China prepara contra-ataque a tarifas de Trump mirando alternativas futuras

Publicado em 27/06/2018 13:56

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Como mais uma forma de pressionar o presidente norte-americano Donald Trump em meio a essa guerra comercial, a China eliminou tarifas de importação de commodities-chave de cinco países que são alguns de seus principais fornecedores. A soja, claro, está entre os produtos e sua tarifação de produto vindo da Índia, da Coreia do Sul, Bangladesh, Laos e Sri Lank caiu de 3% para zero. Na contramão, os chineses devem taxar a oleaginosa americana em cerca de 25%. 

Mais ingredientes para a fabricação de alimentação animal também terão suas taxas zeradas ao partirem de países asiáticos vizinhos, segundo informações do Ministério das Finanças chinês. Hoje, o produto tem tarifa de 5% e a farinha peixe, que também será zerada, de 2%.  

"É claro que os agricultores poderiam substituir o farelo de soja por grãos na alimentação animal, mas isso não seria o ideal, devido ao menor teor de proteína da maioria dos grãos. Dessa forma, algumas importações dos EUA parecem inevitáveis, pelo menos por enquanto", explicou Caroline Bain, economista chefe das commodities da consultoria internacional Capital Economic. 

A redução das tarifas foi baseada no acordo entre seis países da Ásia-Pacífico e deverá entrar em vigor já no próximo mês. Embora essa medida chegue como mais uma cartada da eficiente equipe de Xi Jinping, o volume importado desses países - mesmo que cresça de forma significativa - não será suficiente para atender à demanda deixada pelo gap norte-americano. 

Segundo analistas do site internacional Nikkei Asian Review, o impacto real que essa alternativa terá sobre as importações da China, porém, ainda não está claro. Afinal, a Índia, que é a sexta no ranking de produção da oleaginosa, por exemplo, tem apenas um pequeno volume ainda disponível para ser exportado, uma vez que também é um grande consumidor. 

Apesar disso, a notícia chega também como mais uma forma de os chineses reforçarem que estão em busca de alternativas para garantir sua soja, não cedendo às pressões de Trump. Atualmente, a nação asiática tem a necessidade de importar 90% da soja que consome e, desse total, cerca de 20% a 30% eram oriundos dos campos americanos, antes do início da guerra comercial.

"A queda da taxação para a soja e para a ração de algumas nações asiáticas será quase que insignificante para o comércio da China, pelo menos no curto prazo. Em uma mão, isso mostra o quanto o jogo é frágil diante das poucas opções que os chineses têm ao não comprar a soja norte-americana. Mas, isso poderia aumentar a complacência entre os players desse mercado nos EUA, o que poderia fortalecer a China no longo prazo", diz a analista da Reuters Internacional, Karen Braun.   

Embora a situação neste primeiro momento possa ser complicada para a China, como explica o economista e analista de mercado Camilo Motter, da Granoeste Corretora de Cereais, em dois ou três anos poderia ser resolvida com algumas alternativas. 

"Há extensas regiões da África onde o plantio da soja é bem viável, tem o Leste Europeu ainda com áreas que podem ser compradas pelos chineses, diferente do Brasil, onde a legislação é bastante restritiva para estrangeiros comprarem terras, e há a Argentina também. E no Brasil, embora eles não possam comprar essas terras, eles podem comprar muito mais soja aqui, viabilizando um aumento da produção dos próprios brasileiros", diz em entrevista ao Notícias Agrícolas.

Ainda no curto prazo, Motter não acredita em um acordo entre as duas economias, já que os EUA vieram aumentando o montante que será tributado de produtos chineses que entrarão no país. "Isso é um sinal de que os chineses vão retaliar muito mais", explica o analista.  

Com informações da Nikkei Asian Review, CNBC, Reuters Internacional

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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2 comentários

  • Guilherme Freitas Lavras - MG

    Esse trecho to texto está mal formulado hahaha

    Segundo analistas do site internacional Nikkei Asian Review, o impacto real que essa alternativa terá sobre as importações da China, porém, ainda não está claro. Afinal, a Índia, que é a sexta no ranking de produção da oleaginosa, por exemplo, tem apenas um pequeno volume ainda disponível para ser exportador, uma vez que também é um grande consumidor.

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  • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

    Sou só eu ou mais alguém nota a diferença de tratamento com os chineses? Quando é noticia do Trump, é sempre negativa, e quando é para falar dos chineses parece o site do MAPA falando do Blairo Maggi, o eficiento. Amigão do Lula e da Dilma. Mas deixando essa esculhambação de lado e falando sério, por acaso ontem calculei quanta soja o Brasil ainda tem para exportar até a próxima safra, lá por janeiro, fevereiro de 2019 e esse número é de 31 mi de ton, sem descontar essa semana. Numeros consolidados. Pois bem, quem conferiu lá no mídia agrícola, sabe que o USDA projeta importações de 108 mi de ton de soja pela china. Para facilitar o cálculo de quem quiser fazer, o consumo é o da Abiove de 43,6 mi de ton. Então temos ainda 30 mi de ton até janeiro e uma média de embarque diário em torno de 500 mil ton. Não vou aqui fazer estimativas, nem projeções, nem estimativas... Mas... a projeção da próxima colheita brasileira é em torno de 109 mi de ton com um consumo de 45 mi de ton. Sobram portanto 64 mi de ton para exportação. Se o Brasil exportar tudo para a china, vão ter que pegar 44 mi de ton em outros lugares. Teoricamente é possível isolar os produtores americanos? Teoricamente é. Mas alguém já viu vendedor pagar tributo? Pelo pouco que sei, quem paga tributo é comprador, ou seja, será que os brilhantes chineses vão tributar a si mesmos? Buenas... de um governo comunista se pode esperar tudo.

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    • Elton Szweryda Santos Paulinia - SP

      Realmente Rodrigo, a mídia sempre tende contra o Trump e contra o "imperialismo americano". Isso é uma conduta de longa data, mas nas ferias todos querem ir ou vão pra Miami.

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    • Liones Severo Porto Alegre - RS

      Rodrigo, se me permite, se ainda vamos embarcar mais 31 MMT, então a exportação total de soja brasileira seria acima de 81 MMT. Os embarques de soja até junho ficarão ao redor de 10.2 MMT, perfazendo o total de 50.8 MMT, dos quais cerca de 40 MMT destinados à China. Se compormos a utilização com 43,6 MMT de processamento mais a exportação de 81 MMT e mais 4.0 MMT para sementes/outros. Neste caso, precisaria-se de uma oferta total de 128.6 MMT, o que aparentemente a safra de 2017/18 não produziu... Abraços.

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    • Liones Severo Porto Alegre - RS

      Como dito, o Imperialismo é a política de expansão e domínio territorial ou cultural e econômico de uma nação sobre outra, e ocorreu na época da Segunda Revolução Industrial. No entanto, no colonialismo, os países colonizados perdiam a sua soberania e o controle político e eram anexados ao país dominante. (fonte: google).

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    • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

      Liones, meus cálculos estão certos, de forma que você pode contestar os dados da Secex. São 35 mi e alguma coisa até maio, e até a quarta semana, esse mês tem 5, já foram embarcados 9 mi de toneladas, com uma média de 500 mil por dia, a não ser que caia muito, vai passar de 11,5 mi de ton. De qualquer forma vou fazer um print desse teu comentário e esperar o dado da Secex semana que vem. Então você poderá, com certeza, contestá-los.

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    • Liones Severo Porto Alegre - RS

      Não contestei mas acrescentei. Meu recado foi para os produtores ficarem melhor informados sobre o desempenho acelerado dos embarques de soja que estão 13% acima do ano passado quando a exportação total atingiu o recorde de 68,450MMT. Essa condição indica forte redução da disponibilidade de soja na entressafra, o que sugere preços sustentados pela oferta reduzida. A propósito, o prêmio de 180 cents/bu acima dos preços da CBOT já demonstra aperto na relação de oferta & demanda. Como disse Confúcio : Um Cavalheiro não ensina o que não experimentou.

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