2017/18: Qual o potencial da nova safra de grãos dos Estados Unidos?

Publicado em 14/06/2017 15:34

A nova safra de grãos dos Estados Unidos têm gerado, como sempre, bastante especulação e, ao mesmo tempo, muita divergência. As condições de clima trouxeram alguma irregularidade nos últimos dias, após um início de plantio marcado pelo excesso de chuvas em boa parte do Corn Belt. 

Na última segunda-feira (12), o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulgou pela primeira vez para esta safra o índice de lavouras de soja em boas ou excelentes condições, o qual veio em 66%. O número ficou dentro de um intervalo de 65% a 70% que vinha sendo esperado pelo mercado, porém, bem abaixo dos 74% registrados no mesmo período do ano passado. 

Não só a soja exige atenção nos EUA nesta temporada, mas também o milho e, principalmente, a nova safra de trigo de primavera. No mesmo reporte do USDA, houve uma redução de dez pontos percentuais no índice do trigo para apenas 45% das lavouras em boas ou excelentes condições. 

E a cultura e seu desenvolvimento têm estado no centro das atenções - e do movimento de recuperação dos preços dos grãos - na Bolsa de Chicago. "O trigo de primavera norte-americano continua sendo o epicentro da ação no mercado de grãos", explica o analista internacioanl Tobin Gorey, do Commonwealth Bank, da Austrália. 

O clima seco nas principais áreas produtoras dos EUA preocupa, com chuvas ainda limitadas nos últimos dias. Em alguns pontos, já não chove há semanas. E as previsões para os próximos dias e semanas ainda têm divergido, o que traz ainda mais apreensão e volatilidade aos negócios. 

A empresa especializada em meteorologia WxRisk.com informa que, nos próximos 6 a 10 dias, "o modelo europeu mostra área de chuvas moderadas em partes do Meio-Oeste, mas que ainda há extensas áreas com pouca ou nenhuma precipitação, especialmente, no oeste do Corn Belt e no centro das Planícies". 

Corn Belt Mapa - 24/05/2017

Diante deste cenário, o Notícias Agrícolas trouxe quatro diferentes opiniões sobre este início de safra nos Estados Unidos. Os pontos comuns entre elas são a atenção e o impacto trazidos pelo trigo, a volatilidade que poderá se intensificar e as previsões ainda divergindo para as próximas semanas. 

Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting

Para o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, o índice de 66% de lavouras em boas ou excelentes condições indica um início de uma safra regular para a soja. "Esse é um número que fica dentro do normal, não é negativo e nem muito positivo, por enquanto", diz. 

No entanto, lembra ainda que não é possível se comparar esta safra com a anterior, uma vez que a temporada 2016/17 se aproximou bastante da perfeição. "A safra passada foi a melhor dos últimos tempos", lembra o consultor. Essa deverá ser, portanto, uma safra de produtividade média. 

Seu impacto real sobre as cotações em Chicago, porém, só poderá ser avaliado mais adiante, uma vez que os meses-chave para a oleaginosa são julho e agosto nos EUA. 

EUA Safra 2017/18 - Shelby, Ohio

Milho em Shelby, Ohio

EUA Safra 2017/18 - Waterloo, Indiana

Milho após chuva de granizo em Waterloo, Indiana - Foto de Tom Miller, no Instagram

EUA Safra 2017/18 - Northfield, Minnesota

Soja em Northfield, Minnesota

EUA Safra 2017/18 - Northfield, Minnesota

Milho em Northfield, Minnesota

Camilo Motter, da Granoeste Corretora de Cereais

Entre as expectativas do mercado que acompanhava o economista e analista de mercado Camilo Motter, da Granoeste Corretora de Cereais, o índice dos 66% do USDA ficou cerca de 3 pontos abaixo do esperado. "Tudo isto pode ser por causa do clima ruim da fase inicial", explica. 

Dessa forma, as expectativas são de uma melhora do clima mais adiante para a recuperação dessas condições. "Porém, o clima já começa a mostrar alguns sobressaltos" explica Motter, e as Dakotas do Sul e do Norte são dois estado bastante falados nesta temporada. 

"Uma nova onda de chuvas começando exatamente pelas Planícies deve avançar pelo Meio-Oeste e precisamos monitorar isto. Outra coisa importante é que, historicamente, entre a última quinzena de junho e a primeria de julho o mercado vê mudanças de rota, com o clima dos EUA como guia", complementa o analista.

Neste momento, para Motter, uma nova perspectiva especulativa se abre para o mercado internacional neste momento, porém, acredita que o momento atual seja de mais sensibilidade para o milho, em função de expressiva redução de área nos EUA. 

"Mas, dependendo de eventuais problemas mais sérios, a soja também terá reflexos. Na questão do trigo, o impacto mais direto se dá - claro, primeiro sobre o próprio trigo - mais sobre o milho do que na soja. Cerca de 15% do trigo mundial vai para ração", explica o consultor. 

EUA Safra 2017/18 - Nickerson, Kansas

Plantio da soja em Nickerson, Kansas

EUA Safra 2017/18 - Nickerson, Kansas

Milho em Nickerson, Kansas

EUA Safra 2017/18 - Nickerson, Kansas

Trigo em Nickerson, Kansas

EUA Safra 2017/18 - Morse Bluff, Nebraska

Milho em Morse Bluff, Nebraska

Andrea Cordeiro, da Labhoro Corretora

Na análise de Andrea Cordeiro, analista de mercado da Labhoro Corretora, os 66% reportados pelos USDA para as lavouras de soja indicam que o número veio do lado de baixo das expectativas e isso exige atenção. "Mas, temos uma temporada inteirinha pela frente pra observar a curva. Há estados, como as Dakotas, que são estados que regisrtraram menos chuvas hoje e que se comparados aos dados do ano passado mostram uma impressionante diferença de qualidade", diz. 

Especulando sobre isso, os fundos investidores seguem aproveitando o momento para fazer lucros. "Os fundos estão carregando posições muito vendidas e com qualquer noticia com viés positivo eles aproveitam a oportunidade de realizar lucro", explica a analista. 

"Precisa chover nessa região(das Dakotas). Se choverm a soja se recupera rapidamente, Com condições abaixo do que vimos no ano passado não é nada demais se você tiver uma regularidade de chuvas daqui para frente", acredita Andrea. 

EUA Safra 2017/18 - Morse Bluff, Nebraska

Soja em Morse Bluff, Nebraska

EUA Safra 2017/18 - Monroe

Monroe City, Missouri

EUA Safra 2017/18 - Maxwell, Iowa

Milho em Maxwell, Iowa

Irving, Illinois - EUA Safra 2017/18

Milho em Irving, Illinois

Daviess County

Soja em Daviess County, Indiana

Matheus Pereira, da AgResource Brasil

O chamado de atenção do analista de mercado Matheus Pereira, da AgResource Brasil (ARC Brasil) é de que este é o pior começo de safra de soja nos EUA desde 2013. "Isso já era esperado, com os atuais níveis de umidade no solo comparados com os níveis da grande seca de 2012", explica.

Apesar disso, Pereira lembra ainda que a genética das plantas estão bastante avançadas hoje em dia. Ainda assim, afirma que já foi colocado um teto nos índices de produtividade. "Entrentanto, ainda há chances de uma produção gigantesca. Um recorde, porém, seria bem improvavel", acredita o analista da ARC Brasil.

A AgResource Brasil já deu início do seu tour da safra 2017/18 e compartilha, nos vídeos abaixo, as primeiras informações sobre essa nova temporada. 

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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