Soja: Após boas vendas, mercado brasileiro perde o ritmo com dólar em queda e Chicago estável

Publicado em 13/12/2016 17:04

Nas últimas duas semanas, os negócios com a soja brasileira ganharam um bom ritmo e deram espaço para operações interessantes para os produtores nacionais, que se depararam com preços mais remuneradores e próximos do seu alvo para a oleaginosa da safra 2016/17. Nesta semana, porém, os negócios voltaram a esfriar, com a combinação da pouca movimentação das cotações em Chicago e do dólar, que já acumula sete pregões de queda frente ao real e uma baixa de mais de 4%. 

Na sessão desta terça-feira (13), o mercado internacional encerrou o pregão em Chicago com estabilidade - comportamento que apresentou ao longo do dia todo - e a moeda norte-americana valendo R$ 3,3260, com queda de 0,58%. A aprovação da PEC do teto dos gastos foi aprovada no Senado Federal e ajudou a pesar sobre a divisa, trazendo o sentimento de que as propostas do governo têm agora um terreno mais favorável para serem aprovadas no quadro do ajuste fiscal. 

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Dessa forma, em Paranaguá, as referências permaneceram estáveis com R$ 78,00 no disponível e R$ 78,50 por saca no mercado futuro. Em Rio Grande, as cotações cederam, respectivamente, 0,63% e 0,60%, para R$ 82,50 e R$ 80,00 por saca. Nos últimos dias, porém, esses indicativos já se mostravam em patamares bem mais elevados, se aproximando dos R$ 90,00 em alguns terminais, nos negócios com referência entre maio e julho, como vinham relatando consultores e analistas de mercado. 

"Há várias ordens de venda, para junho/julho, com indicativos de R$ 90,00 nos portos, esse ainda é o foco do produtor", explica Vlamir Brandalizze. No entanto, afirma ainda que "o câmbio abaixo dos R$ 3,40 distancia o preços desses patamares e, por isso, o ritmo esfriou muito" nesses últimos dias. 

Ainda de acordo com o consultor de mercado da Brandalizze Consulting, há cerca de 35 milhões de toneladas de soja da nova safra já comercializadas e, embora o índice de vendas seja menor do que o registrado no ano passado e na média das últimas temporadas, em termos de volume, o total desta safra já se equivale ao registrado em 2015. 

"Isso mostra que boa parte dos produtores já vendeu o que precisava para dar giro para safra, pagar parte dos seus insumos, já negociou o que seria normal, principalmente nas regiões onde o plantio já está concluído ou se concluindo. Mas, nas últimas semanas, a comercialização evoluiu melhor até mesmo naquelas regiões mais atrasadas", diz Brandalizze. 

Além disso, e apesar dos preços em patamares menores insipirarem cautela por parte dos sojicultores, o consultor explica ainda que até mesmo as relações de troca estão mais favoráveis neste momento, além do produtor poder contar ainda com uma boa produtividade da oleaginosa nesta safra. "Do Rio Grande do Sul ao Norte do Brasil as lavouras estão se desenvolvendo muito bem, com raras exceções, e já devemos ter as primeiras colheitas a partir de 5 de janeiro no Oeste de Mato Grosso. Não vai ser de espantar se a safra brasileira ficar entre 108 e 110 milhões de toneladas", diz. 

A tendência, no entanto, é de que os negócios a partir de agora, até o final de 2016, continuem a esfriar, já no ritmo das festas de final de ano, tornando-se cada vez mais escassos. "Os vendedores vão sumir nos próximos dias, e voltam só caso aconteça alguma coisa que provoque uma disparada dos preços em Chicago ou no dólar", acredita o consultor. 

Bolsa de Chicago

Na Bolsa de Chicago, o mercado da soja registrou uma nova sessão de estabilidade e terminou o dia caindo entre 2 e 3 pontos nos principais contratos. O vencimento janeiro/17 foi a US$ 10,28 por bushel, enquanto o maio/17, referência para a safra do Brasil, ficou com US$ 10,48. Sem novidades, como explica Vlamir Brandalizze, os preços seguem respeitandos seus limites 'técnicos', o qual, segundo o consultor, se mantém entre US$ 10,20 e US$ 10,70. "Quando o mercado se aproxima e supera os US$ 10,50, toma um fôlego, mas depois realiza lucros de novo". 

As atenções continuam sendo mantidas, principalmente, sobre o andamento da demanda - que se mantém ainda bastante forte - e no clima da América do Sul. E assim, os preços vão testando os dois lados da tabela. As chuvas que chegam na Argentina nos últimos dias ajudam a colocar alguma pressão sobre as cotações. Os impactos dessas precipitações, porém, são acompanhados diariamente, uma vez que chegam após um longo período de tempo seco, onde a safra 2016/17 já começava a sentir. Segundo explicam especialistas, porém, "as chuvas têm de ser substanciais para limitar as perdas" na Argentina. E as últimas previsões climáticas indicam que, nos próximos dias, o tempo seco volta a predominar, além da possibilidade de as temperaturas chegarem a superar os 37ºC já neste final de semana. 

Ao mesmo tempo, o mercado em Chicago ainda se mostra bastante atrelado ao financeiro que, nesta semana, chega com as novidades do nova reunião do Federal Reserve (o Banco Central norte-americano), quando será decidido o futuro da taxa de juros no EUA, medida que pode impactar diretamente no câmbio. No entanto, mais do a divulgação dessa informação, ainda segundo especialistas, as atenções estão voltadas sobre a reação do presidente eleito do país, Donald Trump, que recentemente criticou duramente a presidente da instituição, Janet Yellen. 

Além disso, a formação da equipe do novo presidente norte-americano também chama a atenção e cria um ambiente mais propício para novas incertezas. 

"Está tudo pronto para eles aumentarem os juros e, caso isso aconteça, pode anular os últimos acontecimentos no Senado e o dólar voltar a subir", diz. 

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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1 comentário

  • Rogério Márcio Menezes Costa Goiânia - GO

    Quem tem soja para receber em maio/2017 no MT vende agora ou não precisa precipitar ?

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