Soja: Apesar da pressão da safra americana, consultores afirmam suporte da demanda aos preços

Publicado em 12/09/2016 17:17

Os números do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) foram, finalmente, reportados nesta segunda-feira (12) e acabaram surpreendendo, mesmo que ligeiramente, as expectativas do mercado, que encerrou o dia perdendo entre 12,75 e 16 pontos nos principais vencimentos negociados na Bolsa de Chicago. O contrato novembro/16, que é o mais negociado do momento e referência para a nova safra americana, fechou o pregão cotado a US$ 9,64 por bushel, após, na máxima chegar aos US$ 9,90 e, na mínima, aos US$ 9,58. A sessão foi intensa e de volatilidade. 

O novo reporte mensal de oferta e demanda do departamento americano estimou a produção do país em 114,33 milhões de toneladas, contra 110,5 milhões do boletim anterior. O número fica acima das expectativas do mercado de 108,86 milhões e 113,35 milhões de toneladas.

"A produção acima do esperado frustrou as expectativas, o mercado não esperava (um número tão elevado como este) e foi por isso que caiu", explica Steve Cachia, diretor da Cerealpar e Consultor do Kordin Grain Terminal, de Malta, na Europa. 

Para o executivo, as baixas só não foram mais acentuadas porque os dados maiores também para os estoques americanos não exerceram um peso ainda maior sobre o andamentos das cotações. Estimados em 9,93 milhões de toneladas, o número veio maior do que o projetado em agosto, de 8,98 milhões, porém, dentro do que esperavam os traders em um intervalo de 6,67 milhões e 11,97 milhões de toneladas. 

"Esses números terão que ser corrigidos para baixo, eventualmente. Mas, enquanto isso não for feito, ainda há pressão sobre os preços", explica Cachia. "A demanda e as incertezas da safra da América do Sul devem dar certo suporte", completa. 

E diante dessa projeção para os estoques finais da nova safra americana, a redução trazida pelo USDA para os estoques da safra velha - de 6,95 milhões para 5,32 milhões de toneladas - acabou tendo um impacto limitado sobre o mercado neste momento, segundo explica o economista de analista Camilo Motter, da Granoeste Corretora de Cereais. "Mesmo com estoques iniciais menores, a safra 2016/17 terminará com estoques superiores aos previstos no mês passado, isto é o que efetivamente importa", diz. 

Ainda assim, Motter acredita que o mercado internacional da soja não conta com muito espaço para ceder muito mais do que vem sendo observado e segue mantendo o piso nos US$ 9,50 por bushel como um patamar bastante palpável. 

USDA Soja - Setembro

Enquanto isso, aos poucos o mercado e os traders vão dando também espaço para as novas informações, especulações e expectativas para a nova safra da América do Sul. E no boletim desta segunda-feira, o USDA reduziu sua estimativa para a produção brasileira de 103 para 101 milhões de toneladas, além de manter a da Argentina em 57 milhões. As exportações do Brasil recuaram de 59,7 milhões para 58,4 milhões de toneladas e as argentinas se mantiveram em 10,65 milhões. 

"O grande point formador do preço que temos pela frente é a safra sul-americana, e clima como ponto central. Acredito que das três pernas que formam a oferta - extensão de área semeada, tecnologia e clima -  não haverá perda de área, nem de tecnologia, mas o clima é que fará a diferença", afirma o analista da Granoeste. 

Leia mais e veja os números detalhados do reporte de setembro:

>> USDA aumenta safra de soja para mais de 114 mi de t e reduz números do milho

Mercado Brasileiro

Enquanto novos números inundam o mercado internacional da soja e às vésperas do final do vazio sanitário no Brasil, os preços da soja no quadro interno vão acompanhando ainda a movimentação do dólar, além de suas condições regionais. Assim, neste início de semana, o valor da oleaginosa na maior parte das principais praças de comercialização do Brasil. 

E nesta segunda, o dólar voltou a cair e perdeu quase 1% frente ao real. A moeda encerrou os negócios perdendo 0,95% e valendo R$ 3,2490, após subir mais de 2% na sessão anterior. O foco principal dos investidores, de acordo com especialistas, permanece sobre futuro dos juros nos EUA. Leia mais:

>> Dólar cai quase 1% ante real com diminuição nas apostas em alta de juros nos EUA

Assim, praças como Não-Me-Toque/RS, Cascavel/PR e São Gabriel do Oeste/MS registraram altas de até 2,82% para chegar aos R$ 72,00 por saca, como no caso da sul mato-grossense. Em contrapartida, em Ponta Grossa/PR, por exemplo, o preço cedeu 1,23% para R$ 80,00 ou no Oeste da Bahia, onde a cotação foi a R$ 63,75, perdendo 0,39%. 

Nos portos, o comportamento dos preços foi semelhante. A soja disponível subiu 0,62% em Paranaguá, para R$ 81,50; caiu 1,26% em Rio Grande, para R$ 78,50 e avanço ainda em Santos - 0,12 - para R$ 81,00 por saca. No mercado futuro, Paranaguá não registrou referência, perda de 1,26 no terminal gaúcho para também R$ 78,50 por saca. 

No link a seguir, confira as cotações completas desta segunda-feira:

>> MERCADO DA SOJA 

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário