China deve aumentar em 8% área de soja na próxima safra; impacto nos preços é limitado

Publicado em 18/04/2017 12:46

A China deverá plantar uma área maior de soja e menor de milho nesta próxima temporada. As estimativas partem do National Bureau of Statistics (NBS) e indicam uma redução de 4% no cereal - sendo este o segundo corte consecutivo, dado que o governo tem buscado reduzir seu significativo excesso de milho e aumentar o plantio da oleaginosa no país. 

A projeção é de que a área destinada à soja apresente um aumento de 8,1% este ano, segundo mostrou a pesquisa feita com 110 mil produtores rurais. De acordo com analistas internacionais, os números estão em linha com o esperado pelo mercado. 

"Reduzir a área de milho e aumentar o plantio de soja faz parte da política do governo", diz o analista da COFCO Futures, Fan Jingya em entrevista à Reuters internacional.

Já os números do Ministério da Agricultura do país são ligeiramente diferentes. O Departamento de Estimativas de Oferta e Demanda Agrícola Chinês estima uma queda na área de milho de 5,4% para 36 milhões de hectares e um aumento de 8,5% na soja, para 7 milhões de hectares. 

Os estoques chineses de milho estão próximos de 250 milhões de toneladas, iguais ou maiores do que um ano de consumo, resultado de quase uma década de um eficientes sistema e política de estocagem. 

Dessa forma, a projeção de uma área menor de milho e maior de soja estão ainda dentro do plano quinquenal da nação asiática. A projeção é de que o espaço destinado ao grão caia cerca de 0,7% anualmente nos próximos quatro anos para chegar aos 33,3 milhões de hectares até 2020, segundo o plano.  

No mesmo período, a estimativa é de um crescimento da área de soja para 9,38 milhões de hectares, contra os 6,556 milhões de 2015. 

Para a China se espera ainda uma redução de 0,8% da área de trigo em 2017 e de 0,3% e 0,7 para, respectivamente, o arroz e o algodão. 

Impacto sobre os preços

O impacto do aumento da área de soja sobre os preços internacionais, como explica o consultor de mercado Flávio França Junior, da França Jr. Consultoria, é bastante limitado. "A menos que houvesse um aumento maior, o dobro da área, aí sim o impacto seria sentido. Mas eles já chegaram a produzir mais - algo entre 15 a 16 milhões de toneladas - e, apesar dessa área maior, ainda contam com um rendimento baixo", explica. 

Segundo França, a produtividade chinesa na última safra foi próxima de 1790 kg por hectare, e mesmo com o aumento previsto, a área ainda é pequena, insuficiente para aliviar a necessidade das importações da oleaginosa pelo país. 

Por outro lado, a redução da área projetada para o milho pode trazer algum impacto mais significativo para os preços do cereal no mercado internacional. "No milho eles são muito grandes e já começaram a importar no ano passado", explica o consultor.

Além disso, como explica a consultoria AgResource Brasil, "o Governo Chinês encerrou o programa de garantia de preços mínimos do milho produzido internamente no país. A nova política causou a queda de quase 40% dos preços de oferta
do cereal, impulsionando aos produtores chineses a plantar menos milho frente à estoques chineses acima de 200 MTs". 

Mapeamento das áreas agricultáveis

A China trabalha ainda para mapear e documentar a maior parte das mais importantes áreas agricultáveis do país nos próximos três anos, em um esforço para consolidar ainda mais e planejar melhor a segurança alimentar do país a longo prazo. 

O plano é demarcar cerca de 70,5 milhões de hectares - uma área maior do que a França - em uma região-chave na produção de grãos e 'zonas funcionais', além de áreas rurais que deverão ser protegidas, segundo informações da agência oficial de notícias da nação asiática. 

A área em questão inclui 40 milhões de hectares de arroz e trigo, além de 30 milhões de hectares de milho. Já a principal área agrícola a ser protegida engloba 6,67 milhões de hectares reservados para a soja no Nordeste e Norte das planícies da China - incluindo a área em que a cultura faz rotação com o trigo - 4,67 milhões de hectares destinados à canola e 1 milhão de hectares de cana-de-açúcar nas províncias de Guangxi e Yunnan.

Na conta, estão ainda 2,3 milhões de hectares de algodão e mais 1,2 milhão de borracha. 

O documento do governo indica ainda que após definir a área que será inclusa nessas zonas, o governo vai trabalhar ainda para aumentar seu potencial de produção nos próximos cinco anos. Em uma ação sem precedentes na história da China, o governo está permitindo que alguns campos fiquem em pousio - para que promover uma recuperação do solo - e também que os estoques nacionais de grãos sejam 'reduzidos'. 

No entanto, as autoridades reafirmam que não irão desfocar da segurança alimentar. Ainda de acordo com informações do levantamento governamental, a área total agricultável da China é de 135 milhões de hectares, porém, a meta definida é de que serão cultivados 124 milhões. 

Com informações da Reuters Internacional

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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