Aprosoja Brasil estima que safra de soja do Brasil possa cair para 110 mi de t

Publicado em 04/01/2019 13:01

Soja 2018/19 sofrendo com a seca em Doutor Camargo/PR

Grãos mal formados por conta da seca em Doutor Camargo/PR - Foto de Ildefonso Ausec

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"A safra brasileira deverá ficar entre 110 e 115 milhões de toneladas", disse o presidente da Aprosoja Brasil, Bartolomeu Braz Pereira ao Notícias Agrícolas nesta sexta-feira (4). Segundo explicou, as áreas mais preocupantes são o Paraná, o Mato Grosso do Sul, além da situação que começa a se agravar no Centro-Oeste e no Matopiba, onde as chuvas se mostram limitadas, mal distribuídas e de baixo volume. 

Soja sofrendo com a seca no Paraná

Soja sofrendo com a seca no Paraná

Ainda de acordo com Braz, os produtores devem permanecer atentos, acompanhando suas realidades e já começando a buscar o seguro. "Para quem não tem o seguro, estamos negociando", diz. Afinal, explica que a quebra pode ser ainda mais severa caso as chuvas não cheguem de forma adequada às regiões mais necessitadas. 

"As preocupações quanto ao clima na América do Sul estão se intensificando neste início de 2019, com padrão extremamente seco apontado para maior parte da região Central e Norte do Brasil", traz a ARC Mercosul.

Segundo a consultoria, os principais modelos climáticos continuam mostrando um padrão de menos precipitações para boa parte do Brasil durante a primeira quinzena de janeiro, que pode ser a mais seca em 10 anos. O calor intenso também continua. E o quadro, portanto, intensifica a possibilidade de que as perdas na safra brasileira sejam ainda maiores. 

Mapa ARC

* Cada polegada (inch) de chuva corresponde a 25mm

"O padrão mais seco deve se manter nas próximas semanas, com chuvas entre 50 a 90% abaixo da média normal nos estados de Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo e também no Paraguai, enquanto chuvas em grandes volumes são esperadas no extremo sul do Brasil (Santa Catarina e Rio Grande do Sul) e para grande parte da Argentina", explicam os especialistas da ARC.

Nos próximos cinco dias, de acordo com informações do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), os maiores acumulados de chuva deverão ser registrados nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Nos próximos sete dias, boas precipitaçõe são esperadas também para o Brasil Central, com volumes mais expressivos para Mato Grosso e Goiás. 

Mapa de precipitação acumulada dos próximos 7 dias em todo o Brasil - Fonte: Inmet

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E as colheitas continuam acontecendo pelo Brasil, com relatos de produtividades menores do que o estimado inicialmente em diversos pontos do país. 

Na região de Jataí, Goiás, por exemplo, os primeiros números têm sido bem diferentes dada a irregularidade da safra e do desenvolvimento das lavouras. Segundo relatou um produtor local ao Notícias Agrícolas, as perdas variam de 10% a até 40%, dependendo dos tipos de solo, variedades cultivados, época de plantio e distribuição de chuvas. 

Colheita da soja 2018/19 em Jataí/GO

"Nesta fazenda, em especial, não houve falta de chuvas com o plantio no início de outubro,  variedade super precoce e solo bastante argiloso", diz. 

Já na região de Santa Helena, no Paraná, os trabalhos, como mostra a imagem a seguir, foram antecipados devido à seca. 

Início da colheita de soja da família Maldaner. Colheita antecipada devido à seca em Santa Helena (PR)

Em Nova Aurora, também no Paraná, o solo já mostra rachaduras por conta da falta de chuvas na região há muitos dias. 

Rachaduras em área de soja devido a falta de chuvas em Nova Aurora (PR). Envio de David Clemente

E os efeitos da estiagem  podem ser observados também no Oeste do estado, pela  foto de Régis Vogt enviada ao Notícias Agrícolas. 

Estiagem trazendo sérios prejuízos aos produtores no oeste do (PR). Envio do Eng. Agrônomo Régis Vogt

Em Doutor Camargo, a situação é semelhante, mas os problemas são os mais diversos, como explica o produtor rural Ildefonso Ausec. As lavouras plantadas mais tarde mostram as camadas mais baixas das plantas já amareladas, enquanto nas semeadas mais cedo as perdas foram mais intensas, com a morte de muitos pés, abortamento das flores e das vagens, grãos pequenos e mal formados. 

As imagens a seguir são do município e ilustram o cenário no local:

Soja 2018/19 sofrendo com a seca em Doutor Camargo/PR

Soja 2018/19 sofrendo com a seca em Doutor Camargo/PR

Soja 2018/19 sofrendo com a seca em Doutor Camargo/PR

Soja 2018/19 sofrendo com a seca em Doutor Camargo/PR

Safra de soja do Brasil encolhe com seca; setor vê "catástrofe" se chuva não voltar

LOGO REUTERS

Por Ana Mano e José Roberto Gomes

SÃO PAULO (Reuters) - A produção de soja do Brasil na safra 2018/19, em fase inicial de colheita, apresenta viés de baixa após o agravamento da seca em importantes regiões produtoras, com agentes do mercado cortando estimativas e não descartando um cenário "catastrófico" caso o clima não melhore.

Para a INTL FCStone, o país deve produzir 116,3 milhões de toneladas da oleaginosa neste ciclo, um corte de cerca de 4 milhões de toneladas, ou 3,3 por cento ante a previsão de dezembro, segundo relatório divulgado na véspera a clientes e repassado à Reuters nesta sexta-feira.

Já a Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) vê um volume ainda mais baixo, entre 110 milhões e 115 milhões de toneladas, após perdas consolidadas no Paraná e em Mato Grosso do Sul. Também houve estresse hídrico no Mato Grosso, Goiás e na fronteira agrícola do Matopiba, composta por Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, e nessas regiões as perdas ainda precisam ser calculadas.

"Há algumas regiões com mais de 30 dias sem chuvas e outras com nível muito baixo... Se o clima não melhorar nos próximos dias... isso pode ser catastrófico. Dependendo de como for, as perdas poderão ser bem maiores", disse à Reuters o presidente da Aprosoja Brasil, Bartolomeu Braz.

Antônio Galvan, presidente da Aprosoja em Mato Grosso, também concorda com "perdas significativas".

"O clima é sempre o que manda... É só dele que vai depender se a safra vai ser grande, pequena ou mais ou menos... A seca é complicada."

Seja como for, a tendência que se firma é de que o Brasil não superará nesta safra de soja o recorde de 2017/18, de 119,3 milhões de toneladas.

Nas últimas semanas, produtores e especialistas já vinham considerando prejuízos na temporada vigente em razão das condições climáticas adversas.

"Com o clima bastante seco e quente, que predominou principalmente no centro-sul do país nas primeiras semanas de dezembro, o potencial produtivo de parte das lavouras foi afetado", disse a INTL FCStone em seu relatório.

"Destaque para o Estado do Paraná e também para Mato Grosso do Sul, onde as plantas acabaram sendo afetadas em fases chave de desenvolvimento, como o enchimento de grão", acrescentou a consultoria, que vê o Paraná perdendo o posto de segundo maior produtor de soja para o Rio Grande do Sul nesta temporada por causa do tempo --Mato Grosso seguiria como líder nacional.

Em dezembro, a consultoria havia estimado a safra do Paraná em 19,5 milhões de toneladas. Agora a vê 16,95 milhões.

O estrago provocado pelo clima mais do que atenua o plantio histórico de 36 milhões de hectares, afirmou a INTL FCStone. Segundo a consultoria, a produtividade deve ser de 3,23 toneladas por hectare, ante 3,35 toneladas na previsão anterior e 3,39 toneladas em 2017/18.

Ainda conforme a INTL FCStone, as exportações de soja do Brasil em 2018/19 devem cair para 72 milhões de toneladas, de 75 milhões na estimativa anterior, e igual quantidade em 2017/18, em razão justamente da safra menor e de estoques de passagem enxutos.

MILHO

Para a safra de milho 2018/19, a INTL FCStone manteve suas estimativas praticamente estáveis.

Na primeira safra, colhida no verão, a expectativa é de uma produção de 27,1 milhões de toneladas, de 27,3 milhões em dezembro, em ajuste motivado por revisão de expectativas em Santa Catarina, Estado que foi afetado pela falta de chuvas em dezembro.

Em outros Estados, "o impacto sobre o milho não foi tão importante quanto o registrado para a soja, já que as duas culturas não necessariamente passam pelas fases mais importantes ao mesmo tempo", explicou a consultoria.

No caso da segunda safra, a "safrinha", que ainda será plantada e colhida em meados do ano, a INTL FCStone manteve suas projeções, com produção de 64,9 milhões de toneladas em uma área de quase 12 milhões de hectares.

As exportações do cereal em 2018/19 também foram mantidas pela consultoria em 32 milhões de toneladas.

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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2 comentários

  • Cesar Schmitt Maringá - PR

    É difícil e besteira acreditar nesses comentários de "consultorias" que dizem suas asneiras de dentro de um escritório com ar condicionado a toda. "o impacto sobre o milho não foi tão importante quanto o registrado para a soja, já que as duas culturas não necessariamente passam pelas fases mais importantes ao mesmo tempo", explicou a consultoria". Não explicou. Falou besteira. Venha para o campo, larga o escritório. Planta milho em setembro e soja em outubro. Se tiver um minimo de conhecimento de agricultura, me diga qual sofre mais. Feche seu computador e abra um livro de Fitotecnia. Feche a boca e abra os ouvidos. Isso faz um bem danado.

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    • Carlos William Nascimento Campo Mourão - PR

      A revolta com os ditos analistas e consultores só aumenta. Aconselho estes coisos a não vir a campo. Tem muita gente revoltada e podem levar uns pé de ouvido. Este ano ficou bem claro que analista só serve para anunciar super safra . Credibilidade zero. De agora em diante, toda vez que vierem a este site falar qualquer coisa, vamos chamar de mentiroso.

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    • Dalzir Vitoria Uberlândia - MG

      Caro Carlos...tem analista e consultor de tudo que e tipo ou jeito..uns com competência ...conhecem ...sabem...entendem ...mas erram também...e tem como em todo o setor os que não prestam..ah tem uns que adoram falar o que o produtor gosta de ouvir..sobre previsão de safras temos quer ser realistas pois são feitas em um momento e atualizadas a cada fato novo....a safra se desenhava record..com os problemas no parana e no MS..devem ser refeitas..e trata se de previsão..cabe sobre analistas consultores... Cabe ao produtor saber ler tudo e a todos e ai sim montar sua estrategia de vendas ou compras..por isto o discernimento dos fatos tem que ser com a razão e não com emoção..

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    • Dalzir Vitoria Uberlândia - MG

      Caro Cesar Schmit..quando os analistas falam do impacto menor no milho..lembro a voce que temos milho em duas safras..a primeira que e menor por isto que o impacto é menor.. Claro que o milho resiste menos à seca..como você bem coloca..

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  • DALMO HENRIQUE FRANCO SILVA Dourados - MS

    As previsões de perdas infelizmente só contam o peso final mas, e a qualidade dos grãos totalmente sem padrão? É essencial para os produtores que as entidades representativas se posicionem no sentido de fazer essa observação e colocar a falta de qualidade como perda também. Digo isso porque em uma propriedade em que não se colherá bons grãos, nem para compensar terá. Aí a perda se torna gigantesca. E pra piorar quem ganha mais uma vez são as cerealistas porque fazem a famosa liga e o produtor fica com o ônus.

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