Soja do Brasil passa a ser a mais competitiva, mas preços ainda não impulsionam ritmo de vendas

Publicado em 18/04/2017 18:03

Os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago, nesta terça-feira (18), intensificaram suas baixas e fecharam o dia no vermelho, perdendo entre 6,50 e 7,50 pontos. O contrato maio/17, referência para a safra do Brasil, foi a US$ 9,46 por bushel.  Segundo o analista de mercado Matheus Gomes Pereira, da AGResource Brasil (ARC Brasil), o suporte para este vencimento passa a ser, portanto, de US$ 9,30. Já o novembro/17, indicativo para a safra dos EUA, fechou com US$ 9,57, com suporte nos US$ 9,43. 

Na contramão da CBOT e em um movimento de retomada após algumas baixas registradas ao longo do dia, o dólar fechou em alta frente ao real, terminando os negócios com ganho de 0,29% e valendo R$ 3,1134. Na mínima do dia, a divisa foi a R$ 3,0822. "O dólar abaixo de 3,09 reais atraiu compradores", afirmou o superintendente da Correparti Corretora, Ricardo Gomes da Silva em entrevista à agência de notícias Reuters. 

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O ligeiro avanço da moeda norte-americana limitou o recuo das cotações nos portos do Brasil, e permitiu até mesmo pequenas altas em alguns terminais. No porto de Rio Grande, a oleaginosa disponível subiu 0,46%, enquanto no mercado futuro a alta foi de 0,15% para preços que fecharam em, respectivamente, R$ 65,50 e R$ 65,90 por saca. Em Santos, a alta também foi de 0,155 para R$ 66,30. 

Já no disponível de Paranaguá, o valor da saca recuou 0,78% para R$ 64,00 e 0,76% no futuro, para R$ 65,50, assim como foi registrado em diversas praças de comercialização no interior do Brasil. As baixas observadas oscilaram entre 0,85% - em Panambi/RS, para R$ 56,04 por saca - a até 3,30% - em Luís Eduardo Magalhães, para R$ 55,60. 

Segundo o analista de mercado Eduardo Vanin, da Agrinvest Commodities, a soja brasileira é, neste momento, mais competitiva para os importadores e atrai a demanda. "A China, nos últimos dias, comprou de 15 a 20 navios aqui", diz, relatando que as vendas novas saíram em resultado da ligeira melhora que foi registrada pelos preços na última semana. 

Ainda de acordo com Vanin, há menos de 50% da safra 2016/17 do Brasil já comercializada de uma produção de mais de 110 milhões de toneladas, o que significa dizer que os produtores ainda têm perto de 60 milhões de toneladas para comercializar. "Isso é o dobro do que foi visto no ano passado, quando, no início de abril, 70% de uma safra (2015/16) de 96 milhões já tinha sido vendida, e os produtores tinham 30 milhões ainda pra vender", explica o analista. 

Bolsa de Chicago

E essa demanda maior pela soja brasileira neste momento, ainda segundo Vanin, é um dos fatores de pressão sobre os preços da soja em Chicago. "O mercado reflete a realidade americana, que é de menor competitividade agora", diz. Os prêmios, por exemplo, em Paranaguá, neste momento, variam entre 35 e 46 centavos de dólar sobre os valores praticados em Chicago, enquanto no Golfo, esses indicativos atuam em um intervalo próximo, de 35 a 42 cents. Há algumas semanas - ou meses - os adicionais pagos à commodity brasileira eram mais elevados. 

Outro fator que pesou sobre as cotações na sessão desta terça foi a movimentação dos fundos de investimento.  "Os fundos agora empilham do lado da venda, adicionando posições vendidas sempre que a CBOT tentar ficar estável ou encontrar algum sustento de alta", diz Matheus Gomes Pereira. 

E esse posicionamento dos fundos se dá ainda diante dos estoques globais recordes deste momento, com projeções ainda baixistas para as cotações. "Mas, os fundos têm um limite. O mesmo que limitava os preços e os impedia de chegar aos US$ 11 em dezembro, pode limitar os preços a registrarem quedas ainda mais agressivas em um futuro próximo", acredita o analista. 

Além disso, as projeções mais longas para o clima nos Estados Unidos também melhoraram, com condições mais favoráveis já sendo esperadas para maio, quando o plantio da soja nos EUA é efetivamente iniciado e quando as chuvas deverão ser intermitentes. "De fato, o plantio do milho atrasou, com metade do ano passado, praticamente, mas esse é só o começo", explica o analista da ARC Brasil. 

A pesquisa que indicou um aumento da área de soja na próxima safra da China também veio exercendo alguma pressão sobre as cotações, ainda de acordo com Eduardo Vanin, porém, mais como um efeito psicológico e de impacto limitado sobre as cotações. "A China não vai importar menos por causa disso, mas o mercado ainda não tinha tido de repercutir isso e então, repercutiu (nesta terça)", diz. 

A projeção é de que a área destinada à soja apresente um aumento de 8,1% este ano, segundo mostrou a pesquisa feita com 110 mil produtores rurais. De acordo com analistas internacionais, os números estão em linha com o esperado pelo mercado. 

O impacto do aumento da área de soja sobre os preços internacionais, como explica o consultor de mercado Flávio França Junior, da França Jr. Consultoria, é bastante limitado. "A menos que houvesse um aumento maior, o dobro da área, aí sim o impacto seria sentido. Mas eles já chegaram a produzir mais - algo entre 15 a 16 milhões de toneladas - e, apesar dessa área maior, ainda contam com um rendimento baixo", explica. 

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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