Com recuo em Chicago, soja fecha o dia em baixa nos portos brasileiros

Publicado em 07/07/2014 17:00

O mercado internacional da soja fechou a sessão regular desta segunda-feira (7) com expressiva baixa, principalmente nos primeiros vencimentos. O contrato agosto/14 liderou as perdas na Bolsa de Chicago e fechou o dia cotado a US$ 12,73 por bushel, com queda de 26,50 pontos. Durante o dia, a posição bateu na mínima de US$ 12,69 ao recuar 30 pontos. 

As perspectivas de uma grande safra nos Estados Unidos têm sido o principal fator de queda para os preços nesse momento. Porém, um movimento de liquidação de posições por parte dos fundos de investimento, intensificado pelo mau humor do mercado financeiro, contribuiu para o recuo forte dos preços. Por conta desse último cenário, o dia foi de queda generalizada entre as commodities. 

Nem mesmo os números trazidos pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) sobre os embarques semanais ajudaram a amenizar as baixas registradas pela oleaginosa nesta segunda em Chicago. De acordo com o boletim de inspeções de exportações, os EUA embarcaram, na semana que terminou em 3 de julho, 59.959 mil toneladas de soja, contra 74,324 mil toneladas da semana anterior. 

Assim, no acumulado do ano safra, o total de soja embarcada pelo país soma 42.659,339 milhões de toneladas, frente à projeção do USDA para toda a temporada de 43,55 milhões de toneladas. No ano passado, nesse mesmo período, o total era de 35.090,098 milhões de toneladas. 

Mercado Financeiro

No mercado financeiro, um dos principais fatores que amargou o humor dos investidores foi a possibilidade de o FMI (Fundo Monetário Internacional) reduzir suas perspectivas de crescimento para a economia mundial em seu próximo relatório trimestral que deverá ser divulgado ainda este mês. 

Como explicou o economista Roberto Troster, as expectativas de um possível crescimento menor do que o vinha sendo esperado poderia reduzir a demanda por commodities - e não só as agrícolas - o que resultaria, portanto, em preços menores. Assim, os investidores acabam se mostrando mais avessos ao risco, migrando para ativos, nesse momento, mais seguros, como os treasures americanos, ou seja, títulos do governo dos EUA. 

Atualmente, o ganho em investimentos como esse dos Treasures são de 3,23%, com um ganho real de 1,23% se descontada a inflação norte-americana. "Esse ganho é menor do que títulos da dívida brasileira, por exemplo, mas é mais garantido", explicou o analista financeiro Miguel Daoud. 

Em uma conferência na França, no último domingo (6), a presidente do FMI, Christine Lagarde, afirmou que, apesar de estar ganhando velocidade, o crescimento da economia mundial não caminha como era previsto. No último relatório reportado pelo FMI, o World Economic Outlook, divulgado em abril, a expansão da economia global foi projetada em 3,6% para este ano e, para 2015, o número foi de 3,9%. 

Nova safra dos EUA

Paralelamente, o clima favorável e o bom desenvolvimento das lavouras nos Estados Unidos fortalecem as projeções de uma boa e grande safra no país. Em seu último boletim, o USDA projetou uma área de plantio de soja na safra 2014/15 superior a 34 milhões de hectares e, ao se confirmar, a produção nacional poderia chegar a mais de 100 milhões de toneladas, segundo explicam analistas. 

"Acreditava-se que poderia haver alguma alteração nas perspectivas climáticas nos Estados Unidos durante o último final de semana, o que não aconteceu, as previsões positivas se mantiveram nos mapas e isso ainda segura essa perspectiva baixista para os preços", explica Stefan Tomkiw, analista de mercado da Jefferies Corretora.  

A classificação das lavouras em boas ou excelentes condições também têm sido mostra-se como outro fator de confirmação dessas projeções de uma grande safra norte-americana e são os melhores índices para um período de início de plantio em 10 anos. Agora, ainda de acordo com Tomkiw, o grande debate no mercado internacional de soja tem sido em torno de uma confirmação ou não sobre essa alta produtividade que tem sido projetada nos Estados Unidos. 

Força da demanda

Ao lado desse quadro de um possível grande aumento da produção americana, há ainda uma grande força da demanda, além de sinais de crescimento do consumo. Nesta segunda-feira, o USDA anunciou, além dos bons embarques semanais da safra 2013/14, a venda de 347 mil toneladas de soja da temporada 2014/15 para a China e, ainda segundo números do USDA, as exportações dessa nova safra americana caminham em ritmo acelerado. A expectativa é de que, somente a nação asiática, nesse novo ano comercial, some mais de 72 milhões de toneladas da oleaginosa.  

"A demanda segue crescendo ano a ano ainda que nós possamos ver uma redução do crescimento econômico mundial", explica o analista.

Apesar disso, Tomkiw afirma ainda que, nesse momento, o viés para os preços em Chicago, por conta desse quadro de oferta, é de valores mais pressionados. No entanto, diz ainda que o mercado deverá se manter bastante volátil daqui em diante, principalmente por conta da influência das condições climáticas nos Estados Unidos sobre o mercado de grãos de forma cada vez mais acentuada. 

Mercado Interno

Frente a esse cenário, portanto, os preços no Brasil também trabalham mais pressionados. Porém, o mercado interno consegue compensar o expressivo recuo em Chicago com os altos prêmios pagos nos portos brasileiros. Em Paranaguá, os valores variam, para os vencimentos mais praticados, de US$ 0,35 a US$ 1,80 sobre os valores praticados em Chicago. 

Ainda assim, o sojicultor segue retraído nas vendas, evitando trazer ao mercado uma pressão de oferta, embora o disponível de produto no Brasil também não apresente um alto volume, e aguardando por melhores oportunidades de comercialização. 

Nesta segunda-feira, a soja disponível fechou o dia valendo US$ 68,00 por saca no Porto de Paranaguá, com queda de 2,86%, e no de Rio Grande, o valor final foi de R$ 67,50, recuando 1,03%. 

Leia também:

>> FMI pode reduzir projeção para crescimento da economia mundial e commodities recuam

 

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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