Nova safra caminha bem nos EUA e soja volta a cair em Chicago

Publicado em 15/07/2014 07:27

Nesta terça-feira (15), os futuros da soja voltaram a recuar na Bolsa de Chicago. O mercado novamente perde fôlego ao se focar nos últimos números trazidos pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), ontem, sobre as atuais condições das lavouras norte-americanas. 

De acordo com o boletim de acompanhamento de safras reportado no final da tarde desta segunda-feira (14), depois do fechamento positivo na CBOT, 72% das lavouras estão em boas ou excelentes condições, mesmo número da semana anterior. Em situação regular se encontram 22% das plantações e 6% em condições ou muito ruins. Na semana passada, esses números eram, respectivamente, 23 e 5%. 

O departamento informou ainda que o índice de lavouras de soja que já floresceram está em 41%, contra 24% da semana anterior e 37% da média dos últimos cinco anos. 

Assim, por volta das 7h10 (horário de Brasília), os principais vencimentos perdiam pouco mais de 5 pontos. O contrato agosto/14 valia US$ 11,87 por bushel, recuando 9,25 pontos, e o novembro/14, referência para a nova temporada dos EUA, era cotado a US$ 10,81, recuando 5,25 pontos. 

As condições de clima nos Estados Unidos continuam bastante favoráveis e, segundo informações de agências internacionais, esse quadro deverá se manter por, pelo menos, mais duas semanas. 

"Os preços deverão se manter pressionados no curto prazo, com temperaturas abaixo da média previstas para até o final da semana, o que sustenta as expectativas de que a safra dos Estados Unidos irá contar com uma alta produtividade. A safra norte-americana está estável e sobre pouco stress", disse o analista internacional Paul Deane à agência Bloomberg. 

Veja como fechou o mercado nesta segunda-feira:

Soja devolve parte dos ganhos, mas fecha o dia em alta na CBOT

O mercado da soja na Bolsa de Chicago interrompeu uma série de dez pregões consecutivos de baixas e fechou a sessão regular desta segunda-feira (14) em alta na Bolsa de Chicago. O vencimento mais negociado nesse momento, o agosto/14, no entanto, devolveu boa parte dos ganhos registrados ao longo do dia e encerrou o dia com apenas 1,25 ponto de alta e, novamente abaixo dos US$ 12,00 por bushel. 

Assim, apesar dos elevados prêmios que continuam sendo pagos nos portos brasileiros - R$ 1,65 acima do vencimento agosto e R$ 2,05 sobre o contrato setembro - o preço da soja no porto de Paranaguá voltou a recuar e terminou a segunda-feira com baixa de 1,49%, com a saca valendo R$ 66,00, enquanto no porto de Rio Grande o preço ficou estável em R$ 65,00. 

São esses prêmios que ainda evitam que as perdas sentidas pelo produtor brasileiro diante do atual cenário de preços praticados em Chicago sejam menos severas. "Quase não há dúvida de que é melhor vender a soja disponível agora com esses prêmios altos, ou pelo menos até agosto", orienta o consultor de mercado Carlos Cogo, da Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica. "Quanto mais avança a safra dos Estados Unidos, menor será a cotação em Chicago, por mais alto que seja o prêmio", completa. 

Exportações brasileiras e mercado interno

Como explicou Ênio Fernandes, consultor em agronegócio, esses prêmios continuam indicando a pouca oferta disponível de soja no Brasil e a demanda ainda bastante aquecida pelo produto brasileiro. Da safra 2013/14, já foram exportadas 31,77 milhões de toneladas, de um total estimado em pouco mais de 44 milhões de toneladas. 

Nas duas primeiras semanas de julho, as exportações de soja em grão totalizaram 2,885 milhões de toneladas, gerando uma receita de US$ 1,503 bilhão, com o preço médio da oleaginosa valendo US$ 521,10. Em relação a julho do ano passado, o volume é 30,3% maior, a receita apresenta um incremento de 25,6%, porém, o preço é 3,6% menor. As informações são da Secretaria de Comércio Exterior, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio 
Exterior. 

Já as vendas externas de farelo, no mesmo período, foram de 434,9 mil tonelas, com uma receita de US$ 220,5 milhões e, as de óleo, somaram 41,3 mil toneladas, rendendo US$ 35,7 milhões nas duas primeiras semanas deste mês. Ambos os produtos, no entanto, apresentaram volumes menores do que o registrado no mesmo período de 2013. 

"Nós temos exportado bem e isso deve continuar, o que deve continuar, portanto, favorecendo os prêmios no Brasil, que seguem bons e crescendo", explica Fernandes. "O mercado está se comportando como era esperado diante do quadro atual, as quedas já eram esperadas, porém, vieram um pouco mais cedo do que se projetava", completa. 

Até o último dia 11, o Brasil já havia comercializado 82% de sua safra, segundo o último levantamento da consultoria Safras & Mercado. Apesar de o mercado brasileiro ter registrado um leve aumento no ritmo de negociações - mas ainda segue lento com os produtores retráidos nas vendas - o número segue abaixo do que foi registrado nas duas safras anteriores - 2012/13 e 2011/12 - onde os índices foram de 84 e 95%, respectivamente. 

Safra Nova dos EUA

Apesar desse novo quadro de preços para a soja, principalmente no mercado internacional, os preços e o caminhar dos negócios irão depender, agora, do comportamento do clima no Meio-Oeste norte-americano. Os dados trazidos pelo USDA na última sexta-feira (11) chegaram ao mercado causando um impacto bastante severo e levaram as cotações, segundo explicaram analistas, a um novo patamar de negociações, refletido, principalmente, no vencimento novembro que opera abaixo dos US$ 11 por bushel. 

O departamento norte-americano aumentou sua estimativa para anova safra dos EUA de 98,93 milhões para 103,42 milhões de toneladas, com uma produtividade de mais de 51 sacas por hectare. A área plantada com a oleaginosa indicada pelo departamento para a temporada 2014/15 é de mais de 34 milhões de hectares e, caso esses números se confirmem, os estoques finais norte-americanos serão de mais de 11 milhões de toneladas. 

"Ainda há um mercado climático a ser percorrido do fim de julho até agosto e isso pode trazer alguns momentos de altas nos preços. Mas, o caminho natural do vencimento novembro/14 é na direços dos US$ 10,00 por bushel e o produtor deveria fazer seu planejamento em cima disso", acredita Carlos Cogo. 

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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