Soja tem início de semana forte em Chicago e registra altas de dois dígitos nesta 2ª feira

Publicado em 08/08/2016 08:05

Nesta segunda-feira (8), a semana começa positiva para o mercado da soja na Bolsa de Chicago e, perto de 7h40 (horário de Brasília), as cotações subiam de 10,25 a 13,25 pontos nos principais vencimentos. Assim, o agosto/16 valia US$ 10,17 e o novembro/16, que é indicativo para a safra dos EUA, valia US$ 9,85 por bushel. 

Com as altas de hoje, os futuros da oleaginosa contabilizam a quarta sessão consecutiva de ganhos e registra seu rally mais longo, sem interrupções, desde o meio de abril, de acordo com informações da Reuters Internacional. Segundo analistas ouvidos pela agência, a onda de compras que foi recebida pelo mercado na última semana foi importante para trazer um suporte aos preços. 

"Os estoques muito apertados da América do Sul permitiram um aumento da demanda pela soja dos EUA, o que está, agora, ajudando a amenizar os impactos de uma grande safra norte-americana esperada para este ano", diz o diretor de estratégia agrícola do Commmonwealth Bank of Australia, Tobin Gorey. 

Para esta semana, porém, além dos boletins semanais tradicionais de embarques e acompanhamento de safras nesta segunda e do de vendas para exportação na quinta (11), o mercado aguarda ainda o novo reporte mensal de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) e as especulações são grandes e, como sempre, podem trazer volatilidade aos negócios de Chicago. 

Veja como fechou o mercado na última semana:

Soja: Dólar despenca frente ao real e mercado brasileiro tem mais uma semana negativa no interior e portos

A volatilidade tomou conta dos negócios com a soja na Bolsa de Chicago e, apesar do fechamento positivo nesta sexta-feira (5), com altas de mais de 14 pontos entre os principais vencimentos, no balanço da semana, as baixas no mercado internacional superaram os 2%. Dessa forma, o mercado brasileiro acumulou mais uma semana de ritmo lento e poucos negócios, segundo relataram analistas e consultores. 

"Se o produtor brasileiro fizer, neste momento, suas relação de custo da fazenda, câmbio e Chicago ele não irá encontrar valores que o motivem a fazer novas vendas. E já temos de 22% a 25% da nova safra vendida, o que mostra também que, agora, o produtor não teria a motivação que teve há alguns meses, quando contava com valores melhores", explica Mário Mariano, analista de mercado da Novo Rumo Corretora. 

Para o restante de soja da safra 2015/16, a situação é semelhante, porém, com um volume bem menor ainda a ser comercializado. A baixa disponibilidade de oferta frente à força da demanda, que é grande também internamente, tem sido um dos pilares de sustentação das cotações ao lado dos prêmios, que seguem ainda bastante firmes e elevados, se aproximando de US$ 2,00 nos portos e de US$ 3,00 sobre Chicago no interior do país. 

Entretanto, um dos maiores entraves para a formação dos preços da soja brasileira, em contrapartida, é a situação do câmbio. Com as notícias que chegam do mercado financeiro global e da cena política nacional, o dólar cedeu mais de 2,2% na semana e fechou com R$ 3,1691, seu menor nível desde 16 de julho de 2015, segundo informou a Reuters. 

"O mercado engrenou em um movimento de baixa (do dólar) e não quer soltar. Todas as casas estão vendo muito fluxo e parece que isso não vai passar tão cedo", disse o operador de um banco internacional, sob condição de anonimato em entrevista à agência de notícias.

E foi nesse quadro que os preços da soja no interior do Brasil perderam de 1,27% - em Avaré/SP - a 5,63% em Campo Novo do Parecis e Tangará da Serra/MT na última semana, de acordo com o levantamento do economista André Bittencourt Lopes, do Notícias Agrícolas. A exceção foram as praças de Assis/SP, com alta de 2,66%, e São Gabriel do Oeste/MS, com ganho de 0,69%. 

Dessa forma, as referências das principais praças de comercialização fecharam a semana valendo entre R$ 64,67 e R$ 80,00 por saca. Para o consultor de mercado Ênio Fernandes, da Terra Agronegócios, os preços da soja brasileira poderiam encontrar espaço para uma recuperação nos meses de outubro a dezembro, quando a demanda interna poderia ficar ainda mais aquecida - principalmente em regiões onde o parque industrial é mais forte - e a safra norte-americana já tendo sendo concluída. 

Nos portos brasileiros, as perdas também foram intensas. Paranaguá perdeu 4,12% no disponível e 6,10% no mercado futuro, encerrando a semana com R$ 81,50 e R$ 77,00 por saca, respectivamente. No terminal de Rio Grande, as referênicas ficaram R$ 77,50 e R$ 76,50 por saca, com perdas de 4,91% e 4,38%. 

Mercado Internacional

No mercado internacional, a semana foi marcada pela disputa das notícias de clima e de demanda. O vencimento novembro/16, que é referência para a safra americana, recou 2,84% no balanço semanal e encerrou os negócios valendo US$ 9,74 por bushel. A volatilidade foi bastante intensa. 

"O jogo encontra-se em um momento em ques as projeções indicam a produção dos Estados Unidos podendo ficar entre 105 milhões e 110 milhões de toneladas, ao mesmo tempo que a China pode aumentar suas importações", explicou Mário Mariano. E segundo explicou o analista da Novo Rumo, as notícias fortes de demanda reportadas nesta semana se sobressaíram.

No acumulado da temporada comercial 2015/16, que termina no próximo dia 31, as vendas americanas para exportação já superam em 7,3% o esperado pelo USDA (Departamento de Agricultura dos EUA). O momento, portanto, gera especulações, uma vez que um novo reporte mensal de oferta e demanda será divulgado pela instituição em 12 de agosto. 

E nesta sexta-feira, o USDA anunciou ainda uma nova venda de soja em grão da safra 2016/17 para a China e de 498 mil toneladas e surpreendeu o mercado. Em todos os dias desta semana o USDA trouxe anúncios de vendas novas da oleaginosa, incluindo volumes das safras 2015/16 e 2016/17. Assim, o total no acumulado dos últimos cinco dias úteis, somente contabilizando os anúncios do departamento, é de 2.090,2 milhões de toneladas. Os principais compradores foram a nação asiática e destinos não revelados. 

Leia mais:

>> USDA: China compra mais 498 mil t de soja da safra 2016/17 dos EUA

Ainda segundo Mariano, a queda de preços dos últimos dias atraiu a demanda, motivando não somente as compras de fato, mas como um movimento de compras de posições por parte dos fundos de investimento, o que ajudou a puxar os preços em determinados, especialmente nesta sexta-feira, em que os ganhos passaram de 14 pontos entre as posições mais negociadas. 

Por outro lado, as perspectivas de elevados índices de produtividade das lavouras norte-americanas de soja reforçam a robustez desta safra dos EUA, que está em seu mês chave de desenvolvimento, e ainda é um forte fator de pressão sobre as cotações em Chicago. 

Com isso, ainda como explica Mariano, será de extrema importância acompanhar o comportamento especulativo dos fundos à espera do novo boletim mensal de oferta e demanda que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traz na próxima sexta-feira, 12 de agosto. 

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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