uma nova medida provisória do governo para a reestruturação de ministérios que mais uma vez transfere a demarcação de terras indígenas para o Ministério da Agricultura.

O Congresso já havia se pronunciado sobre o tema e decidiu que a demarcação deveria fica a cargo da Fundação Nacional do Índio (Funai), vinculada ao Ministério da Justiça, quando discutiu uma outra medida provisória, editada pelo presidente Jair Bolsonaro no primeiro dia de seu governo.

Mas a publicação de uma nova MP nesta quarta-feira, retomando a ideia do governo de atribuir essa prerrogativa à Agricultura, entre outros pontos, provocou reações no Parlamento.

O partido Rede Sustentabilidade apresentou uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a anulação da MP. Também protocolou um mandado de segurança pedindo que a corte proíba a reedição do texto.

“Bolsonaro se elegeu com o discurso da 'nova política', mas até agora fica claro, por suas atitudes, que a política que se propõe é a do autoritarismo, a da imposição de sua vontade ao Congresso Nacional e, consequentemente, o povo brasileiro", afirmou o líder da Minoria no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), para quem a reedição do texto “entrega a chave do galinheiro para a raposa”, segundo sua assessoria.

Já a líder do Cidadania no Senado, Eliziane Gama (MA), solicitou ao presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), a devolução da medida, por considerá-la "flagrantemente insconstitucional".

"O Congresso Nacional deve negar a validade da tramitação da MP tendo em vista que se trata de reedição de medida provisória", defendeu a senadora.

Na Câmara, a reação não foi diferente e o líder do PSOL na Casa, deputado Ivan Valente (SP), encaminhou ofício a Alcolumbre, que também preside o Congresso, para que devolva a MP, alertando que o partido recorrerá ao Supremo caso o pedido não seja atendido.

“Bolsonaro insiste em governar por decreto e medidas provisórias, desrespeitando a Constituição Federal e o próprio Congresso Nacional. Edita agora a MP 886 restabelecendo ao Ministério da Agricultura a função da demarcação de terras indígenas, pendor já derrotado na MP 870, numa manobra ilegal e inconstitucional para atender interesses econômicos espúrios e prejudiciais aos povos indígenas”, criticou o líder.

Mais cedo, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) repudiou “veementemente” a nova MP por meio de uma nota e a considerou “flagrantemente inconstitucional”, lembrando que o Congresso já havia se manifestado sobre a alocação da demarcação das terras indígenas.

“O governo Bolsonaro comete desvio de funções, afronta o Congresso Nacional, promove uma verdadeira balbúrdia política e jurídica, com o que obstrui maliciosamente os procedimentos de demarcação de terras indígenas no Brasil”, diz o órgão, na nota.

Além de mudar a competência de demarcação das terras indígenas, a MP publicada nesta quarta também modifica a estrutura de ministérios e retira a articulação política da Casa Civil, comandada pelo ministro Onyx Lorenzoni.

(Reportagem de Maria Carolina Marcello)

(Edição de Alexandre Caverni)

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Fonte:
Reuters

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário