Soja: No Brasil, momento é de cautela nos negócios e foco no plantio, diz consultor

Publicado em 14/09/2016 17:42

O vazio sanitário da soja no Brasl termina neste dia 15 de setembro na maior parte dos principais estados produtores e os sojicultores nacionais estão com todas as suas atenções voltadas, portanto, para o início dos trabalhos de campo. Assim, os negócios com a oleaginoso no Brasil seguem caminhando em ritmo bastante lento, principalmente aqueles que se referem à esta nova safra. 

"Os preços caíram nos últimos meses e o produtor já vendeu um bom volume, já se protegeu e não precisa ir às vendas agora", explica o consultor Ênio Fernandes, da Terra Agronegócios.

E momentos como estes duram ainda mais quando os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago registram uma sessão de pouca movimentação, como o registrado nesta quarta-feira(14), ou em que o dólar também busca definir um melhor direcionamento neste momento. Na CBOT, o mercado fechou com estabilidade e pequenas baixas nos vencimentos mais negociados, levando o novembro/16 a encerrar o dia com US$ 9,42 por bushel. A busca pelo fôlego veio após dois pregões consecutivos de intensas baixas. 

"O mercado, no geral parece, de ressaca. De um lado, sem notícias fundamentais altistas e do outro sem novidades  baixistas, além das já conhecidas, como as grandes safras mundiais que estão chegando ao mercado", explica o Ginaldo Sousa, analista de mercado da Labhoro Corretora.

Ao mesmo tempo, o dólar contou com mais um dia de altas frente ao real, subiu 0,79% e fechou cotado a R$ 3,34. Com isso, a moeda registrou seu melhor nível desde o início de julho, segundo informou a agência de notícias Reuters. 

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Assim, por mais um dia, os preços no mercado brasileiro não obedeceram um caminho comum, registrando ganhos em algumas praças de comercialização, baixas em outras e estabilidade nas demais. Em Tangará da Serra e Campo Novo do Parecis, ambas em Mato Grosso, o preço subiu 2,86% para R$ 72,00, enqunto em São Gabriel do Oeste, no Mato Grosso do Sul, perdeu 4,11% parar R$ 70,00 e em Rio Verde, Goiás, permaneceu estável com R$ 74,00 por saca. 

No porto de Rio Grande, alta de 1,02% no disponível para R$ 79,00 por saca e de 0,64% no mercado futuro, para R$ 78,50. Já em Paranaguá, queda no disponível de 1,21% e estabilidade no produto da nova safra, para R$ 81,50 e R$ 80,00 por saca, respectivamente. Santos ainda conta com R$ 80,00 e Imbituba, R$ 81,00. 

As referências, portanto, são conhecidas e já não mais atrativas, ao menos por ora, para os produtores brasileiros que, assim, evitam novas vendas. Dessa forma, para Fernandes, será necessário manter o foco em um bom início do plantio, mas também na movimentação dos componentes formadores de preços. "Será preciso ficar muito atento ao dólar. Os rallies de câmbio serão muito oportunos e deverão ser acompanhados", diz. 

E justamente em função do câmbio, o produtor brasileiro de soja conta, este ano, com uma das melhores relações de troca dos últimos anos. "Em relação ao período de fevereiro e março, a relação não mudou muito, mas vimos os fertilizantes e outros produtos em dólar caindo. Mas, já temos 80% dos insumos comprados e o produtor bem preparado para começar a nova safra", explica o consultor. 

No link abaixo, confira as cotações completas desta quarta-feira:

>> MERCADO DA SOJA

 

Plantio de soja começa em MT nesta quinta com produtor menos capitalizado

Por Mauro zafallon,  na FOLHA DE S. PAULO

Nesta quinta (15) tem início o plantio de soja da safra 2016/17 em Mato Grosso. Após um ano completamente atípico, como foi o da safra 2015/16, e que gerou perdas em várias regiões do Estado, parte dos produtores entra no novo ciclo de produção descapitalizada.

"A safra anterior não deixou saudades", diz Daniel Latorraca, superintendente do Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária). Endrigo Dalcin, presidente da Aprosoja (Associação dos Pordutores de Soja e Milho de Mato Grosso), explica o porquê.

O clima adverso fez com que a produtividade média de soja do Estado caísse para 49 sacas por hectare. Na anterior, a produção havia sido de 53 sacas.

O atraso no plantio da soja, devido à seca, afetou também a safra de milho. Muitos produtores perderam o tempo ideal de plantio e, além disso, sofreram com a seca. Com isso, pelo menos 180 mil hectares da área semeada no Estado com o cereal deixaram de ser colhida.

A produtividade média do Estado, que havia sido de 108 sacas por hectare na safra 2014/15, despencou para 76 sacas na de 2015/16.

Esse cenário adverso de 2015/16 interfere na safra que se inicia. Isso porque pelo menos 40% dos gastos da safra anterior foram bancados pelo próprio produtor.

Sem a receita das vendas, devido à quebra de produtividade, e com dificuldade na obtenção de novos créditos nos bancos, o produtor terá menos capital para despender com as lavouras, segundo Latorraca.

A tendência é uma safra com menos recursos próprios dos produtores e mais participação das tradings nos financiamentos.

"Exauriu o caixa", diz Rui Prado, presidente do Sistema Famato/Senar. Isso traz dificuldades para a safra de soja e incertezas para a de milho, que vem na sequência, segundo ele.

Apesar dessas incertezas, o produtor de soja de Mato Grosso deverá semear uma área de 9,2 milhões de hectares e produzir, conforme previsões inciais, 29 milhões de toneladas de soja.

Esses números indicam uma volta à expectativa de produção que se tinha em 2015/16, mas que foi frustrada.

Uma outra incerteza no setor é a taxa de câmbio. Os custos dos produtores nesta safra são feitos a um dólar a R$ 3,66. Qualquer valor inferior a esse na hora da comercialização vai dar um descasamento entre custos e receitas, diz Latorraca.

O jornalista viajou a Cuiabá a convite da Aprosoja

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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