Safra brasileira cresce para 107 milhões com clima favorável, estima AGR

Publicado em 18/02/2017 05:39
Agência americana prevê ainda que produção no BR poderá superar 109 mt com chuvas no Sul

A AgResource elevou as estimativas da produção de soja brasileira para 107 MTs, nessa semana. Relatos dos produtores da maioria do Centro Oeste e Sul do país são bastante otimistas com produtividades acima do recorde de 2010/11 (em torno das 52 sacas/ha para ambas regiões).

 As queda dos preços na CBOT é pressionada pela elevada confiança do Mercado em uma safra gigantesca no Brasil. A qual começou com estimativas logo acima de 102 MTs, e agora já prevemos um adicional de 5 MTs devido ao cenário climático favorável durante os últimos meses.

A ARC Brasil acredita que ainda há chances dos números finais brasileiros alcançarem 109 MTs, caso o Rio Grande do Sul volte a receber novas rodadas de chuvas significantes nas próximas semanas. |

Os números oficiais dos fundos mostram que mais posições compradas foram empilhadas durante a semana de 8 a 14 de fevereiro. Fundos não deverão "largar" o mercado de commodity tão cedo.

CHUVAS CONTINUARÃO SOBRE O MT

O fim de semana será marcado por um padrão de chuvas bem leves e irregulares sobre Minas Gerais, São Paulo, sul do Mato Grosso do Sul, Bahia e oeste de Goiás.

O mesmo cenário climático é oferecido para todo o lado sul da Argentina. Por outro lado, chuvas de alta intensidade voltam a cobrir o extremo norte brasileiro.

Para o estado do Mato Grosso, as chuvas continuarão à regar quase toda a região agricultável, com totais mais pesados concentrados ao oeste e regiões distribuídas pelo estado.

Grande parte da região do MATOPIBA também receberá chuvas bastante favoráveis ao desenvolvimento da soja, com excessão do oeste baiano, onde chuvas ficarão restritas ao norte.

As temperaturas ficarão abaixo da média para quase todo o norte do Brasil, com um padrão mais quente sendo oferecido para toda a Argentina e região Sul brasileira.

Mercado da soja paralisado -- tradings querem comprar, porém preços não atraem os vendedores (REUTERS)

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Por Gustavo Bonato

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar, que caminha para fechar a nona semana consecutiva de queda, provoca uma virtual paralisação dos negócios com soja no país, apesar da enxurrada de grãos que chega ao mercado devido à colheita em diversas regiões do Brasil, que deverá colher uma safra recorde acima de 100 milhões de toneladas.

Com oscilações pouco relevantes nas cotações internacionais do grão, produtores observam a oscilação cambial para avaliar o fechamento de novos negócios.

"As tradings querem comprar, porém preços não atraem os vendedores", disse o assessor comercial Samir Rosa, que atua junto a produtores rurais da região de Rondópolis (MT).

Segundo ele, as ofertas atualmente giram em torno de 64,50 reais por saca, enquanto produtores pedem pelo menos 1,50 real a mais.

Levantamento da consultoria AgRural estima que a comercialização da safra brasileira, até o fim de janeiro, tenha alcançado 41 por cento do total esperado, avanço de apenas 4 pontos percentuais ante dezembro, e bem atrás de janeiro de 2016 (50 por cento) e da média de cinco anos (49 por cento).

Apesar de o levantamento de fevereiro ainda não estar concluído, dados preliminares mostram que a estagnação no mercado permanece em fevereiro, segundo a AgRural.

Ao mesmo tempo, a colheita tem avançado em bom ritmo no país, especialmente em Mato Grosso. No maior Estado produtor brasileiro, apesar de dificuldades com a chuva, o ritmo dos trabalhos é bastante avançado historicamente.

"Seria (um momento de pressão de venda, devido à grande oferta), se os preços estivessem ajudando. Mas o produtor olha para trás, para os preços que fechou antes, e não se anima a vender agora", disse a analista da AgRural Daniele Siqueira.

A consultoria Safras & Mercado lembrou, em relatório, que "o mercado futuro em Chicago teve uma semana de altos e baixos, mas no balanço da semana predominou a queda", o que contribuiu para a retração dos agricultores.

O indicador da soja Esalq/BM&FBovespa, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade pronta entrega no porto de Paranaguá (PR), recuou 1 por cento entre 9 e 16 de fevereiro, a 74,01 por saca na quinta-feira.

O Cepea, centro de pesquisa responsável pelo indicador, destacou em relatório, também nesta sexta, que as chuvas dos últimos dias no Centro-Oeste também ajudaram a reduzir o ritmo de negócios.

"As precipitações fizeram com que vendedores se retraíssem do mercado, temendo quedas na produtividade. Nestes últimos dias, no entanto, o volume de precipitação se reduziu e, por enquanto, o rendimento tem sido satisfatório", disse o Cepea, referindo-se ao receio de muitos agricultores de acabar colhendo menos que o esperado.

Apesar de uma leve alta nesta sexta-feira, o dólar caminhava para encerrar a semana com nova perda acumulada. Na quinta-feira, a moeda norte-americana chegou a tocar 3,03 reais, menor valor desde junho de 2015.

Operadores disseram que a trajetória do dólar ainda é de baixa no mercado local, sustentada principalmente pela expectativa de ingresso de recursos, sobretudo diante das recentes captações feitas por empresas no exterior. O mercado também estava otimista com a perspectiva de aprovação de reformas no Congresso Nacional, como a Previdência, necessária à recuperação das contas públicas.

"Resta saber até onde irá a resistência deles (agricultores). Se os preços da soja caírem com mais força nas próximas semanas, parte dos produtores pode ficar assustada, com medo de quedas ainda maiores mais adiante. Mas acredito que os mais capitalizados vão esperar mais um pouco", projetou Daniele Siqueira.

Com boa previsão para soja e milho, agricultura se recupera em 2017

(por MAURO ZAFALON, FOLHA DE S. PAULO)

Até agora, tudo vai bem com a agricultura. Esse cenário é bem diverso do de 2016, quando o clima provocou fortes retrações na produção.

Com isso, as previsões são que o setor vá injetar R$ 546 bilhões na economia neste ano, R$ 15 bilhões a mais do que no ano passado.

E, quando a agricultura vai bem, a injeção de ânimo e de renda é imediata por todo o país, das pequenas às grandes cidades.

Sorriso, cidade de Mato Grosso considerada a maior produtora de soja do mundo, pode voltar a honrar seu nome, após um 2016 difícil.

Já a pequena Urupema (SC), com apenas 2.400 habitantes, espera pela colheita da maçã, sua fonte de renda. Por três meses, a cidade vive a agitação dessa safra, que promete ser boa. É renda para comércio e população.

Mais ao sul, a Serra Gaúcha espera retomar o ritmo perdido na safra passada, elevando em pelo menos 120% a produção de uva.

José Gasques, do Ministério da Agricultura, destaca o efeito multiplicador dessa produção espalhada pelo país. Os R$ 546 bilhões apurados pelo ministério refletem as vendas geradas dentro da porteira, o chamado VBP Valor Bruto da Produção).

"Após sair das fazendas, o produto vai movimentar ainda os setores de frete, industrialização, exportação e financeiro. E cada município vai ser afetado conforme suas características", diz ele.

É o que os dois carros-chefes do agronegócio brasileiro —a soja e o milho— estão fazendo. Com perspectivas de produção recorde, esses produtos já deixam suas marcas.

O setor de máquinas agrícolas vendeu 75% mais neste janeiro do que em igual período do ano passado. Já a indústria de adubos espera repetir o recorde de vendas de 2016.

Isso porque os produtores se preparam para colher safras recordes. A de soja poderá superar em 10 milhões de toneladas a de 2016, e a de milho, em 21 milhões.

A boa evolução fará a produção nacional de grãos atingir o recorde de 220 milhões de toneladas neste ano.

"Agricultura e comércio estão mais animados", diz Luimar Luiz Gemi, produtor de Sorriso, cidade que teve um baque na produção em 2016.

Os agricultores da cidade pagam as contas e retomam os investimentos, afirma Gemi, que também preside do Sindicato Rural de Sorriso.

Uma das boas mudanças dessa volta ao normal do setor é que o produtor está colocando em dia seus compromissos, e as instituições começam a oferecer mais crédito, o que permite a compra de máquinas e adubo.

Sorriso planta 600 mil hectares de soja, 400 mil de milho e 40 mil de outros produtos, como algodão e feijão.

Sem soja e milho, mas com uma possível safra recorde de uva, a Serra Gaúcha refaz as contas. A oferta de matéria-prima volta, e a produção de suco e de vinho retoma seu patamar normal.

A escassez de uva provocou uma alta no produto brasileiro. Com isso, os argentino e os chilenos avançaram no mercado interno.

Agora, a maior oferta de uva dará mais competitividade ao produto nacional, refletindo, ainda, na renda do produtor, afirma Mauro Zanus, da Embrapa Uva e Vinho.

"Afinal, o produtor só vai bem se houver vendas lá na ponta [no varejo]", diz ele. E não foi o que ocorreu em 2016, quando as vendas recuaram 18% no varejo.

Já na região serrana de Santa Catarina, o ditado é que, "sem maçã, as cidades viram fantasmas". Menos emprego, menos vendas no comércio e um produtor sem renda.

Mas não é o que deverá ocorrer neste ano. Franciele Medeiros Andrade, secretária de Planejamento e Desenvolvimento de Urupema, diz que até o fim de abril a cidade vai viver o clima de uma safra boa. "E, se a maçã vai bem, tudo vai bem por aqui."

Outro produto que tem grande capilaridade na formação da renda no país, a cana-de-açúcar deverá melhorar o cenário econômico em ao menos mil municípios.

A cana "mexe com toda a atividade dos municípios onde está: de borracharias a supermercados", diz Antonio Padua Rodrigues, diretor da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar). O preço internacional do açúcar mais favorável deverá trazer mais renda para o setor.

CARNES

O setor de carnes não terá os custos pesados de produção como os de 2016, mas a situação econômica pode interferir na demanda.

Mais desemprego e menos renda vão afetar as vendas, segundo José Vicente Ferraz, da Informa Economics FNP, A oferta de carne bovina aumenta, mas com preços menores. A situação na suinocultura é melhor. O setor deverá repetir o bom momento de 2016, quando as exportações cresceram mais de 40%.

O cenário para a avicultura também é bom. É uma atividade de ciclo curto e rapidamente o setor pode se adaptar às novas condições de mercado.

Suinocultura e avicultura deverão trazer mais renda para produtores e injetar mais recursos nas principais regiões produtoras, principalmente o Sul e o Centro-Oeste. (POR MAUR ZAFALON, FOLHA DE S. PAULO).

Choveu na horta de Temer (por VINICIUS TORRES FREIRE/FOLHA)

O governo teve pequenas sortes na economia. Não é a salvação da lavoura arrasada, mas contribui para a discreta e ainda incerta melhoria de ânimos neste início de ano.

É sorte porque caiu no colo, porque pouco ou nada resultou de ações do governo. Porque choveu na horta, em parte literalmente.

O preço das mercadorias exportadas pelo Brasil aumentou em relação ao das importadas (houve aumento dos "termos de troca"), o que costuma dar uma mão extra na valorização do real. Depois de quatro anos em baixa, os termos de troca melhoraram a partir de fins de 2016.

Uma calmaria inesperada na finança e na economia mundiais, taxas de juros altas e a administração econômica mais razoável devem ter feito o resto desse serviço cambial.

Um "dólar mais barato" contribui para a baixa da inflação. Inflação e juros menores são das poucas transfusões de sangue disponíveis para o paciente crítico que é o Brasil.

Choveu na horta, além do mais. O tempo bom contribuiu para a safra excelente, o que deu um talho adicional na taxa de inflação. No semestre que passou, os preços da comida subiram quase nada, inédito em mais de uma década.

Esse e outros sucessos da agropecuária colocam parte da economia em movimento. Parte pequena. Mas se move. Ganhos de comércio, de resto, devem dar um piparote na renda, para cima.

É tudo impulso miúdo, mas nem é preciso lembrar que passamos por uma catástrofe que ganhava ares de depressão. Tratou-se de um alívio na situação da virada de 2016 para 2017, quando pareceu haver risco de recaída feia na recessão, o que ainda é possível.

Sim, essas chuvas na horta podem ser passageiras. Enfim, há sempre o risco de um dólar barato além da conta ter efeitos colaterais, matar brotos verdes mínimos da recuperação em algum setor da indústria.

O real se valoriza, o custo salarial real "em dólar" volta a subir, embora esteja longe das alturas de 2010-2014. Era um tempo de economia inflacionada, de "tudo caro no Brasil", de dólar a R$ 1,60, do Bolsa Miami, para ficar no anedótico, o que ajudou a arrebentar a indústria (ênfase no "ajudou". Não foi só isso).

Em português claro, contenção de custo significa achatamento dos salários reais, que ainda perdura. Ajuste é isso, mais ou menos, a depender do tamanho da besteira que se fez na administração da economia (nosso caso) ou do choque econômico.

Essas sortes têm animado o pessoal do mercado financeiro. Estão comprando Brasil como se houvesse muito amanhã. Tomara que a especulação esteja certa. Mas, mesmo nos termos das apostas do "mercado", há nuvens adiante.

A turma parece esquecida de quão difícil vai ser evitar um deficit primário ainda mais estourado do que o previsto.

Há uma confiança risonha, franca e excessiva na aprovação da reforma da Previdência, que não está com cara alguma de ser o passeio que foi a PEC do teto de gastos. Governo impopular, reforma impopular e os primeiros pensamentos sobre a eleição de 2018 estão deixando os parlamentares inquietos.

A PEC do teto era quase uma abstração. A Previdência é um eleitor que passa na calçada do escritório político dos deputados do interior pobre, quase todos. 

Faturamento de lojista no Oeste da Bahia volta a crescer com safra melhor

  Pedro Ladeira/Folhapress  
Silos à frente da BR-242 em Luís Eduardo Magalhães, cidade agrícola no oeste da Bahia
Silos à frente da BR-242 em Luís Eduardo Magalhães, cidade agrícola no oeste da Bahia

Na virada do século, o comerciante Paulo Dantas trocou o noroeste do Paraná pelo oeste da Bahia. Seus negócios aumentaram, e a cadeia de lojas, a Dantas Eletro, se expandiu por várias cidades.

Tudo ia bem. Há dois anos, quando a situação agrícola da região se complicou, devido a pragas e seca, a rede também sentiu os efeitos.

"A gente sofre com a agricultura, com a pecuária e com a agricultura familiar. Quando essas atividades não vão bem, interferem na nossa."

Foi o que ocorreu no ano passado, quando houve "uma tempestade perfeita", vinda não só da queda da produção agrícola como da recessão. As vendas caíram 30%, a inadimplência aumentou e o empresário teve de fazer uma reestruturação.

Das 21 lojas, restam 11, e o quadro de funcionários foi reduzido de 420, em janeiro de 2016, para 140 neste ano.

"A decisão foi dura e drástica", diz, mas há luz no fim do túnel. "Por aqui, chuva é sinal de dinheiro rondando pelo comércio." Com as perspectivas da melhora da safra, a receita de janeiro subiu 20% ante o mesmo mês de 2016.

VOLTA AO RITMO

agricultura retoma seu curso normal neste ano na região oeste da Bahia, segundo Humberto Santa Cruz. Como produtor, ele sentiu os efeitos da seca nas lavouras no ano passado. Já como prefeito de Luís Eduardo Magalhães, cargo que deixou neste ano, viveu os reflexos trazidos pela queda de produção agrícola nas atividades da cidade.

Movida pela agricultura e pela pecuária, LEM -como é chamada- é uma das cidades que mais crescem no país. A agricultura permitiu que a cidade avançasse tecnologicamente nos últimos anos. É uma das poucas do país a ter um sistema 4G próprio.

Em março, LEM fará 17 anos de emancipação, mas já conta com 90 mil habitantes. 

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Fonte:
AGR Brasil + REUTERS + FOLHA

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2 comentários

  • Jose Alberto Amado Silva Cruz Alta - RS

    Logo depois de uma colheita de milho, venho ler noticias no Noticas Agricolas e os vejo falando em safra recorde.... Vcs estão do nosso lado? Ou querem esculhambar de vez com o mercado?.....

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    • Carlos William Nascimento Campo Mourão - PR

      Nem se colheu a soja e já estão falando em safra recorde de milho. Com 26% da soja colhida e apesar dos problemas graves no Mato Grosso, Bahia, e outros estados, relatados neste site, já aumentaram a safra de soja para 107 mi de toneladas. Queria dizer aos idiotas que tanto mentem que preços baixos interessa a poucos. Preços baixos inibem investimentos, trava a economia do interior. Então, ao invés de ficar com oba oba de ser o maior produtor de soja do mundo, parem com este palavrório sem sentido. Este país é engraçado. O governo mente sobre as contas públicas, sobre dados de desemprego, indíces dos mais variados são falsos, mas quando é sobre estimativa de safras e estoque, aí todo mundo acredita no governo. Ah! Vão pentear macaco.

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    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      He! He! (risos). Acho que vou montar uma fábrica de pentes, pois se esse povo seguir a sua recomendação, vai faltar pente no mercado, tanto é o número de palpiteiros...

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  • Dalzir Vitoria Uberlândia - MG

    Se não houver nenhuma aberração de final de safra, penso que ultrapassaremos os 110 milhoes de tons de soja...

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    • carlo meloni sao paulo - SP

      Sera' que vamos conseguir ultrapassar os Estados Unidos?

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    • Carlos William Nascimento Campo Mourão - PR

      Seremos os campeões em produção com os agricultores mais pobres . Chineses estão morrendo de rir da nossa estupidez.

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