Maior tensão entre China e EUA fortalece ainda mais prêmios para soja no Brasil

Publicado em 18/09/2018 17:18

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As novas ações dos Estados Unidos e da China em meio a uma guerra comercial que já se arrasta desde maio podem continuar favorecendo a formação dos preços da soja no Brasil. O governo americano impôs mais US$ 200 bilhões em tarifas sobre produtos da nação asiática e os chineses retaliaram com outros US$ 60 bilhões em produtos estadunidenses. 

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A demanda da China pela soja dos Estados Unidos, que já vinha enfraquecida, deverá ficar ainda mais restrita e os maiores compradores mundiais deverão manter seu foco na América do Sul. Os prêmios pagos pelo produto brasileiro deverão, portanto, manter sua consistência e até mesmo as posições mais distantes de entrega, também poderão, mesmo que não tranistem no mesmo intervalo dos prêmios atuais, ganhar um pouco mais de força. 

"A China declarou que fará um esforço de redução de importações em 10 milhões de toneladas de soja, sendo que esta atitude poderá representar queda nos preços internacionais. Porém, o maior desconto será sobre o grão dos EUA, uma vez que a América do Sul tem prêmios sobrecarregados. Ficará a disputa entre Argentina e Brasil, se a safra for normal em ambos", explica a analista de mercado Rita De Baco, da De Baco Corretora.

No cenário do mercado disponível, vale a mesma máxima e potencializada. Os níveis atuais de prêmios pagos sobre Chicago para a soja brasileira ainda oscilam acima dos 200 pontos e com espaço para testarem níveis acima disso. Hoje, o outubro/18 tem US$ 2,40 por bushel sobre a CBOT. 

Além do mais, os estoques do Brasil são bastante escassos e, para muitos especialistas, o país começará 2019 com suas reservas de soja praticamente zeradas. Segundo estimativa da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), os estoques finais brasileiros 2017/18 deverão ficar em 434 mil toneladas, menor do que a mínima de 448 mil toneladas da temporada 2011/12. 

"E a seca tirou a Argentina do páreo. Portanto, ao taxar a soja americana, os chineses estão se auto multilando", explica Rita. 

Já para os meses mais adiante, que se referem á nova safra brasileira, o suporte para os prêmios deverá chegar dessa maior necessidade chinesa e, ao mesmo tempo, do período de entressafra norte-americana. "O maio é entressafra para os americanos, então quem quiser embarcar soja de março em diante, o volume estará na América do Sul. Logo, os prêmios tendem a corrigir as diferenças de preços e as pressões logísticas", completa a analista da De Baco.

Rita, por outro lado, complementa dizendo que uma safra sem problemas na Argentina, dentro da normalidade, poderia limitar a escalada dos prêmios. Na outra ponta, porém, ela alerta para todo o mercado climático que há adiante e que poderia fazer os preços flutuarem inesperadamente. 

"Nosso volume não vai mudar e a China vai comprar mais soja aqui, pois até maio desse ano eles tinham comprado soja americana e agora eles já saem da safra dos EUA com menos soja", afirma a executiva. 

A De Baco Corretora fez uma comparação de preços da soja em alguns períodos, comparando, inclusive, a influência do dólar sobre a formação dos indicativos:

Enquanto em 2005 se vendia soja a R$ 29,22/sc (com o dólar a R$ 2,47) - ou U$ 11,79/sc, em maio de 2018, o preço era de R$ 75,39/sc (com dólar a R$ 3,6747) - ou US$ 20,51/sc. Já para  maio de 2019, a saca é cotada a R$ 85,00/sc (com dólar a R$ 4,2116) - ou US$ 20,18/sc. 

"Se considerarmos estes períodos sem a influência da guerra comercial EUA x China, os preços de setembro de 2018 estão na casa de R$ 89,00/sc (dólar a R$ 4,15) - ou US$ 21,45/sc. Tivemos um incremento de US$ 8,66/sc em 15 anos, que seriam US$ 0,58/sc por ano, e somente este ano tivemos o incremento de US$ 1,00/sc com o aumento dos prêmios. Então, arriscaríamos dizer que, mantidas estas evoluções, o mercado poderia ir a US$ 21,76/sc para o maio 2019 e bater os R$ 91,64/sc".

Tamanha volatilidade, portanto, irá exigir um planejamento muito mais rigoroso da comercialização por parte dos sojicultores, especialmente nesta próxima temporada. 

"O que sempre indicamos é de que, com bolsa e câmbio em alta, é ponto de venda. Estabeleça um calendário de vendas e respeite seu intervalo, ao menos para cobrir os custos já conhecidos. Traçar uma meta de valor no intervalo de U$ 21,00 e U$ 21,20/sc já é plenamente possível, então este seria o “piso", orienta Rita.

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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